
Três irmãs, um sonho e muito Rock: esse é o The Warning, grupo formado em 2013 pelas então adolescentes Daniela Vélez (vocal, guitarra), Paulina Vélez (bateria, vocal) e Alejandra Vélez (baixo, backing vocal).
Influenciadas fortemente por suas bandas favoritas, as irmãs Vélez apostaram alto na música ainda muito cedo. Foi jogando Rock Band que o interesse pelo estilo veio, e fez com que as meninas se esforçassem em seus instrumentos para seguir um sonho. Ainda crianças, elas gravaram diversas covers de grupos de Rock para o YouTube — incluindo o clássico “Enter Sandman”, do Metallica, com mais de 25 milhões de visualizações e que rendeu um elogio de Kirk Hammett.
E falando em elogios, nestes 10 anos de banda o The Warning foi aclamado por diversos outros gigantes do rock. Na bagagem, além de suas turnês solo e lotadas de fãs, o grupo também já abriu para nomes como Def Leppard, Guns N’ Roses, Foo Fighters, Royal Blood e Halestorm.
Agora, o The Warning finalmente fará sua estreia no Brasil. A banda vem como parte do evento que ficou conhecido como Punk Is Coming, série de shows liderada pelo The Offspring que passa por diversas cidades brasileiras agora em março. Vale apontar que o grupo toca apenas nas datas de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre — você pode conferir a programação completa aqui.
Para celebrar esse momento, batemos um papo muito legal com Ale, Dany e Pau, que estão pra lá de animadas com essa vinda ao país. Confira a entrevista com o The Warning logo abaixo!
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TMDQA! Entrevista The Warning
TMDQA!: Oi, meninas! Minha primeira pergunta não poderia ser outra: como está o hype para essa primeira vez tocando no Brasil? Tenho certeza que estão animadas, mas quero saber o que vocês ouviram sobre a gente antes de vir pra cá.
Daniela: Ah, é claro! Estamos extremamente animadas e ouvimos muitas coisas sobre o Brasil.
Paulina: Quero dizer, somos uma banda há 10 anos, e nesses 10 anos as pessoas sempre nos dizem que os melhores shows que você fará na sua vida serão no Brasil. Então, ter essa oportunidade de tocar aí é algo que a gente realmente quis durante toda nossa carreira. E tá finalmente acontecendo, então estamos muito animadas, vai ser muito divertido.
TMDQA!: E eu tenho certeza que vocês já leram muitos comentários dizendo “please come to Brazil” também…
Daniela: (risos) Sim, e vamos fazer três shows de uma vez, vai ser incrível.
TMDQA!: Com certeza! Como vocês disseram, são 10 anos de banda, mas vocês ainda são muito jovens. Quero saber como foi crescer sob o olhar público, porque vocês eram crianças quando começaram. Como foi crescer nesse ambiente tão vasto que é a música?
Daniela: A gente definitivamente precisou se acostumar com muitas coisas. Quero dizer, foi intenso.
Paulina: E nossos pais sempre estiveram ali com a gente. Então acho que sempre me senti muito segura com tudo, sim. A única coisa que é muito estranha quando olho para trás é que todo e qualquer momento da minha infância e adolescência está na internet. Tipo, tudo mesmo! Cada pensamento que eu tive, cada foto, ensaio, shows. E o crescimento que você tem durante esses anos é tão grande…
Daniela: Passar pela puberdade é por si só terrível…
Paulina: E aí sempre que eu vejo fotos minhas, fico pensando: ‘o que estava acontecendo com o meu cabelo?’ (risos). Mas também é algo muito especial de se ter.
Daniela: E, sabe, o que sempre foi muito legal é que fizemos tudo juntas. Nenhuma de nós ficou sozinha ou isolada, sempre tivemos umas às outras.
Paulina: Ficamos isoladas juntas!
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TMDQA!: Vocês falaram sobre esse conforto de ter a família por perto sempre. Ouvi dizer que seus pais são até parte da equipe da banda. Pensando nisso, qual elemento desse “negócio de família” acaba vazando para o seu som, a sua música? Se é que há um, como vocês o descreveriam?
Paulina: Olha, no som, acho que a maior diferença é que nós três fazemos tudo juntas. Tocamos juntas, escrevemos juntas. Tipo, se eu compor uma canção, não vai soar como o The Warning até que nós três estejamos juntas e trabalhando em cima dela. Esse é o nosso projeto, então damos muita importância a isso.
Daniela: E também focamos em autenticidade. O som que fazemos sai do nosso coração, 100%.
Paulina: E assim, nossos pais nunca se envolveram musicamente, eles não são músicos. Mas acho que a influência deles no nosso som é a forma como eles nos deixam seguras para sermos nós mesmas. Temos esse apoio, que é difícil de encontrar nessa indústria. Mas ter os nossos maiores apoiadores do nosso lado, incentivando nossa criatividade e personalidade, bem, isso nos deixou preparadas para sermos confiantes e para lutarmos pelas nossas ideias.
Processo criativo do The Warning
TMDQA!: Que incrível! E falando sobre esse processo criativo, como funciona pra vocês? Qual é a ordem de uma sessão de composição, qual é a dinâmica?
Daniela: Cada música tem um processo diferente, com certeza. Mas uma coisa que é muito consistente, eu acho, é que Paulina é uma pessoa muito criativa, e ela visualiza cada música antes mesmo de escrever. Tipo, ela conceitualiza cada uma em quadros no Pinterest, o que ela quer dizer e tudo mais. Tudo é bem pensado.
Paulina: Acho que o que a gente aprendeu nesses anos é que ter um “esqueleto” para esse processo, separar os tópicos que você quer abordar te ajuda a visualizar melhor para onde você quer ir, com referências e tal. Eu geralmente sou muito bem preparada com isso, especialmente agora que a gente está na estrada o tempo todo. Não temos o luxo de ter tempo de sentar e ter quatro meses pra fazer um álbum. E aí, ter esses pensamentos organizados é a forma como conseguimos trabalhar juntas e fazer essas músicas acontecerem.
TMDQA!: Que demais. Ainda nesse assunto, vocês lançaram o ótimo Keep Me Fed ano passado, e quero saber um pouco mais sobre ele. Eu li que o nome do disco veio porque o processo de fazê-lo foi algo que “alimentou” vocês, tanto criativamente quanto pessoalmente. Mas o que quero saber mesmo é qual música nesse disco foi a que mais se alimentou de vocês? A mais difícil de fazer ou de tocar.
Paulina: Nossa, são tantas…
Daniela: E acho que ninguém nunca nos perguntou isso dessa forma!
Paulina: Mas você está tão certa quanto a isso, porque foram várias. “Hell You Call a Dream”, nossa… foi um inferno!
Alejandra: Eu me lembro dessa, mas eu diria que foi “Sharks”.
Paulina: Nossa, “Sharks”, quer saber? Tá certo também. Foi tão intenso, mas essa a gente já tinha escrito a bastante tempo, tínhamos um bom material pra trabalhar em cima. Mas agora, “Hell You Call a Dream”…
Daniela: Não tínhamos ideias!
TMDQA!: Eu amo “Sharks”, inclusive. É uma música ótima!
Todas: Obrigada!
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TMDQA!: Vocês têm tocado com bandas enormes, como por exemplo o Foo Fighters. Qual foi o melhor conselho que vocês receberem de algum deles? Ou um ensinamento, quem sabe.
Daniela: Cada experiência que tivemos foi uma honra, 100%. E não fomos só nós que aprendemos muito, a nossa equipe também aprendeu. Honestamente, acho que só de assistir aos shows deles te ensina o quão importante é que cada banda tenha seu estilo único e ofereça coisas únicas, e ninguém mais consegue fazer igual. Isso nos faz sentir muito bem quando estamos no palco.
Alejandra: E a gente realmente abraça isso.
Daniela: Sim, fazemos o que fazemos e amamos o que fazemos, e ninguém mais…
Paulina: … ninguém curte isso mais do que a gente, porque somos nós. Então é ótimo estar no meio dessas bandas incríveis e diferentes. Amamos ter essa mentalidade também.
Fãs, discos e cultura brasileira
TMDQA!: Não tenho certeza se vocês sabem o significado do nome do nosso site, que é Tenho Mais Discos Que Amigos. Tenho certeza que seus discos são os melhores amigos de muita gente. Então queria perguntar pra vocês, como vocês recebem esse tipo de amor dos fãs e como é sua relação com eles?
Daniela: Tem muito amor envolvido.
Paulina: E a melhor forma de sentir esse amor é nos shows. Às vezes você esquece essa conexão, porque uma coisa é ler comentários online e ter pessoas te pedindo fotos ou sei lá. Mas, nos shows, quando você está tocando e presta atenção na cara das pessoas enquanto elas cantam, você realmente vê e sente que aquela música significa muito para eles, às vezes até mais do que para a gente. Dá pra ver que essas canções os acompanharam em muitas coisas. Eu posso não saber o que é, mas eu sinto que estamos oferecendo um espaço para todo mundo sentir, e é um privilégio poder fazer isso com a sua música e sua arte. Estamos muito conscientes disso e nos sentimos muito responsáveis por isso nos nossos shows. Por fazer com que eles ouçam aquelas canções ao vivo e deixá-los ter aquele momento ali.
TMDQA!: Que lindo, mas qual é o disco que vocês consideram ser seu melhor amigo?
Daniela: Nossa, melhor amigo? São tantos, que loucura!
TMDQA!: Pode ser agora ou no geral.
Alejandra: O meu é Submarine, do The Marias. É o disco que eu não paro de ouvir.
Daniela: Olha, vai ser engraçado, mas meu melhor amigo agora é o disco da trilha sonora de Wicked.
TMDQA!: (risos) Eu também amo!
Paulina: Vou dizer algo que vai soar muito irritante, mas é o que tenho ouvido! É esse disco chamado Wave, de Antônio Carlos Jobim. Eu o amo e o escuto o tempo todo depois dos shows, é o que me acalma. Sei que vai parecer que estou tentando me fazer de entendida da cultura… mas eu realmente amo!
TMDQA!: Ah, mas os brasileiros vão amar ouvir isso (risos). Bom, nosso tempo está acabando, então minha última pergunta é sobre ser uma banda só de mulheres no Rock. Eu acredito que ainda seja difícil de navegar na indústria, mesmo com tantas mudanças. Qual seria o conselho de vocês para jovens garotas que estão querendo apostar na música?
Paulina: Acho que o que nos ajudou a continuar é ter encontrado pessoas que realmente nos apoiam. Nessa indústria, é muito fácil ouvir que outras mulheres são competição ou inimigas, que não podemos ser amigas e que sempre temos que tomar cuidado. Mas, na verdade, eu sinto que há uma grande irmandade, porque estamos passando pelas mesmas coisas nessa indústria. Então abrir esse espaço e essa conversa realmente faz a diferença. E, honestamente, o que ajuda a te manter motivado é ajudar outras bandas e agradecer as que te ajudaram. Acreditar nas suas colegas de banda e se rodear de pessoas que realmente acreditam no seu projeto também ajuda.
Daniela: Tenha confiança naquilo que você quer dizer, na paixão que você tem a mostrar, e saiba que existe um espaço pra você. Com certeza.
Paulina: E se não tiver, você cria um!
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