Jota.pê é um daqueles artistas impossíveis de se comparar com outros nomes.
Dono de uma belíssima voz, uma lírica encantadora e a clara vontade de levar música a todos os lugares que passa, o músico teve um ano repleto de grandes e merecidas conquistas que o colocaram em outro patamar na carreira.
Não à toa, foi ele quem escolhemos como Artista do Ano em 2024 aqui no Tenho Mais Discos Que Amigos!
Fenômeno da internet sim, mas do mundo real também
Jota.pê soube criar e cultivar um público pra lá de fiel em seus perfis oficiais nas redes sociais, algo desejado por todo artista, da música ao cinema, hoje em dia.
Com uma base robusta de gente encantada com seu talento, ele soube fazer lives, trocar ideias, compartilhar sentimentos e mostrar sua rotina pessoal e de sua carreira, mas o realizou com uma abordagem que faz toda diferença.
Isso porque, ao mesmo tempo em que crescia nas redes, ele fazia questão de mostrar que também é ótimo nos “formatos da vida real”, como shows e parcerias com outros nomes. Como resultado, temos um artista que não apenas cultiva números como também realiza conexões reais com as pessoas.
Em 2024, quando o disco Se o Meu Peito Fosse o Mundo ganhou vida, tudo isso se somou a um time incrível de produtores e engenheiros, formado por Thiago Baggio, Will Bone, Leonardo Emocija, Rodrigo Lemos, Felipe Vassão, Marcus Preto, João Milliet e Felipe Tichauer.
Desse encontro, surgiu um dos discos mais belos do ano e os merecidos holofotes para um monte de gente que ama o que faz.
Dos fãs ao Grammy Latino
Em um dos momentos mais simbólicos do ano, Jota.pê celebrou a vitória de nada mais, nada menos do que três prêmios no Grammy Latino, e olha que ele estava concorrendo com gigantes, tá?
Só na categoria de Melhor Álbum de MPB/Música Afro Portuguesa Brasileira, ele levou a estatueta pra casa após vencer Djavan, Marisa Monte, Milton Nascimento, Chitãozinho & Xororó e Elza Soares.
Com exclusividade ao TMDQA!, ele falou o que mudou em sua carreira após o Grammy:
“É louco, né? Eu me sinto um pouco mais tranquilo pra seguir fazendo música, sabe?
Pra mim foi muito um carimbo de, ‘calma, tá tudo bem! Segue trabalhando que tá tudo certo!’. Então real me deu uma tranquilidade.
Tem muita gente que tem me perguntado sobre o peso [de ter ganhado o Grammy] e, cara, de verdade, zero peso, acho que é mais tranquilidade de seguir fazendo o que eu tô fazendo com propósito.
Obviamente me deu mais acessos, né? A gente tá fechando shows mais fácil (risos)! Tem um monte de festival me convidando pra tocar. As portas realmente se abrem. Ganhar um Grammy já é incrível, mas ganhar três… agora eu tô entendendo que, de fato, foi algo muito diferente. Não é muito comum mesmo e eu fiquei muito feliz.
E eu falei que não tem peso, mas sei que tem responsabilidade. Sei que agora qualquer coisa que eu lançar vai estar todo mundo olhando de perto.”
“Eu pensei em desistir muitas vezes. Infelizmente a gente faz correlações um pouco complexas por causa de como o mundo é hoje em dia.
A gente acha que, sei lá, postou um vídeo e ele não tem X curtidas, o vídeo não é bom e talvez você também não seja.”
Redes sociais e perseverança na carreira
Para a nossa alegria, Jota.pê não apenas decidiu escrever sobre questões importantes na sociedade, como seguir na carreira como um todo, já que houve momentos em que ele pensou em desistir.
Tudo isso, antes de finalmente se entender com as famigeradas redes sociais e os efeitos que elas têm nas pessoas hoje em dia:
“Eu pensei em desistir muitas vezes. Infelizmente a gente faz correlações um pouco complexas por causa de como o mundo é hoje em dia.
A gente acha que, sei lá, postou um vídeo e ele não tem X curtidas, o vídeo não é bom e talvez você também não seja. Se não tem tantos comentários, você pensa que o vídeo não é bom. E talvez você também não seja. Se você não tem tantos plays na música, talvez a música não seja tão boa assim.
Com o tempo, a gente vai percebendo que isso não é uma relação direta, mas até a gente entender isso, a gente relaciona uma coisa com a outra e quer desistir.
E aí, nessas relações que vão acontecendo… eu vou fazer 10 anos de carreira agora em 2025, e só começou a ficar divertido esse lugar de curtidas, interação e cachê faz uns três anos. São quase 7 anos com as coisas não dando muito certo.
E por muitas vezes eu achei que não fosse bom o suficiente. Mas, por sorte, eu tive muitos amigos que me incentivaram. Que bom que eu consegui permanecer até aqui, porque estou vivendo o momento mais legal da minha vida.”
Luta contra o Racismo
Também no Grammy, Jota.pê protagonizou um momento emocionante quando recebeu o prêmio pela composição de “Ouro Marrom”, afirmando que a canção surgiu após um episódio de racismo.
Nós perguntamos ao nosso Artista do Ano sobre essa questão, e ele afirmou:
“Se eu não me engano, foi a Nina Simone que carimbou isso, que um artista precisa refletir o tempo em que vive, e eu concordo.
Acho que mesmo sem querer, os artistas já fazem isso, mas se possível, direcionar e puder dar luz a alguns pontos específicos da história, é importante que a gente faça isso.
A gente vive num mundo racista, num país racista. E se possível, já que é necessário falar sobre isso, que seja feito. Acho que a música acessa as pessoas com mais facilidade. Tem música tocando à sua volta o tempo inteiro, então é bacana quando você manda mensagens especiais. Seja sobre racismo ou qualquer outra coisa que a gente precise falar sobre mudanças na sociedade.”
Se o Meu Peito Fosse o Mundo
Em suas 10 faixas e 35 minutos de duração, Se o Meu Peito Fosse o Mundo mostra uma mistura de influências que celebra o passado e mira para o futuro.
Canções como “Feito a Maré” e a já citada “Ouro Marrom” transbordam sentimento e criam uma verdadeira ponte para o ouvinte entre referências de clássicos da música brasileira até nomes do presente e do futuro.
Não à toa, o disco tem uma parceria com a banda Gilsons, e a gente falou sobre a nova geração com Jota.pê:
“Já faz tempo que eu vejo uma renovação na música brasileira. Além do meu sonho de viver de música e pagar minhas contas com música, eu sempre sonhei em ter uma vida artística próxima dos meus ídolos nesse lugar.
Quando eu olho a história do Djavan, do Chico César, do Zeca Baleiro, do Lenine, do Caetano, eu vejo que esses artistas todos, em suas gerações, tinham uma galera, né? Essa galera se conhecia, cantava junto, escrevia junto. Isso tudo criou uma cena musical, né?
É muito especial me ver crescendo musicalmente, olhar para o lado e ver que isso também existe. Que a gente tem aí Luedji Luna, Liniker, Os Garotin, Melly, Zaynara, Yago Oprorio, Theodoro Nagô, Anna Tréa, Nina Oliveira, Yazi, Bruna Black, todo esse cenário musical acontecendo junto, crescendo junto, cada um procurando seu lugar e crescendo juntos, se conectando.
É realmente muito especial ver isso tudo acontecendo e ser parte disso.”
Melhores do Ano TMDQA! – Artista do Ano
Por fazer parte disso de forma tão incrível, Jota.pê entra em nossa lista com os Melhores do Ano Tenho Mais Discos Que Amigos! em 2024.