Provavelmente não existe nenhuma outra melodia no Pop Rock tão famosa quanto a de “Take On Me”, e a faixa do álbum de estreia do a-ha já estava fadada a “grudar” no cérebro de todo fã de música – e dos “não-fãs” também.
Mas talvez se não fosse o videoclipe que acompanhou a música – lançado há quase exatos 40 anos -, ela não tivesse se tornado o clássico supremo que é hoje, com inacreditáveis 2 bilhões de views no YouTube completados em setembro de 2024.
Neste artigo, vamos te explicar a técnica visual utilizada pela banda norueguesa lá em 1985, quando seus caminhos se cruzaram com os do diretor Steve Barron e do ilustrador Mike Patterson.
“Take On Me” foi rejeitada na Europa inicialmente
Como te contamos nesta matéria, a canção do disco Hunting High And Low (1985) não foi um sucesso imediato na Europa, e a banda formada três anos antes por Morten Harket, Paul Waaktaar-Savoy e Magne Furuholmen só se encontrou mesmo quando viajou para os Estados Unidos.
Pensando em rodar na MTV, que crescia no país naquela época, a Warner investiu pesado na gravação de um clipe para a música. Para isso, eles convocaram Steve Barron, produtor de vídeos icônicos como “Billie Jean” de Michael Jackson e “Africa”, do Toto.
Foi ele quem criou a história por trás do vídeo, inspirado por um quadrinho que leu na infância, e convidou um jovem artista de Los Angeles chamado Mike Patterson para dar vida àquela ideia.
Em 4 minutos, o videoclipe de “Take On Me” acompanha a história de um piloto de corrida que vive num mundo em preto e branco. Ele encontra a sua amada na vida real e a transporta para sua vida animada, onde tudo é mais leve e belo.
Continua após o vídeo
O que é a rotoscopia, técnica utilizada pelo a-ha?
Para o vídeo do a-ha, Patterson decidiu usar uma técnica de animação chamada rotoscopia, em que o artista passa para o papel – frame por frame – uma gravação da vida real (o famoso live action).
Com esse objetivo em mente, a banda e um casal de atores gravaram algumas cenas em um café de Londres, que foram enviadas para Mike. O artista precisou de quatro meses para desenhar cada detalhe daquelas gravações, período no qual ele e sua esposa, a também ilustradora Candace Reckinger, fizeram mais de 3 mil rascunhos.
Em entrevista à BBC em 2010, Patterson explicou por que a sua técnica de rotoscopia era diferente do que se fazia na época, e como o clipe de “Take On Me” acabou revolucionando a indústria da animação:
“A rotoscopia se baseia em gravações da vida real, mas o meu estilo de desenho era muito descontraído e ‘rascunhado’, e eu nunca tinha visto um clipe assim antes. Normalmente, a rotoscopia acaba sendo muito ‘seca’ e estática, e eu queria fazer algo com movimento, criando uma sensação de energia.
Eu sabia que o trabalho ficaria bom, mas não tinha ideia que seria reproduzido tão exaustivamente na MTV por um ano inteiro. O vídeo acabou sendo parcialmente responsável pela volta da experimentação nas animações.”
a-ha e “Take On Me” se tornaram clássicos imortais
Atualmente, Mike Patterson tem 53 anos e é professor de animação em uma faculdade na Califórnia. O diretor Steve Barron hoje tem 68 anos e é celebrado também por filmes como As Tartarugas Ninja (1990) e As Aventuras de Pinóquio (1996).
Já o a-ha continua na ativa com seus mais de 40 anos de carreira e 10 álbuns lançados, sendo uma das bandas da Noruega mais bem-sucedidas de todos os tempos e um verdadeiro pilar da New Wave e do Rock Alternativo.
Graças ao sucesso do clipe, “Take On Me” passou 27 semanas na Billboard Hot 100, a principal parada de sucessos dos EUA, e venceu seis prêmios VMA em 1986. Mesmo no Reino Unido, onde foi rejeitada inicialmente, a música já conquistou o certificado de Ouro.
Em 2019 o clipe foi atualizado no YouTube para uma versão em 4K, e no ano seguinte atingiu 1 bilhão de plays. Menos de quatro anos depois, em setembro de 2024, a música já alcançou 2 bilhões, e o céu parece ser o limite!
Confira abaixo um making-of de “Take On Me” publicado pelo a-ha em 2019, que conta essas e outras histórias desse verdadeiro clássico do Rock!
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