Ben Böhmer, um dos nomes mais promissores do deep house e progressive house, está de volta com seu terceiro álbum de estúdio, Bloom.
Com uma mistura única de música eletrônica melódica, ambient e pop alternativo, o produtor alemão continua a surpreender ao explorar novas direções em sua sonoridade. O álbum, que traz colaborações de artistas como Lykke Li, Oh Wonder, JONAH e Enfant Sauvage, reflete um momento de reinvenção pessoal e artística para Böhmer, marcando uma fase em que ele busca se reconectar com sua essência criativa.
Depois de anos intensos de turnês globais e o sucesso esmagador dos álbuns Breathing e Begin Again, que abordaram temas como luto e separação e o trouxeram ao palco do Rock in Rio, Ben sentiu a necessidade de desacelerar e retomar o controle sobre sua música.
Bloom é o resultado desse período de reflexão, apresentando faixas que não se limitam a grandes palcos, mas também abraçam momentos mais íntimos e experimentais. A inclusão da faixa “Evermore”, parceria com Enfant Sauvage, na trilha do jogo EA FC 25 reforça o alcance de sua música além das pistas de dança.
Com mais de três milhões de ouvintes mensais no Spotify e quase um bilhão de streams globais, Ben Böhmer continua a conquistar novos públicos. Seus sets ao vivo, incluindo um famoso DJ set na Capadócia que acumula 32 milhões de visualizações, consolidam sua posição como um dos artistas mais influentes da cena eletrônica atual.
O TMDQA! falou com o produtor no dia do lançamento do novo disco, que você já pode conferir nas principais plataformas.
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TMDQA! Entrevista: Ben Böhmer
TMDQA!: Oi Ben, como você está?
Ben Böhmer: Oi, estou muito bem.
TMDQA!: Que bom. É um prazer estar falando com você. Onde você está no mundo hoje?
Ben Böhmer: Estou em Londres. Tive uma pequena festa de lançamento ontem, e por isso ainda estou aqui.
TMDQA!: Legal! E feliz dia de lançamento para você.
Ben Böhmer: Muito obrigado.
TMDQA!: Parabéns pelo álbum. Quero começar falando sobre você ter dito que “Bloom” representa uma espécie de reinício pessoal, após o sucesso dos seus álbuns anteriores. De que forma esse álbum permitiu que você explorasse novas direções, lugares que você ainda não tinha explorado antes?
Ben Böhmer: Isso surgiu de uma pequena frustração após uma fase intensa de turnês com esses dois álbuns. Eu realmente exagerei com 200 shows por ano, e quando parei, voltei para o estúdio. Durante o tempo de turnê, eu realmente não escrevi nada, o que é muito incomum para mim. Depois tive alguns meses de folga para começar as primeiras ideias, mas nada realmente funcionava. Eu achava que precisava escrever músicas para os grandes palcos que eu estava tendo a oportunidade de tocar, o que significava músicas de dança mais pesadas, que geralmente funcionam muito bem em uma pista de dança.
Mas isso não era o que eu queria fazer, e tudo o que eu fazia, eu realmente não gostava. Então, eu precisei desse tipo de reinício para começar do zero, sem objetivos, e apenas fazer o que eu realmente queria, sem pensar em um grande palco ou fazer algo para agradar a alguém externo, além de mim mesmo. E é por isso que este álbum é muito diverso musicalmente. Algumas músicas funcionam em um grande palco, mas outras não, e acho que essa também é a beleza dele.
TMDQA!: Verdade. E acabamos com um álbum que tem uma qualidade melódica e sonhadora muito forte. Foi difícil equilibrar esses elementos com as influências de ambient e pop alternativo?
Ben Böhmer: Foi algo completamente natural. Sempre escrevi músicas fora do contexto de dança. Por exemplo, “Blossom”, a faixa de encerramento do álbum, é a música mais antiga. Acho que escrevi a primeira ideia em 2017. Sempre houve esse núcleo de música influenciada por ambient e indie que eu queria escrever, mas nunca parecia o momento certo para fazer isso até agora.
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TMDQA!: Entendi. E nos títulos a gente tem palavras como “Bloom” e “Blossom”, o que realmente me passa a sensação de chegar a um ponto onde você se sente mais confortável consigo mesmo, se colocando mais no mundo. E este ano também marca o ano em que você completou 30 anos. Nesse sentido, esse álbum se tornou um catalisador para seu crescimento e amadurecimento?
Ben Böhmer: Com certeza. Eu me senti muito confiante ao lançar essas músicas, e foi muito divertido explorar novas áreas. Claro, há algumas músicas mais típicas no álbum, mas também outras direções. Como eu disse, “Blossom” e “Faithless”. Eu simplesmente senti que era o momento de fazer isso. É como meu pequeno jardim com todas essas pequenas sementes e plantas. Este álbum é um belo jardim que tem plantas diferentes. Então, era apenas o momento de fazer algo muito diverso.
TMDQA!: Sim, e, do ponto de vista da produção, você está acostumado a trabalhar com diferentes artistas o tempo todo. Para este álbum, você tem uma ótima lista de colaboradores. O que você procura nesses colaboradores? O que eles trazem para a mesa?
Ben Böhmer: Em primeiro lugar, precisa haver uma sintonia musical. Eu preciso sentir que, se estivermos juntos no estúdio, estaremos em sintonia, mesmo que seja ótimo quando as habilidades são diferentes e nos completamos de alguma forma. Mas é muito importante ter essa conexão pessoal e musical. Quando estamos no estúdio, todos precisam sentir que estamos fazendo algo incrível. Caso contrário, o resultado não será o melhor.
TMDQA!: Sim, isso faz sentido. E ouvi dizer que “Evermore” será destaque no game EA FC 25, uma das maiores vitrines para descobrir novos artistas. Primeiramente, você era um grande jogador de FIFA quando criança? E em quais outros momentos na sua carreira houve essa virada de jogo para novas possibilidades?
Ben Böhmer: Primeiro, eu nunca joguei FIFA, mas todos os meus amigos jogavam. Eu tentei, mas era muito ruim. Então, simplesmente não aproveitei. Mas, quando “Evermore” foi lançado, todos me disseram: “Cara, você não acredita que sua música está na trilha sonora do FIFA!”. Eu não tinha ideia de como isso era grande, e que milhões de pessoas jogam esse jogo. As trilhas sonoras do FIFA são lendárias. Foi uma grande honra, mesmo que no começo eu não tenha percebido a dimensão disso.
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TMDQA!: Legal! E, falando em momentos transformadores, você tem um dos DJ sets mais assistidos no YouTube. O que você acha que faz o público se conectar às suas apresentações ao vivo?
Ben Böhmer: O que ouço muito é que minha música funciona tanto na pista de dança quanto em casa. As pessoas podem comemorar com ela, mas também podem tê-la em momentos pessoais, como cozinhando, trabalhando ou limpando a casa. Parece que a música se encaixa em muitos momentos da vida. E talvez seja por isso que ela é tão ouvida.
TMDQA!: Faz sentido. Eu estava olhando seu Instagram e a forma como as pessoas se conectam com sua música é diferente, elas desenvolvem uma conexão pessoal. Elas têm histórias pessoais com seus entes queridos relacionadas à sua música. Como essas histórias chegam até você? Elas já mostraram um lado de suas canções que você não tinha percebido antes?
Ben Böhmer: Com certeza. Eu leio os comentários, as mensagens, ou pelo menos tento ler todos. É incrivelmente gratificante e bonito ver o que essa música faz pelas pessoas, como as acompanha em fases difíceis ou momentos bons. Esse é o melhor retorno que um artista pode receber, quando a música tem um impacto pessoal assim. Eu também coloco muita experiência pessoal nas músicas, e ver que isso ajuda os outros a processar suas emoções é mágico.
TMDQA!: Sim, essa é a magia da música, imagino. Essa entrevista vai fazer parte da nossa série “Mestres da Produção”. Quero voltar a falar sobre experiências ao vivo, porque quero entender como elas moldam sua abordagem à produção de estúdio. Você pensa em como a música vai soar ao vivo enquanto a produz?
Ben Böhmer: As versões ao vivo das músicas geralmente são diferentes das versões de estúdio. No contexto ao vivo, menos é mais. Se houver muitos detalhes, camadas, texturas, reverbs, isso não é muito perceptível ao vivo. Então, eu simplifico as músicas e foco nos elementos principais. No estúdio, adoro camadas e texturas, mas ao vivo é diferente. Também sinto que, ao vivo, as mudanças precisam ser mais rápidas. No estúdio, adoro construções lentas, mas isso não pode acontecer o tempo todo ao vivo.
TMDQA!: Sim. Você mencionou que exagerou nas turnês, mas parece que ainda está sempre viajando pelo mundo. Como isso funciona com o seu processo criativo? Você precisa de um tempo de folga para compor?
Ben Böhmer: Aprendi que turnês intensas não ajudam em nada, nem criativamente, nem pessoalmente. Então, de agora em diante, vou levar tudo com muito mais calma. Tive períodos de até 12 meses sem turnê para focar no álbum. Acho que esse equilíbrio é essencial para mim.
TMDQA!: A vida é sobre equilíbrio, com certeza. E nós poderíamos te encaixar na caixa da música eletrônica, mas isso seria uma generalização simples. Então, o que você acha que torna uma música do Ben Böhmer única? Quais são os elementos-chave do seu som característico?
Ben Böhmer: Eu gosto de um som muito quente, quase “sujo”, um pouco “lo-fi”. Gosto quando não é tão limpo. E sempre busco essa sensação de felicidade melancólica. São sentimentos opostos, mas eu gosto de tocar essa linha tênue entre eles.
TMDQA!: Eles se complementam, certo?
Ben Böhmer: Sim.
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TMDQA!: Bom, eu sei que você tem um grande dia pela frente, mas quero encerrar com uma última pergunta. Você tem planos de voltar ao Brasil em breve?
Ben Böhmer: Estamos trabalhando nisso, com certeza. É um lugar incrível para tocar, então não vai demorar muito.
TMDQA!: Este ano ou ano que vem?
Ben Böhmer: Não este ano.
TMDQA!: Ok. Muito obrigada, Ben. Obrigada pelo seu tempo e pelo álbum. Espero que você se divirta com ele.
Ben Böhmer: Muito obrigado. Até logo.
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