Ex-líder do Skank reflete sobre o consumo musical

Samuel Rosa cita filha e explica por que consumo de música piorou com o tempo

"Você não vai aprender nada ouvindo uma música de um minuto junto com uma dancinha", descreve o ex-líder do Skank

Samuel Rosa aponta que a forma de consumir música passou por uma "involução"
Reprodução/YouTube

O sempre ótimo Samuel Rosa compartilhou recentemente algumas reflexões sobre o atual consumo de música e apontou algumas diferenças ao lembrar o que os ouvintes estavam acostumados a aprender com as músicas antigamente.

Ao participar do programa da CNN Na Palma da Mari, apresentado pela jornalista Mari Palma, o ex-líder do Skank, que já está na estrada há mais de 30 anos, comentou o que pensa sobre a maneira como as músicas vêm sendo executadas em um cenário em que prevalece o imediatismo imposto pelos streamings e redes sociais. Inicialmente, ele apontou:

“Eu vou me permitir ser o tiozão chato. Eu acho que foi uma involução na forma de consumir música, foi como se a gente voltasse a comer com as mãos, abandonasse os talheres, vamos comer com a mão de novo. Eu acho que a gente tem que caminhar pra frente, tem que melhorar tudo.”

Em seguida, ele lembrou de uma situação que passou com sua filha mais velha e destacou as mudanças do consumo:

“Voltando a essa questão dos filhos, eu me lembro do dia que eu estava mostrando alguma coisa para a Ninoca no carro e ela dava o skip. A música começava, skip. Eu falei ‘minha filha, mas você não ouve a música?’ [ela disse] ‘Pai, ninguém escuta música até o final’. Ela falou que aquilo é uma regra.

Porque é isso, é a urgência, esse mundo supersônico que a gente vive hoje. Muito estressado. Tudo muito. Muita informação. Claro que isso não redunda em qualidade. Nunca foi, nunca foi qualidade.

Mas eu ainda acredito. E é por isso que eu lancei agora um álbum, um álbum inteiro, com 10 músicas inéditas, gravado por uma banda, não foi por inteligência artificial, não foi por uma placa, um ‘Pro Tools’, enfim. Não fomos só o produtor e eu, mas uma banda com batera, teclados, metais.

Samuel Rosa reflete sobre atual consumo de música

Ainda falando sobre o assunto, Samuel Rosa compartilhou a maneira como ele prefere continuar apresentando seus trabalhos, agora na carreira solo. Além de enaltecer a importância da música, ele ainda fez uma comparação com a forma de consumo de antigamente:

“Eu acho que a música serve, presta ao entretenimento, mas a música está ali para constituir uma educação, uma visão de mundo. Ela é educativa, ela é pedagógica. E você não vai aprender nada ouvindo uma música de um artista de 1 minuto, junto com uma dancinha e tal.

A gente quando ouvia Beatles, ou o Rock brasileiro dos anos 80, é um contexto. Você ali ficava sabendo as agruras daquela juventude, o que se passava naquela juventude. O artista não se explica através de uma música só. Eu acho que quando você pega um ‘Tábua de Esmeralda’ [de Jorge Ben Jor], um ‘Transa’ do Caetano [Veloso], ou, sei lá, um disco dos Secos e Molhados ali do início da década de 70, aquilo te traz para uma cena, para um contexto, e você aprende sobre aquilo. O que que o cara falava? Como é que ele pensava aquela época? O que que era valor, o que que não era? Até na estética musical.

Então essa é a minha birra com a forma de consumo de música hoje. Esse negócio de single e abandonar o disco cheio, o LP. Não contextualiza.”

Concorda por aí?

Carreira solo de Samuel Rosa

Depois de ter finalizado a turnê de despedida do Skank em março de 2023, o músico mineiro lançou em junho deste ano seu primeiro disco solo, Rosa. Você pode ouvi-lo logo abaixo, depois da entrevista com Mari Palma.

Em uma entrevista coletiva, que contou com a participação do TMDQA!, o cantor comentou sobre o processo de composição, a escolha dos músicos e banda que vão acompanhá-lo na turnê, a necessidade de iniciar um novo ciclo fora do Skank e muito mais. Confira aqui.

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