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10 músicas essenciais do Slipknot para entender a carreira da banda

Desde entrada de Eloy Casagrande na bateria, o Slipknot tem sido um dos assuntos mais comentados na internet, especialmente entre os fãs brasileiros. A notícia, aliás, só aumentou as expectativas para os dois shows do grupo por aqui na edição 2024 do Knotfest Brasil, marcado para os dias 19 e 20 de Outubro.

Mesmo antes de seu novo baterista, entretanto, o Slipknot sempre foi um grande queridinho do público brasileiro. Não é à toa que a banda, apesar de tão pesada, esteve até mesmo no line-up do Rock in Rio – e já fez diversos grandes shows pelo país ao longo de sua carreira, que passa por um momento especial.

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Isto porque a “nova era” vem celebrando também os 25 anos de Slipknot, álbum de estreia lançado em 1999 e que ajudou a definir uma geração de fãs de Rock e Metal. De lá pra cá, são vários lançamentos, mudanças de formação, tragédias, polêmicas e, claro, muita música boa.

É exatamente nestas que vamos focar neste especial, em que você poderá mergulhar na história do Slipknot com 10 canções essenciais para entender essa trajetória tão única!

Especial sobre Iowa, segundo disco do Slipknot

Vale lembrar que, recentemente, também publicamos por aqui um especial sobre Iowa, disco que ajudou a banda liderada por Corey Taylor a definir sua sonoridade de uma vez por todas e moldou a sonoridade do Metal por um bom tempo.

Você pode ler este especial clicando aqui.

10 músicas essenciais na carreira do Slipknot

1. “(sic)” (Slipknot, 1999)

A lista não poderia começar de outro lugar: logo depois da introdução de seu primeiro álbum, o grupo entrega uma de suas melhores e mais pesadas faixas em “(sic)”. A música, aliás, é tão importante para a história da banda que se chama “Slipknot” antes de esse se tornar o nome do grupo – que, na época, se chama The Pale Ones.

Quem contou essa história foi o saudoso baterista Joey Jordison, revelando ainda que ela foi escrita “no primeiro ensaio, no dia 15 de Setembro de 1995, e soava completamente diferente [já que] o Corey ainda não era parte até então”.

O percussionista Shawn Crahan, aliás, complementou afirmando que ela foi escrita ao lado de Paul Gray “muitos anos antes de começar a banda”. No entanto, “(sic)” só ganhou sua forma tão icônica “depois que todos se juntaram à banda” e a música foi levada ao produtor Ross Robinson, outra figura fundamental na história do grupo que adotou uma estratégia no mínimo fora do convencional nesta gravação:

Todos estávamos na mesma sala quando gravamos isso. Foi hilário. Todo mundo estava com os fones de ouvido amarrados na cabeça para que pudéssemos bater [nas coisas] e ficar malucos enquanto tocávamos. O Ross estava jogando plantas dentro de vasos no Joey. Foi a coisa mais insana que já vi.

2. “Wait and Bleed” (Slipknot, 1999)

Apesar de todo o peso de “(sic)” colocar a faixa entre as preferidas dos fãs até hoje, o single responsável por impulsionar o Slipknot à fama no primeiro momento foi mesmo “Wait and Bleed”, que acertou em cheio ao apostar em uma introdução com vocais melódicos que eventualmente dá lugar aos gritos de Corey Taylor.

O contraste entre as duas formas de cantar, somados à percussividade ainda pouco explorada naquela época, especialmente no mercado dos EUA, logo fez o grupo despontar com uma nova sensação – e ajudou o disco de estreia a ganhar status de clássico, algo que também contou com a ajuda de outros sucessos como “Surfacing” e “Spit It Out”.

3. “People = Shit” (Iowa, 2001)

Here we go again, motherfucker! Ao invés de surfar na onda de seu sucesso com o álbum de estreia, o Slipknot resolveu ousar ainda mais em Iowa. O disco elevou o nível de peso para algo que talvez muitos nem imaginassem, algo que ficou perceptível logo na abertura com “People = Shit”.

Esse peso, aliás, foi o resultado de um caos interno e uma “escuridão” que se instalou no início das gravações, como contou Corey Taylor há algum tempo:

Não havia nada divertido sobre o ‘Iowa’. De repente éramos estrelas do Metal, algo que não estávamos realmente esperando. Nos perdemos no estilo de vida e os problemas que vêm com a fama, e uma escuridão se instalou no início das gravações. […] Mas, sabe, às vezes é preciso se destruir para poder construir algo grande. É daí que vêm as melhores coisas.

Além dessa, Iowa também entregou faixas emblemáticas como “Disasterpiece” e “The Heretic Anthem”, até hoje usada como uma espécie de hino pelos fãs do grupo. Mas é difícil discordar que o grande impacto aqui foi realmente com essa pedrada!

4. “Before I Forget” (Vol. 3: The Subliminal Verses, 2004)

Em seu terceiro disco, o Slipknot finalmente pareceu mais disposto a encarar a fama que chegou repentinamente. A mudança de estética é notável, e “Before I Forget” foi um exemplo fantástico de tudo isso – a começar pelo clipe, em que os integrantes aparecem pela primeira vez usando roupas normais e sem as tradicionais máscaras, ainda que seus rostos não fiquem visíveis.

Mais do que isso, “Before I Forget” representou pela primeira vez uma movimentação da banda em direção a uma sonoridade um pouco menos agressiva. Aqui, o grupo pareceu encontrar um equilíbrio entre a manutenção de sua identidade e a possibilidade de conversar com um público ainda maior, talvez por finalmente estar preparado para isso.

O resultado, claro, é um dos maiores hits da carreira.

5. “Vermilion Pt. 2” (Vol. 3: The Subliminal Verses, 2004)

Apesar de tudo que foi falado acima sobre “Before I Forget”, a movimentação mais assustadora mesmo de Vol. 3: The Subliminal Verses foi o lançamento de “Vermilion Pt. 2”. A música chegou em formato acústico, apostando em uma estética quase-Emo que casava muito bem com o que fazia sucesso na MTV na época.

O trunfo do Slipknot aqui era sua sinceridade. “Vermilion Pt. 2” não soa em nenhum momento como uma tentativa de fabricar um hit; na verdade, apesar de acústica, a faixa é tão experimental quanto qualquer outra coisa que a banda havia feito até então – se não mais, já que aposta em algumas dissonâncias e em criar uma atmosfera desconfortável ao ouvinte.

A importância de “Vermilion Pt. 2” também é inquestionável, já que abriu espaço para outros grandes momentos da discografia do grupo, como “Snuff”, e ajudou seu público a entender que nem só de Metal vive o metaleiro!

6. “Psychosocial” (All Hope Is Gone, 2008)

Depois de praticamente uma década ativo na cena mundial, o Slipknot parecia encontrar alguns empecilhos: como continuar sendo aclamado sem fazer a mesma coisa diversas vezes? Todos os álbuns até então tinham trazido inovações, mas o caminho a explorar parecia estar cada vez menor.

Como era de se esperar, a banda resolveu esse problema da melhor forma possível. É difícil dizer que All Hope Is Gone foi um disco de grandes experimentos, mas “Psychosocial” é o exemplo perfeito de como eles foram capazes de pegar a fórmula de anos anteriores e ressignificá-la para um novo contexto, repetindo o sucesso enquanto ousavam ainda mais.

Quase que desafiando o público, o grupo trouxe aqui uma versão ainda mais pesada do que buscou em “Before I Forget”, apostando no groove e no refrão bastante melódico para “embalar” uma música bastante pesada e com direito a um solo de guitarra épico, que certamente impressionou muitos jovens metaleiros quando o ouviram pela primeira vez.

 

7. “The Negative One” (.5: The Gray Chapter, 2014)

Como falamos no início deste especial, a carreira do Slipknot foi marcada, além de todas as coisas boas, por muitas polêmicas e tragédias. Depois de anos parecendo estar “por um fio”, a banda viu sua primeira grande perda com o falecimento precoce de Paul Gray, em 2010. Já em 2013, Joey Jordison foi demitido e o futuro era no mínimo incerto.

A incerteza durou pouco: em 2014, o Slipknot superou tudo isso para lançar .5: The Gray Chapter, renovando sua formação com as entradas de Alessandro VenturellaJay Weinberg. Os dois pareceram ajudar o grupo a sair de um possível marasmo que já durava anos, e que havia logicamente sido impulsionado pela perda de Paul, e o lançamento de “The Negative One” foi um marco para qualquer fã da banda.

A ansiedade para conferir a nova fase logo abriu caminho para o êxtase de ver o grupo mais afiado do que nunca; depois de ficar um pouco sumido, Sid Wilson estava de volta com força total e protagonismo em uma das músicas mais pesadas da história da banda, que chega a flertar com gêneros como Death e Black Metal na faixa que redefiniu o que poderíamos esperar de sua agressividade, soando quase como uma evolução de Iowa.

8. “Custer” (.5: The Gray Chapter, 2014)

Apesar de tudo que falamos acima, “The Negative One” não despontou como grande hit e o novo disco da banda, .5: The Gray Chapter, só ganhou mais força quando o segundo single (“The Devil in I”) chegou ao público – até hoje, aliás, a canção é uma das mais populares da banda e tem números impressionantes.

Mas quem diria que, praticamente 10 anos após o lançamento do disco, uma improvável canção tomaria esse protagonismo? Estamos falando do tu-tu-tátu-tu-tá, tu-tu-tá-tá-tá de “Custer”, que inesperadamente viralizou no TikTok e se tornou até parte de uma trend, como te contamos por aqui.

9. “Unsainted” (We Are Not Your Kind, 2019)

Cinco anos após .5: The Gray Chapter, o Slipknot voltou a ser alvo dos mesmos questionamentos: o que será que vem por aí? Será que a banda ainda tem material de qualidade para entregar? Como serão as inovações do próximo álbum?

We Are Not Your Kind não agradou todo mundo, é verdade, mas é difícil achar algum fã que reclame de “Unsainted”. O single principal do álbum de 2019 se tornou um clássico quase que instantaneamente, e não é à toa: sua sonoridade remete muito aos primórdios do grupo, com um toque de inovação para manter o tom experimental que acompanha cada novidade de Corey e companhia.

Em suas partes mais pesadas, no entanto, “Unsainted” soa como se poderia ter sido tirada diretamente do álbum de estreia – e dizemos isso da melhor maneira possível, já que resgatar uma sonoridade do passado com tanta autenticidade é das tarefas mais difíceis, especialmente considerando as mudanças de formação da banda.

10. “Yen” (The End, So Far, 2022)

Para fechar a lista, não poderíamos deixar de incluir algo de The End, So Far, o polêmico último disco do Slipknot até o momento. O álbum tem faixas que se encaixam muito bem na discografia do grupo, como “The Dying Song (Time to Sing)”, mas o destaque por aqui fica mesmo para “Yen”.

Totalmente bizarra, a música abre toda uma outra dimensão sonora para o que o Slipknot é capaz de fazer. É como se, aqui, o peso das guitarras agressivas fosse substituído por algo ainda mais pesado: a tensão de uma música que deixa o ouvinte agradavelmente desconfortável do começo ao fim, brincando com esse paradoxo da mesma forma que um filme de terror faz.

“Yen” é uma prova de que o Slipknot está aberto a continuar ousando, desde que seus ouvintes permaneçam dispostos a dar uma chance para cada loucura que resultar disso. E não é como se o peso literal não estivesse presente também, graças a uma inversão de expectativas que coloca o refrão como a parte mais agressiva da música.

É mais disso que esperamos ver no próximo álbum – que sequer foi anunciado, mas que já acumula diversas expectativas graças à presença de uma nova formação que tem tudo para se tornar marcante.

Published by
Felipe Ernani