Céline Dion, Eminem e Beatles - canções gravadas em uma tomada
Crédito: Divulgação

A busca pela perfeição é essencial na música pop. Especialmente nos tempos modernos, com a facilidade da gravação digital, os artistas podem se dedicar a cada detalhe da produção gravada. 

No entanto, no passado – e especialmente nas décadas de 1950 e 1960 -, o tempo e os recursos limitados obrigavam os músicos a adotar uma abordagem de “feito é melhor que perfeito”, aceitando pequenos erros e improvisações.

Apesar das limitações técnicas da época, ainda há exemplos de músicas e performances que capturaram imediatamente a essência e a emoção desejadas. Alguns artistas simplesmente conseguiam acertar na primeira tentativa, demonstrando um talento excepcional e uma conexão instantânea com a música.

Reunimos aqui 10 exemplos desses momentos de genialidade eternizados pela gravação!

10 músicas icônicas gravadas em um único take

“My Heart Will Go On” – Celine Dion

A performance vocal de Céline Dion para “My Heart Will Go On” foi gravada em uma única tomada como uma demo para o filme Titanic, de 1997.

Inicialmente, Dion planejava regravá-la, mas o compositor James Horner adorou a demo e deixou os vocais intocados quando produziu a mixagem final. Cameron – que inicialmente nem queria uma música-tema para o longa – também insistiu: “vamos manter como está”. Dion já disse: “Minha voz é algo feito em uma única tomada”. O executivo musical Tommy Mottola também confirmou que Dion gravou a música em um único take, e essa demo foi a que apareceu no filme.

Eventualmente, Dion regravou a música para seu álbum Let’s Talk About Love após o lançamento do filme, com uma versão editada e algumas mudanças de notas no final. A versão de rádio da música tem um som mais completo, com percussão, cordas e guitarra elétrica.

“My Heart Will Go On” ganhou o Oscar de Melhor Canção Original em 1997 para Horner e o letrista Will Jennings. A música liderou as paradas em mais de 25 países e se tornou um dos singles mais vendidos de todos os tempos. Vale lembrar que a carreira de Celine terá uma retrospectiva em breve no documentário a ser lançado pelo Prime Video.

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“I Say a Little Prayer” – Aretha Franklin

“I Say a Little Prayer” não foi inicialmente destinada a Franklin, mas uma sessão de estúdio descontraída acabou por torná-la completamente sua.

Em 1967, Dionne Warwick lançou a música como um single, alcançando um enorme sucesso nos EUA. No ano seguinte, durante os ensaios para o lançamento do álbum de Franklin, Aretha Now, ela e seus vocalistas de apoio, juntamente com um dos escritores originais da música, Burt Bacharach, começaram a brincar com sucessos recentes durante os ensaios. 

Segundo relatos, durante esses ensaios informais, “I Say a Little Prayer” tornou-se instantaneamente uma música de Aretha e, quando o produtor da Atlantic Records, Jerry Wexler, ouviu os vocais de Franklin na faixa, decidiu gravá-la em uma única tomada. A música foi lançada como um single no verão de 1968, alcançando o terceiro lugar nas paradas de R&B e permanecendo nelas por 12 semanas.

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“Lose Yourself” – Eminem

É surpreendente saber que uma das músicas mais conhecidas e bem-sucedidas de Eminem foi gravada em uma única tomada, feita em seu intervalo para o almoço enquanto filmava 8 Mile – Rua das Ilusões.

Durante as gravações, Eminem encontrou uma antiga sessão demo de “Lose Yourself”, com acordes de guitarra feitos por seu colaborador de longa data, Jeff Bass

Após sentir uma conexão com a música, ele gravou a versão demo no mesmo dia em que fez a batida, mas deixou a letra de lado. No entanto, a persistência com a melodia o levou a trabalhar novamente na música durante as filmagens, resultando em uma gravação em que cada verso foi feito em um único take.

“Lose Yourself” se tornou um sucesso fenomenal, sendo o primeiro single de Eminem a alcançar o topo da Billboard Hot 100 e a primeira música de hip hop a ganhar um Oscar de Melhor Canção Original.

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“Twist and Shout” – The Beatles

Após uma longa sessão de gravação em fevereiro de 1964 na qual os Beatles estavam exaustos, John Lennon, cujo vocal já estava falhando, sabia que só poderia cantar a música uma vez antes de perder completamente a voz. Mesmo assim, com algumas pastilhas para garganta e um gole de leite quente, Lennon se aproximou do microfone e entregou uma performance impressionante. 

A energia e intensidade da apresentação ao vivo foram capturadas na gravação, deixando até mesmo o produtor George Martin sem palavras. Mesmo que tenham tentado uma segunda tomada, o primeiro registro acabou sendo o escolhido, tornando-se um dos momentos mais memoráveis da história da música.

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“House of the Rising Sun” – The Animals

Em uma sessão de estúdio memorável em maio de 1964, a banda The Animals decidiu dar sua interpretação a essa canção tradicional, que já havia sido gravada por diversos artistas, desde Roy Acuff a Bob Dylan.

No entanto, o grupo imprimiu sua marca única à música ao mudar o tempo e executá-la apenas uma vez. O resultado é uma performance impressionante, onde cada elemento da música parece estar em perfeita sintonia: a introdução de guitarra icônica, a voz inconfundível do vocalista e o crescendo do órgão, tudo isso se combinando para criar quatro minutos e 29 segundos de puro êxtase do rock. 

Essa abordagem de gravar a música em uma única tomada não apenas demonstra a habilidade excepcional da banda como músicos, mas também adiciona uma autenticidade e energia cruas à gravação, capturando a essência visceral da música e garantindo seu lugar como um dos momentos mais memoráveis da história do gênero. Essa sintonia só foi possível porque os Animals estavam na estrada há meses, cantando “House of the Rising Sun” todas as noites.

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“The Mariner’s Revenge Song” – The Decemberists

Esta não é apenas um clássico do indie moderno e uma excelente canção sobre vingança, mas também uma gravação memorável pelo modo como foi executada.

A versão do álbum Picaresque (2005) para “The Mariner’s Revenge Song”, dos Decemberists, foi capturada ao vivo na Igreja Prescott em Portland, em uma única tomada em torno de um único microfone.

Produzida por Chris Walla, do Death Cab for Cutie, a gravação apresenta um método peculiar de controle de volume, com os membros da banda se movendo mais perto ou mais longe do microfone conforme necessário. Essa abordagem, embora ingênua, resultou em uma atmosfera única, capturando a essência do espaço e proporcionando uma experiência auditiva autêntica e imersiva.

O processo de gravação, documentado no DVD The Decemberists: A Practical Handbook, revela a simplicidade da banda em relação ao “estúdio”. Apesar das limitações técnicas, o ambiente da igreja adicionou uma textura única à música, contribuindo para a sua singularidade e apelo emocional.

Mesmo que não seja considerado o melhor som da banda, a gravação captura a essência da performance ao vivo, destacando a teatralidade e o drama da música, e garantindo seu lugar como uma das faixas mais memoráveis ​​do repertório dos Decemberists. Somando-se a isso o fato de que trata-se de uma banda numerosa e de uma faixa de quase 9 minutos, foi realmente um feito!

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“Crazy” – Gnarls Barkley

Como tudo do Gnarls Barkley, “Crazy” é nada menos convencional – como o próprio nome indica.

Inspirada nas trilhas sonoras dos filmes de faroeste spaghetti, a música utiliza samples de “Last Men Standing” de Gian Piero Reverberi e Gian Franco Reverberi, adicionando uma camada de nostalgia e mistério à sua sonoridade única.

O que torna essa música ainda mais impressionante é o fato de ter sido gravada em uma única tomada, sendo esta também a primeira vez que o cantor CeeLo Green tentava interpretar a letra. Esse momento de inspiração instantânea capturado em uma única sessão de gravação é um testemunho da genialidade por trás da faixa.

Além dessa história curiosa, “Crazy” foi um sucesso estrondoso, alcançando o topo das paradas em muitos países e garantindo uma posição de destaque na Billboard Hot 100. A música não apenas conquistou os ouvidos do público, mas também inspirou uma série de artistas a fazerem suas próprias interpretações, incluindo nomes como Violent Femmes, Nelly Furtado e Ray LaMontagne. Até hoje, “Crazy” continua uma canção marcante e o maior sucesso do Gnarls Barkley.

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“My Way” – Frank Sinatra

A história por trás de “My Way” é fascinante no que diz respeito a adaptação e inspiração.

Originalmente uma canção francesa intitulada “Comme d’habitude”, escrita por Jacques Revaux e Claude François, foi posteriormente transformada por Paul Anka em uma ode para Frank Sinatra. Anka, após ouvir a versão francesa enquanto estava de férias no sul da França, reescreveu a letra em inglês para Sinatra, adicionando uma aura de autenticidade e intimidade à canção.

O momento culminante da jornada da música foi a gravação de Sinatra em 30 de dezembro de 1968, onde ele capturou a essência da canção em uma única tomada. A interpretação de Sinatra, envolta em sua característica elegância e melancolia, imortalizou “My Way” como um dos maiores sucessos de sua carreira.

A canção alcançou as paradas de sucesso nos Estados Unidos e no Reino Unido, estabelecendo recordes de longevidade e deixando um legado duradouro na história da música popular.

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“Nothing Compares 2 U” – Sinéad O’Connor

Sinéad O’Connor encontrava-se em um momento de grande sucesso após o reconhecimento internacional de seu álbum de estreia, The Lion and The Cobra. Para seu segundo álbum, seu empresário, Fachtna O’Ceallaigh, sugeriu uma versão da música de Prince.

É difícil saber exatamente quem é o sujeito por trás da motivação pela mensagem agridoce da música. Na época, O’Connor e O’Ceallaigh estavam em um relacionamento que estava desmoronando. Ao mesmo tempo, as letras referentes a uma mãe foram assumidas como ressoantes com a complicada relação da cantora com sua própria mãe, que faleceu em 1985. Assim como Prince, O’Connor não demorou a aperfeiçoar a música. Gravada em uma única tomada, ela capturou os vocais com sinceridade inabalável!

Não é exagero dizer que a interpretação de Sinéad tornou-se a versão definitiva da canção.

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“Losing My Religion” – R.E.M.

“Losing My Religion”, do R.E.M., foi gravada em um único take, incluindo tanto os vocais quanto o bandolim. O vocalista Michael Stipe passou apenas cerca de uma hora trabalhando na música, incluindo a escrita da letra e a gravação de seus vocais em uma única tomada. Buck, o membro da banda que toca o bandolim, afirmou que não fez nenhum overdub

A música foi gravada em setembro de 1990 no Bearsville Studio A em Woodstock (Nova Iorque), ao longo de um período de dois meses, e foi lançada nos Estados Unidos em fevereiro de 1991 como o primeiro single do sétimo álbum de estúdio da banda, Out of Time.

“Losing My Religion” é baseada na execução do bandolim de Buck e em seu título, uma expressão antiga do sul que significa quando a polidez dá lugar à raiva. Stipe certamente canalizou muitos desses sentimentos ao colocar tudo em sua interpretação desse clássico instantâneo. 

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