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O que você estava fazendo aos 20 anos de idade? Provavelmente estudando, buscando espaço no mercado de trabalho e cometendo muitos erros, algo natural de uma fase em que ainda estamos tentando entender quem somos.
Àquela altura da vida, Nasir bin Olu Dara Jones já tinha plena consciência não apenas de si, mas de toda a Nova York que o rodeava – com suas dificuldades e tentações para um jovem negro e periférico.
Com o pai que era um músico de Jazz e Blues, e um mentor musical chamado Large Professor (algo como Professor Grandão), um dos principais produtores do Rap da Costa Leste naquele momento, não demorou muito para que Nasir abrisse suas asas.
Neste artigo falaremos do lendário Illmatic, álbum de estreia do rapper Nas que está completando 30 anos de lançamento nesta sexta-feira, dia 19 de abril.
Fazendo outra analogia temporal, este que vos escreve tinha 1 ano de idade quando Illmatic foi lançado. Na adolescência, querendo expandir minhas referências musicais, perguntei a um amigo envolvido na cena do Rap por onde eu deveria começar no estilo.
A resposta que ouvi provavelmente é a mesma que você vai ouvir hoje, se perguntar pra qualquer um que entenda do assunto: Illmatic, do Nas, é o melhor disco de Rap de todos os tempos.
Numa cena que era dominada pelo Gangsta Rap e a disputa entre músicos da Costa Leste, então representada por Notorious B.I.G., e a Costa Oeste de Tupac Shakur, Nas inaugurou o que ficou conhecida como “era do lirismo”.
Illmatic também falava da violência das ruas, mas de forma mais confessional e a partir de experiências pessoais, sem jamais esquecer os bons momentos da juventude ou perder a esperança de dias melhores.
Do ponto de vista estético, Nas mostrou um flow que ninguém jamais havia explorado, altamente fluido apesar do vocabulário extenso. O nível de produção do álbum pode ser explicado apenas pela lista de produtores – verdadeiro “dream team” do Rap.
Com a ajuda de Large Pro, Nas conseguiu reunir Q-Tip, do A Tribe Called Quest, e os mega produtores DJ Premier, L.E.S. e Pete Rock, além de contar com participações de AZ, do The Firm, e de seu pai Olu Dara.
O formato do álbum também beira a perfeição, com nove faixas em pouco menos de 40 minutos de duração, passando por hits como “N.Y. State of Mind”, “The World Is Yours”, “It Ain’t Hard to Tell”, “Halftime” e “One Love”.
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Na última semana, Nas publicou em seu Instagram uma foto nostálgica, em que aparece aos 50 anos – sua idade atual – sentado no banco de uma das pracinhas do Brooklyn, em Nova York, onde criou todos aqueles clássicos do Rap.
Ele ainda postou uma sequência de fotos da época do lançamento de Illmatic ao lado de seus parceiros de produção e fez um agradecimento a eles e aos fãs por manterem o álbum relevante durante esses 30 anos:
Eu tinha o sonho de reunir os meus produtores favoritos para o meu primeiro álbum. Eu sabia exatamente o que queria e como deveria ser, mas não conhecia ninguém além do Paul [Large Professor], então pedi para ele conectar todo mundo, e ele o fez como o bom irmão que é. No dia 19 de abril, nós estouramos. Embora o disco tenha vazado meses antes, ainda somos parte da história da música.
Obrigado Large Professor e DJ Premier, que mergulharam no projeto e me resgataram algumas vezes. Q-Tip, Pete Rock e meu mano da The Bridge, DJ L.E.S., e meu mano AZ que também estava apenas começando na época. E obrigado a todos os envolvidos. Já são 30 anos. Para todos os ouvintes, muito amor!
Além disso, Nas divulgou nesta sexta-feira a música “Define My Name”, faixa inédita em parceria com DJ Premier, indicando que o primeiro disco colaborativo entre os dois pode finalmente ser lançado em breve.
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Nas está longe de ser um artista de um álbum só. Embora tenha cedido às pressões da gravadora Columbia Records para fazer um som mais comercial (e mais Gangsta Rap) a partir de seu segundo disco, ele manteve a qualidade das letras e da produção.
Ao longo dos anos, ele chegou até a fazer diss tracks – as famosas músicas criadas apenas para ofender ou mostrar insatisfação contra outra pessoa – direcionadas a Tupac e Jay-Z. Os rappers responderam com música, mas os ânimos nunca foram realmente exaltados entre essas lendas.
Da lá pra cá, Nasir Jones já lançou 17 discos de estúdio, incluindo Stillmatic (2001), uma espécie de resgate das temáticas do trabalho de estreia, a trilogia King’s Disease (2020, 2021 e 2022), que chegou a vencer um Grammy, e um álbum em parceria com Damian Marley, o Distant Relatives (2010).
Enquanto isso, Illmatic foi relançado com um box especialíssimo em comemoração aos 30 anos, que inclui as músicas remasterizadas em vinil de 7 polegadas, um livro de 64 páginas e uma capa externa impressa em ouro.
Abaixo, você pode relembrar todas as músicas desse trabalho que inaugurou a “era do lirismo” na cena de Nova York, mudando para sempre também o Rap mundial.
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