O Surto no Rock in Rio

Muita gente só conhece O Surto graças ao mega sucesso “A Cera”, que “pirou o cabeção” do Brasil inteiro no início dos anos 2000. Outros, nem isso: por conta das semelhanças de estilo, a música acabou ficando conhecida erroneamente como sendo parte do catálogo do Charlie Brown Jr., em uma das maiores fake news da música nacional.

Mais de 20 anos depois e após a triste notícia do falecimento de Reges Bolo, vocalista do grupo, aos 52 anos, é preciso olhar com um pouco mais de carinho para o catálogo dessa banda e entender o motivo de um grupo tão jovem ter chegado ao maior palco do país.

Pra quem não se lembra, O Surto foi atração do Rock in Rio em 2001, tocando junto de nomes como Capital InicialSilverchair Red Hot Chili Peppers, que inclusive ganhou uma cover super inusitada e ousada da banda brasileira que mandou logo a versão “Triste Mas Eu Não Me Queixo” do hit “Californication” (relembre abaixo).

Aliás, não faltava ousadia para essa banda que foi formada no Nordeste brasileiro, em uma junção de dois estados. Reges e o guitarrista Zé Wilclei eram de Fortaleza, no Ceará, enquanto o baixista Franklin Roosevelt e o baterista Jucian Carlos eram de Natal, no Rio Grande do Norte, fazendo com que O Surto fosse, junto com o Sheik Tosado, os únicos representantes do Nordeste naquela edição do RIR.

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O Surto além de “A Cera”

É impossível não associar a banda ao seu maior hit e a verdade é que “A Cera” é inquestionavelmente um dos maiores sucessos da música brasileira dos anos 2000. Ainda assim, a trajetória d’O Surto começou antes, com um lançamento independente em 1997 que chamou atenção e os colocou no circuito de festivais, levando a um contrato com a gravadora Virgin e à oportunidade de trabalhar com o produtor Rick Bonadio.

Inclusive, foi nessa época que O Surto começou a ter uma relação mais forte com os Raimundos, banda que veio de Brasília mas também trazia muitas influências da cultura nordestina em seu som. Os dois grupos fizeram turnê juntos e, não à toa, DigãoFred estiveram entre os primeiros a se pronunciar sobre o falecimento de Reges Bolo.

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Quando o disco Todo Mundo Doido foi lançado, todos os olhares se voltaram para a música que “pirou o cabeção” do Brasil e se tornou a mais executada das rádios brasileiras em 2001. Mas, pouco depois, outras canções do álbum conseguiram um sucesso minimamente similar, como “Tudo É Possível” — faixa que tem cara e jeito de hit e acabou sendo usada como abertura de Malhação.

Ainda assim, Todo Mundo Doido também reservava várias surpresas. Com músicas como “Hempadura”, “Hip Hop Repente” e “Cangsta”, O Surto tinha um jeito único de misturar as influências do Nordeste com o Rock, criando uma sonoridade que remetia bastante aos Raimundos mas trazia uma perspectiva um pouco diferente, em parte até mais próxima ao Nu Metal gringo que usava e abusava do Groove.

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O Surto “pirou o cabeção” de todo mundo mais uma vez

A gente sabe bem que, depois do sucesso, é difícil se manter no topo. A história d’O Surto infelizmente não teve um super final feliz, já que em poucos anos o grupo perdeu espaço e nunca conseguiu replicar o que teve com “A Cera”. Mas, antes disso, lançou o disco Equalizando as Ideias e ainda conseguiu emplacar mais um hit: “O Veneno”.

Em vários dos posts falando sobre o falecimento de Reges é possível ver pessoas que viveram os anos 2000 destacando o quanto essa música também merecia tanta atenção quanto “A Cera”; ao menos na época, o clipe da faixa era um dos mais pedidos na MTV e marcou época, também apostando em uma pegada radiofônica sem deixar de lado a sonoridade própria dos caras.

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Nos anos mais recentes, O Surto chegou a se reunir com uma formação diferente para celebrar os 20 anos de Todo Mundo Doido, e chegou até a lançar um novo single chamado “Jah”. Nos despedimos de Reges com essa música good vibe e reflexiva que parecia autobiográfica e com uma dica quente: se você só conhece “A Cera”, aproveite a oportunidade e mergulhe na discografia d’O Surto!

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