Pierce The Veil no México, 2023
Foto por Anthony Tran (@v.trvn)

Quando surgiu lá em meados dos anos 2000, o Pierce the Veil logo se destacou entre as bandas da cena Emo/Pop Punk que dominavam o mercado norte-americano da época. Hoje, quase 20 anos depois, o grupo liderado por Vic Fuentes se encontra em um estado no mínimo curioso.

A banda se renovou completamente em seu novo trabalho de estúdio, The Jaws of Life, mas virou notícia nos últimos anos por um motivo diferente: o sucesso “atrasado”, por assim dizer, de “King for a Day”. A música presente no disco Collide with the Sky (2012) foi um hit já na época, mas ganhou outro patamar em tempos atuais.

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10 anos depois de seu lançamento original, a canção se transformou em um viral do TikTok e abriu caminhos para toda uma nova geração conhecer o Pierce the Veil. E os novos fãs chegam em um ótimo momento, já que The Jaws of Life é uma renovação bastante necessária para uma banda que, apesar dos hits acumulados, se esforça para ficar fora da zona de conforto.

Chegando sete anos depois de Misadventures, o novo álbum é uma carta de amor aos anos 90, resgatando elementos de bandas e estilos consagrados da época, do Grunge ao princípio do Nu Metal. O disco deve ser também a base do show que o Pierce the Veil fará no Brasil, marcado para o dia 9 de Abril na Audio — os ingressos estão à venda aqui.

Com tantos assuntos para colocar em dia, o TMDQA! conversou recentemente com o baixista Jaime Preciado sobre toda essa nova fase do PTV. Confira o papo na íntegra a seguir!

TMDQA! Entrevista Jaime Preciado (Pierce the Veil)

TMDQA!: Olá, Jaime! É um prazer estar falando com você, obrigado por tirar esse tempo pra nós. Primeiramente, precisamos quebrar logo o gelo e falar daquele assunto: quão loucos têm sido estes últimos meses, se transformando em um viral do TikTok com “King for a Day”? Simplesmente do nada, né. E pelo que tenho lido, os shows têm virado umas experiências malucas também por conta disso!

Jaime Preciado: É, isso tem sido uma loucura pra gente. A gente não poderia ter feito de um jeito melhor se nós mesmos tivéssemos planejado, cara! Foi incrível, e meio que só aconteceu naturalmente. E sim, cara, a gente só fica grato que as pessoas estejam colando conosco. E eu acho que a melhor coisa pra gente enquanto banda que existe há tanto tempo assim, é que é tão legal ter uma música meio que fazendo esse comeback e, como você disse, se tornando viral e apresentando a nossa música pra tantos fãs novos. Sabe, acho que isso é o principal pra nós.

Quando você existe enquanto banda pelo tanto de tempo que nós existimos, você normalmente não ganha muitos novos seguidores, ou uma nova fanbase assim. Então é bem legal ter isso, você se sente meio que uma nova banda, como se estivesse começando de novo, sabe? Por conta dessa nova onda de gente ouvindo a sua música. Nós estamos felizes, cara, estamos alegres demais e muito gratos. E vamos continuar fazendo o que fazemos, estamos bem empolgados pelo novo disco e vamos curtir essa onda, eu acho.

TMDQA!: Certo! E o motivo pra ter perguntado isso logo é porque eu sinto, justamente, que isso deve ter adicionado toda uma nova camada de pressão no novo disco, né? Até porque já era um disco bem aguardado pelo tanto de tempo que ele levou pra chegar, e aí você adiciona tudo isso… como vocês lidaram com isso?

Jaime: Olha, pra gente, sendo sincero, nunca foi tipo… assim, obviamente, sempre há uma pressão quando se fala sobre fazer um disco novo, acho que independente de qualquer coisa no TikTok ou algo assim. Acho que você meio que se expõe e está colocando pra fora o que você acha que é a melhor música que pode fazer naquele momento, então sempre há um pouco de pressão, um pouco de dúvida quando se faz isso. Mas pra gente, sempre foi tipo… sei lá, é diferente pra gente, porque toda vez que a gente entra no processo de lançar um disco a gente tenta fazer algo diferente. A gente vai arriscar, a gente sabe dos riscos.

E essa é a parte divertida, que você precisa continuar se renovando, porque do contrário você só vai fazer o mesmo álbum de novo e de novo, e nós não queremos fazer isso. Acho que a questão pra nós também é que a gente nunca sente que tem uma “derrota”; se a gente quer tentar alguma mudança, a gente aprende com ela, nunca é algo negativo. É sempre algo que nós aprendemos com o ultimo álbum — tipo, não demorar cinco anos pra gravar um disco. [risos] Esse não é o objetivo. Então, espero que quando formos fazer um novo album, a gente use os aprendizados desse processo pra meio que continuar mudando, continuar evoluindo, pra sermos melhores em tudo que fazemos. Esse é meio que o nosso processo, então acho que sempre há uma pressão.

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TMDQA!: Entendi. Ao mesmo tempo, é bem engraçado porque, de fato, mesmo com toda essa pressão e expectativa vocês realmente seguiram por um caminho totalmente diferente, e isso é sensacional. Esse álbum é algo que eu nem esperaria de vocês!

Jaime: É, é como eu disse, a gente sempre tenta arriscar e ousar com as músicas. Acho que, com esse, a gente tentou ter uma abordagem um pouco diferente no sentido das composições e tentamos trazer algo, tipo… se você ouve nossos últimos álbuns, eles foram bem técnicos; muitas coisas de guitarra, muita coisa no vocal, há muitas camadas, sabe? E nesse álbum a gente tentou fazer algo um pouco diferente, e tentamos dar um passo pra trás e ver se a gente conseguia fazer isso.

E, honestamente, isso foi um pouco mais difícil! Essas músicas acabaram sendo bem mais simplificadas, especialmente porque estamos ouvindo, ou pelo menos eu pessoalmente, bandas tipo Deftones e Radiohead, e não há necessariamente coisas malucas rolando nessas músicas. Então, tentamos pegar um pouco desse tipo de criatividade e fazer as coisas mais impactantes possíveis com a simplicidade. Foi um processo divertido, dá pra definir assim.

TMDQA!: Mas acho que ainda há alguns aspectos técnicos mais discretos que funcionam muito bem, né. “So Far, So Fake” é uma das minhas preferidas do disco, e tem aquele riff super legal e com um ritmo diferentão no começo. Acho que tudo isso se soma pra continuar dando a cara do Pierce the Veil pra música, né?

Jaime: Com certeza! No fim das contas, ainda somos o Pierce the Veil, e continuaremos fazendo músicas que soam como nós; isso não vai mudar nunca. Mas acho que é só questão de arriscar algumas coisas diferentes, então pra falar por exemplo de “So Far, So Fake”, é uma que passou por várias versões diferentes. Ela começou com uma demo que acabou ficando totalmente diferente no disco, no produto final, mas ficamos muito felizes com o resultado. E, inclusive, eu acho que eu toquei guitarra nessa música! A gente simplesmente fez várias coisas diferentes, coisas que normalmente não faríamos, pra melhorar as músicas. E, como eu disse, nós nunca queremos fazer a mesma coisa duas vezes. Essa foi uma bem divertida, eu gosto muito dela. Ficou sensacional.

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TMDQA!: Outra das minhas preferidas é o feat com a Chloe Moriondo, e ela foi fantástica ali. É tão legal porque ela meio que representa isso que você falou de ter novos fãs, pessoas jovens, que estão se conectando com vocês e trazendo uma vibe tão diferente, uma atmosfera tão diferente pro som de vocês, né. Como foi trabalhar com ela e como surgiu essa ideia do feat?

Jaime: Na verdade, foi com o Vic [Fuentes], nosso vocalista, que era amigo dela no Instagram. E obviamente a gente respeitava bastante o que ela estava fazendo com as músicas dela e tudo mais, e ela tem uma voz incrível. Então, a gente tinha essa música, que já estava escrita e já tínhamos até uma versão demo e tudo mais, só mixada. E meio que a gente estava indo e voltando, tentando entender se seria legal ter uma vocalista mulher no segundo verso, e acho que o Vic simplesmente mandou uma DM pra ela e acho que ela disse que era fã, então nós só perguntamos se ela queria participar dessa, e ela respondeu imediatamente e disse que estava totalmente disposta. Aí mandamos a música pra ela e tipo, dois dias depois ela mandou os vocais. E eu já amava a música, mas cara, como você disse antes, ela arrasou pra caralho, cara. Elevou demais a música. Tipo, um olhou pro outro no estúdio e ficamos tipo, “Puta merda, de repente essa música é claramente material de ser a última música do disco”, sabe? Ela imediatamente transformou a música. Então, não podemos agradecê-la o suficiente por nos emprestar seus talentos. Foi bem fácil de ver o quão talentosa ela é, e só tornou a música tão especial pra nós. Ficamos realmente gratos pela participação dela.

TMDQA!: Que demais. Pra nossa última pergunta, eu queria te contar que outro dia eu recebi um e-mail de uma newsletter na qual sou inscrito que trazia os números de vocês desde o início da carreira, e tinha lá, tipo, vocês fazendo show pra 40 pessoas em 2007. E agora o público de vocês é, sei lá, 3, 4 mil pessoas tranquilamente. E vocês vêm pro Brasil com um show que teve até que mudar de lugar para um maior, né. Quão louco é ver isso? Como está a empolgação para esse show por aqui e o que as pessoas podem esperar de vocês?

Jaime: É, cara, como eu falei antes, a gente se sente renovado, como se fôssemos uma nova banda, e é simplesmente uma sensação incrível. Sabe, nós estamos muito gratos mesmo por essa situação. Mas, de verdade, a gente está muito grato só de podermos estar fazendo shows novamente, e podendo viajar para esses lugares que ainda não conhecemos. Então, voltar para o México, pra América do Sul, pro Brasil… acho que alguns dos meus momentos preferidos enquanto banda estão nessas viagens internacionais, para a América do Sul e tudo mais. Então, estou bem empolgado, bem grato. E claro, os shows serão os melhores e maiores que já fizemos. Estamos levando “The Jaws of Life” pra vocês, e vai ser uma loucura com certeza. Estamos empolgados, cara. E, como você disse, tocar para 2000 jovens nunca vai envelhecer. Estamos realmente empolgados.

TMDQA!: Jaime, muito obrigado pelo seu tempo e até breve!

Jaime: Obrigado você!

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