O Urso do Pó Branco

O Urso do Pó Branco prometeu ser ridículo desde o início e entregou tudo: é tanta galhofa que o filme fica incrível! Apesar de “trair” o terror trash raiz apresentando um valor de produção muito maior do que seus colegas de gênero, é possível se divertir bastante ao longo dos 91 minutos de duração.

Mesmo com a trama super tosca, o filme consegue oferecer muito mais do que algumas produções “sérias” recentes, contando com efeitos especiais decentes na maior parte do tempo, nenhum jump scare gratuito e muito bom humor.

A história inusitada é inspirada em um caso real. O filme se passa no interior dos Estados Unidos, na década de 1980, quando um traficante de drogas jogou vários pacotes de cocaína de um avião em uma floresta e um urso encontrou a droga, morrendo depois de ingerir cerca de 30kg do pó. No filme, o urso-negro que consumiu a cocaína virou uma máquina de matar, sempre em busca de mais droga.

A diretora Elizabeth Banks (As Panteras) constrói um filme de horror gore que usa muitos elementos de comédia para dar uma equilibrada no clima, o que funciona em alguns momentos.

A partir daí, o roteiro se mostra bem fraco, mas sem nenhum esforço para ser mais robusto. O terceiro arco é mais enrolado do que o restante do filme, desacelerando o ritmo e dando uma esfriada justo no desfecho. A direção escolhe personagens pouco interessantes para conduzir uma grande parte da trama e, querendo ou não, faltou o urso cheiradão na tela.

o urso do po branco cena de ataque
(Foto: Divulgação/Universal)

Tão ruim que dá a volta

Um dos maiores clichês das análises de filmes trash é classificá-los como tão ruins que ficam bons. Mas foi mirando exatamente nessa premissa que O Urso do Pó Branco chamou a atenção do público desde que foi anunciada a sua produção – é só olhar o título do filme (em qualquer idioma) que já é possível perceber um pouco disso.

De fato, o conjunto completo da obra não coloca o filme no panteão dos filmes de terror, mas são alguns detalhes pensados com muita atenção que fazem a experiência valer a pena.

São esses mesmos detalhes que nos fazem gostar de A Morte do Demônio, com um cara que coloca uma motosserra no lugar da mão, ou de Planeta Terror, onde uma mulher bonitona tem uma metralhadora no lugar de uma das pernas.

A história? Esquece. Mas alguns trechos são tão incríveis que fazem valer todo o filme.

o urso do po branco cena de ataque
(Foto: Divulgação/Universal)

É até um pouco preciosista julgar aspectos técnicos de produções que têm o intuito de ser ruins ou bizarras, mas esse não é o caso. O próprio filme se coloca nesta reta, pois é um filme trash gourmet. O orçamento de O Urso do Pó Branco é de aproximadamente 30 milhões de dólares, muito mais do que X – A Marca da Morte (US$ 1 mi) e Terrifier 2 (US$ 250 mil), por exemplo, e está na mesma faixa de blockbusters como Pânico 6 (US$ 35 mi) e Halloween Ends (US$ 33 milhões).

Isso explica como um elenco tão estrelado foi reunido para fazer um filme sobre um urso chapado de cocaína. Keri Russell (Felicity), Brooklynn Prince (Projeto Flórida), O’Shea Jackson Jr. (Straight Outta Compton), Alden Ehrenreich (Han Solo), Isiah Whitlock Jr. (The Wire), Margo Martindale (Bojack Horseman), Jesse Tyler Ferguson (Modern Family), Kristofer Hivju (Game of Thrones) e Ray Liotta (Os Bons Companheiros) abraçaram a ideia e estavam lá, dividindo a tela com o urso.

O destaque, no entanto, é para o excelente Christian Convery. Conhecido por protagonizar a série Sweet Tooth, o garoto de 13 anos é um fenômeno e, beneficiado por diálogos hilários, brilha durante todo o período em que aparece na tela.

o urso do po branco christian convery
(Foto: Divulgação/Universal)

A nota triste é que Ray Liotta, clássico ator de filmes de máfia, faleceu antes do lançamento do filme. Ele morreu em maio de 2022, aos 67 anos.

Novo clássico?

É provável que O Urso do Pó Branco fique marcado na história dos filmes de terror devido à excentricidade envolvendo todo o caso. O casamento entre uma história real inacreditável e uma adaptação para torná-la mais sangrenta seria suficiente independente da qualidade do filme, convenhamos.

Mas Elizabeth Banks consegue fazer o mínimo para deixar essa marca insólita no gênero. Para quem curte uns filmes sem noção e com mortes bizarras e engraçadas, vale a pena ver até mais de uma vez.

E não vamos mentir: todos estão ansiosíssimos pelos filmes prometidos pela produtora The Asylum (sim, a mesma de Sharknado). Os caras anunciaram que farão o Attack of the Meth Gator, ou seja, um filme de um jacaré viciado em metanfetamina. Onde será que isso vai parar, hein?

attack of the meth gator
(Foto: Divulgação/The Asylum)

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