Kurt Cobain Nirvana assédio

Podia ter sido só um show do Nirvana na véspera de Ano Novo de 1993 – mas se tornou um momento em que Kurt Cobain expôs um abusador no meio da plateia e levantou o debate sobre a responsabilidade masculina na cultura do estupro.

O ocorrido foi registrado em vídeo. Kurt Cobain tocava violão sentado quando, no meio de uma versão acústica de “Jesus Wants Me For A Sunbeam”, se levantou para alertar os seguranças e se dirigir diretamente ao assediador. O show acontecia em Oakland, Califórnia, e o homem passava a mão pelo corpo de uma fã sem consentimento, em plena primeira fila!

Depois de gritar e gesticular para o homem em meio a aplausos da plateia, Kurt voltou ao microfone e falou: “passando uma mãozinha, é?”. Ao entender o que acontecia, Krist Novoselic somou: “Estava bom, é?”, provocou, ridicularizando o assediador.

“Rape Me”

Cobain nunca deixou de se pronunciar sobre assuntos nos quais acreditava. A questão da violência sexual era um deles, tanto que compôs “Rape Me”, canção do disco In Utero.

Segundo o músico, foi uma tentativa de criar um “hino anti-estupro”. Ele explicou à revista Spin:

É como se ela estivesse dizendo, ‘Me estupre, vá em frente, me estupre, me espanque. Você nunca vai me matar. Eu vou sobreviver a isso e eu vou estuprar você um dia desses, e você nem vai notar’. A música fala de uma jovem que foi sequestrada, o cara a levou por aí em sua van. A torturou. Estuprou. A única chance que ela tinha de se libertar era dar em cima dele e o persuadir a tirar as cordas que a prendiam. Foi isso que ela fez, e conseguiu escapar. Pode imaginar o quanto de força isso exige?

Em uma entrevista com a revista NME em 1991, Kurt Cobain abordou o tema de forma mais explícita, dizendo que, para eliminar a violência sexual, seria necessário educar os homens sobre o estupro.

Kurt Cobain impede assédio sexual em show do Nirvana

Relatos dizem ainda que a mulher que foi assediada foi convidada a ir ao camarim após o show, para que Kurt tivesse certeza de que ela ficou bem.

Certamente uma outra forma de mudar a cultura do estupro é não deixar os abusadores saírem impunes – e foi exatamente isso que Kurt fez naquela noite de Ano Novo. Sempre importante recordar esse acontecimento em uma era em que a segurança em eventos ao vivo está cada vez mais em evidência.

Confira o registro em vídeo abaixo!

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