Ricardo Confessori
Foto via Shamanband.com

Se você tem lido o TMDQA! nos últimos dias, provavelmente se deparou com alguma das notícias sobre o fim do Shaman. A banda brasileira de Metal, uma das mais importantes da história do país, encerrou suas atividades depois de polêmicas envolvendo o baterista Ricardo Confessori.

Em um post ligado à política, o músico fez diversos comentários preconceituosos e gerou a revolta não apenas de vários fãs, como também de seus próprios companheiros de banda. A situação, conforme explicou o baixista Luis Mariutti, já vinha se desenhando como insustentável há algum tempo.

Ele deixou claro que não compactua com os pensamentos de Confessori, e ainda detalhou a sua perspectiva bastante diferente em especial sobre a participação de mulheres, incluindo sua esposa, na cena musical. O vocalista Alírio Netto também fez um comunicado para se posicionar contra as ideias disseminadas por Ricardo.

Ricardo Confessori reforça discurso preconceituoso ao explicar fim do Shaman

Mostrando que realmente não aprendeu nada com a situação e não tem qualquer intenção de mudar seu discurso, Confessori fez uma live na última sexta-feira (13) para tentar explicar o fim de sua banda e reforçou grande parte de seu pensamento, culpando a falta de uma mentalidade “alfa” pelo fim do Shaman.

Conforme contaram Igor Miranda e o Whiplash, Ricardo declarou que sua paixão pelo Rock começou com “caras como os do Black Sabbath nos anos 1960, fazendo aquele som pesado”. Ele justifica, então, seu comportamento a partir disso:

Você olha pros caras e vê que eles eram caras alfa, que não estavam nem aí para nada ou para ninguém. Enfiavam o pé no sexo, drogas e Rock and Roll. A galera enlouquecia pelo estilo de vida que os caras tinham. Eram caras que chamamos hoje de ‘red pills’. Pessoas que não estão nem aí para nada nem para ninguém. O que interessava era encher a cara e tocar, groupies… Em algum momento na história do Rock, acabaram caras assim. Agora, o cara tem que pedir para a esposa dele para ensaiar. Ela pode achar que está passando muito tempo no ensaio. Tem que ter um alvará de turnê.

Após a provável indireta para Luis Mariutti, que afirmou que sua esposa chegava a ser comparada a Yoko Ono, Confessori também falou que não estaria necessariamente se restringindo aos colegas de banda:

Eu me refiro aos roqueiros modernos, são o tal do ‘bluepill’: faz tudo certinho, tudo com o que a mulher quer dele. Primeiro vem o casamento, o amor da vida dele, depois vem a banda, o Rock, tudo… o Rock nunca foi isso. O Rock veio de caras brutos, às vezes até com um parafuso solto. […] Chega de músicos ‘bluepill’, caras que têm medinho de falar qualquer coisa, sai correndo, com o rabo entre as pernas por causa de qualquer coisa. A gente é Rock, caralho, entendeu?

Para quem não está familiarizado, os termos redpill bluepill são referências ao filme Matrix, e o próprio Confessori explicou sua visão de uso destes. Para ele, o redpill (pílula vermelha) é quem quer “as realidades, ouvir as realidades; vão te desagradar, mas você vai ver”. Já o bluepill (pílula azul) é “aquele cara que acredita no que te disserem”.

Declarando ainda que “não toca mais por grana”, o baterista seguiu seu show de misoginia falando sobre o que é ser um homem “alfa de verdade” e, se declarando um “roqueiro raiz”, também se mostrou contra a ideia de músicos do gênero tocarem “Pagode de final de semana”:

Meu objetivo é fazer a coisa raiz como sempre foi, quando os caras chegavam com garrafa de goró no palco. Atitude. Se você é homem, um alfa de verdade, subir naquela porra de palco e fazer o melhor. E não ter compromisso com nada, com religião, isso ou aquilo. Tocar pagode de final de semana, roqueiro que toca um sambinha… aqui não tem essa não. Aqui é Rock and Roll na veia!

É rir pra não chorar…

Ricardo Confessori criticou até Edu Falaschi em live

O baterista, que gravou alguns dos primeiros discos do Angra e chegou a voltar para a banda após a saída de Aquiles Priester em 2008, também falou bastante sobre a importância de defender o Rock nacional, na sua visão, e sobrou até para Edu Falaschi em meio às críticas de Ricardo, que se declarou “patriota”:

Quero dizer que me considero um patriota. Moro no Brasil e já me chamaram para sair muitas vezes. Para quem não sabe, casei na Alemanha e cheguei a morar lá. Não suportei. Me interesso pelo Rock daqui. Quero fazer isso crescer. Vejo outros músicos do Brasil querendo bombar lá fora, no Japão, EUA e Europa. Não quero dar uma de Edu Falaschi. Ninguém é chupa pau de gringo não. O público quer ver o roqueiro de verdade. Semprei entrei na música não pela técnica; nunca fui um cara extremamente técnico, eu poderia ser, mas sempre dei preferência pelo feeling e atitude.

Finalizando com o clássico “quem me conhece sabe”, Ricardo Confessori mostrou que não irá aceitar pessoas tentando “ensinar a ser roqueiro” e destacou que “o Rock nunca foi aceitar o que te falam como certo”.

Ele ainda declarou que estará retomando as atividades de seu projeto solo, a Confessori Band, que, segundo ele, é composta por pessoas que “se encaixam nesse perfil”. Você pode ver tudo isso e muito mais no vídeo abaixo, com as falas completas do músico.

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