tom cruise em top gun maverick
Foto: Reprodução/Paramount

Após a crise do cinema causada pela pandemia em 2020 e a bagunça de estreias atrasadas, remarcações e cancelamentos em 2021, o ano de 2022 veio para dar certa estabilidade para a indústria cinematográfica.

Além disso, houve a consolidação do streaming como uma grande força, superando o pé atrás que a Academia tinha com os lançamentos on-line. Apesar disso, tivemos uma ou outra polêmica envolvendo diretores mais puristas que preferem apenas as telas grandes, IMAX, e todo esse papo — discussões que ainda vão durar muito tempo.

No meio disso tudo, o público acabou tendo acesso a vários títulos interessantes, seja para assistir na maior tela possível em salas de cinema, seja em televisões ou celulares no conforto de casa.

Confira, então, a nossa lista de Melhores Filmes do Ano!

10 – Tico e Teco: Defensores da Lei (Disney+)

A Disney trouxe de volta a dupla de esquilos famosa pelos desenhos animados para um filme de animação misturado com live action – e o resultado é maravilhoso! Na trama, Tico e Teco se reúnem anos após o cancelamento do seu desenho e partem em uma investigação sobre o desaparecimento de um antigo colega de elenco.

Parece pegadinha, mas Tico e Teco: Defensores da Lei é realmente um dos filmes mais divertidos do ano. O humor é bem mais adulto do que se esperava e as participações especiais são o mais puro suco de nostalgia. Pode não ter a profundidade de Iñarritú, a complexidade de Nolan ou a técnica de Taratino, mas quem disse que precisa disso tudo?

 

9 – Pinóquio por Guillermo Del Toro (Netflix)

Se existe uma obra que é refeita todo santo ano, esta é Pinóquio. A trajetória do menino de madeira que ganha vida é adaptada o tempo inteiro e, em 2022, foram DOIS grandes filmes revisitando a história. Enquanto o filme de Robert Zemeckis (De Volta Para o Futuro) foi um fiasco, a versão animada em stop motion de Guillermo Del Toro conseguiu inovar de forma criativa e divertida.

A história de Pinóquio por Guillermo Del Toro é situada na Itália fascista e a inocência do garoto transcende os dilemas tradicionais de um menino em fase de crescimento. Ele vai descobrindo mais sobre si mesmo, sobre o que define a nossa humanidade e também sobre o mundo à sua volta, acrescentando detalhes e enriquecendo a história de forma muito delicada.

Além disso, a animação do filme da Netflix é de uma qualidade absurda. Foram mais de mil dias de produção, equipes enormes e um trabalho exaustivo. Este é um candidato sério a melhor filme em stop motion de todos os tempos.

 

8 – Avatar: O Caminho da Água

James Cameron demorou 13 anos para voltar ao universo dos Na’vi e pode-se dizer que a espera compensou. Com algumas das técnicas de efeitos especiais mais impressionantes já feitas na história do cinema, Avatar: O Caminho da Água utiliza o que há de melhor na tecnologia para criar uma experiência visual incrível no cinema.

A história se passa anos depois dos acontecimentos do primeiro filme. Após um período de paz em Pandora, Jake Sully virou o líder do clã da Floresta e criou uma família com Ney’tiri. No entanto, investidas bélicas dos humanos dão início a um novo conflito e eles são obrigados a explorar outras regiões do planeta para sobreviver.

O grande diferencial deste para o primeiro filme é que a história acaba sendo mais interessante, com personagens desenvolvidos de forma a criar uma conexão mais forte com o público. Ainda não é um primor de roteiro e uma trama incrível, mas já é uma evolução.

 

7 – Não! Não Olhe!

Jordan Peele já está mais do que estabelecido como um dos maiores diretores em Hollywood na atualidade e todos os seus lançamentos atingem um nível de visibilidade que pode até jogar contra ele, uma vez que altas expectativas caminham lado a lado de grandes decepções.

Não! Não Olhe! (Nope) é um pouco mais divisivo do que seus antecessores (Corra! e Nós) por tratar de alguns assuntos de forma subjetiva. A crítica ao racismo está ali, que é marca registrada na filmografia de Peele, mas cada núcleo gera um tipo de debate diferente, incluindo comentários sobre Hollywood e uma pitada de horror cósmico.

A trama acompanha OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer), irmãos que cuidam do negócio da família de criação de cavalos em um rancho no interior da Califórnia, nos Estados Unidos. Eles são vizinhos de um parque com a temática do Velho Oeste e começam a ser aterrorizados após movimentações suspeitas no céu da região.

 

6 – Nada de Novo no Front (Netflix)

É curioso que o próprio nome do filme pode ser um trocadilho com filmes sobre a Primeira Guerra Mundial: nada de novo se vê na maioria dos lançamentos desse gênero. No entanto, apesar de não ser a primeira adaptação do livro homônimo escrito em 1929, Nada de Novo no Front de 2022 é um dos melhores já feitos com essa temática.

A história acompanha jovens alemães que se alistam com a promessa de serem heróis nacionais, gloriosos guerreiros que lutaram pela pátria e que voltariam para casa após marcharem pelas ruas de uma Paris derrotada. No entanto, como sabemos, nada disso é realidade e a vida real acaba batendo com força nesses garotos.

O sentimento de desilusão causado pela guerra é a principal emoção levantada aqui, fortalecida pela montagem que alterna entre as trincheiras e os salões nobres da política alemã. É um filme forte, mas reflete com maestria as sensações causadas por um ambiente de guerra no psicológico de jovens que percebem que foram iludidos.

 

5 – X: A Marca da Morte / Pearl

A dobradinha de terror dirigida por Ti West ganha uma menção conjunta entre os melhores do ano porque todo o projeto é interessante. Durante as gravações de X: A Marca da Morte, o diretor e a atriz Mia Goth se empolgaram tanto com a história que decidiram escrever uma prequela imediatamente. Assim, as gravações já emendaram e Pearl acabou sendo gravado logo na sequência.

Em X, a produtora queridinha do momento A24 não economizou na violência e na exploração do sexo para fazer um filme de terror bem diferente dos clichês contemporâneos. Não há jump scares sem propósito, o filme conversa artisticamente com o clássico O Massacre da Serra Elétrica e são esses detalhes que vão transformando a obra em um excelente terror trash.

A história acompanha um grupo de jovens que vai para uma fazenda com o objetivo de gravar um filme pornô, no final dos anos 1970. Eles acabam se deparando com o casal de idosos que são os donos da propriedade e aí começa o corre-corre pela sobrevivência.

Pearl se passa em 1918, em meio ao temor da Gripe Espanhola. A jovem Pearl segue uma rotina rígida imposta pela mãe enquanto espera pelo marido que está na Guerra e, sim, esta é a idosa de X.

O filme é violento e chocante, mas tem o ritmo mais desacelerado. Com mais foco no desenvolvimento da personagem e no desenvolvimento da sua personalidade, Pearl acaba se tornando uma das figuras mais icônicas do terror contemporâneo, com uma das melhores histórias de origem dos últimos anos.

 

4 – Aftersun (Mubi)

Aqui tem espaço para filme independente! Depois de ter circulado por alguns festivais pelo mundo e com estreia limitada nos cinemas brasileiros, Aftersun foi disponibilizado no catálogo do Mubi.

Nem parece, mas esse é o filme de estreia da diretora Charlotte Wells. Apesar de correr o risco de ser engolido por um mar de filmes sobre memórias, o refino técnico de Wells e a química perfeita entre Paul Mescal e Frankie Corio fazem de Aftersun uma maravilha que pode ser apreciada sem qualquer comparação com outras obras.

A história acompanha Sophie e suas reflexões sobre o passado por meio de filmagens caseiras das férias que passou com seu pai na Turquia, quando ela era criança. Wells atribui um tom de ponderação e análise à parte dramática para que o público não apenas vislumbre os acontecimentos, mas também interprete os seus significados. É emocionante demais!

 

3 – Tudo Em Todo o Lugar Ao Mesmo Tempo

Tudo Em Todo o Lugar Ao Mesmo Tempo é uma belíssima surpresa no nicho das ficções científicas. O filme dirigido pelos Daniels (Kwan e Scheinert) utiliza métodos e conceitos que estávamos acostumados a ver em desenhos animados (alô, Rick & Morty), mas pouco utilizados em filmes live action. Eles também contam com atuações incríveis, montagem frenética e muita, mas muita criatividade para contar a história principal.

A narrativa acompanha Evelyn Wang, uma mulher de meia idade que foi da China para os EUA e administra um negócio familiar de lavanderia. A vida desta senhora é virada de cabeça para baixo quando descobre a existência de um multiverso e que ela era a grande heroína, a única capaz de derrotar uma ameaça interdimensional.

As coreografias de ação são um espetáculo, com claras inspirações em clássicos de Jackie Chan e O Tigre e o Dragão, o roteiro consegue ser amarrado mesmo com tantas ideias malucas sendo apresentadas o tempo todo e, por incrível que pareça, sobra tempo para importantes reflexões sobre a vida. E ainda temos uma Michelle Yeoh maravilhosa, com uma atuação memorável.

 

2 – Argentina, 1985 (Amazon Prime Video)

O filme Argentina, 1985 já merece os parabéns pela coragem de retratar um período histórico tão polêmico quanto a ditadura militar do nosso vizinho platino, que durou de 1976 até 1983.

A produção acompanha o Julgamento das Justas, que levou à justiça os militares responsáveis por inúmeros crimes durante a ditadura, a partir do ponto de vista dos promotores Júlio César Strassera e Luis Moreno Ocampo.

A repercussão na Argentina foi muito positiva, com destaque para a importância de produtos culturais desse tipo no fortalecimento da democracia. Além disso, o diretor Santiago Mitre propõe reflexões para que todos se lembrem dos erros do passado para que eles não se repitam no futuro. Um filme complexo, criativo e historicamente relevante.

 

1 – Top Gun: Maverick (Paramount+)

Dois tópicos são muito importantes ao falar sobre Top Gun: Maverick.

Em primeiro lugar, apesar de já ser um projeto conhecido e ter sido adiado algumas vezes, essa era uma continuação teoricamente desnecessária. O primeiro filme é um clássico do cinema, tem uma história fechadinha e agrada tanto ao público mais velho quanto aos jovens.

O segundo ponto: já que ia ser feito mesmo, a chance desse filme dar errado era enorme porque o primeiro Top Gun é simplesmente incrível. Qual a chance de uma continuação sequer chegar perto daquele nível de qualidade?

Pois é… Top Gun: Maverick não apenas destruiu as desconfianças como superou o seu antecessor em vários sentidos. Este é um raro exemplo de continuação que não aposta em estratégias de caça-níquel para apenas encher o bolso de dólares em bilheteria e acaba se tornando, por si só, um marco importante no cinema.

Tom Cruise fez questão de utilizar tudo o que o cinema de ação tem para oferecer e fez um blockbuster à moda antiga em pleno 2022, cheio de efeitos práticos, personagens icônicos, cenas extravagantes e de uma breguice maravilhosa. Confira a crítica completa do TMDQA! para o filme do ano!

 

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