Babu Santana
Divulgação

Você provavelmente conhece Babu Santana, ator multipremiado e 4º colocado do reality Big Brother Brasil em 2020, mas talvez não conheça tão bem sua caminhada musical.

O artista hoje atua na música como o criador e cantor da Paizão Records, selo independente que fará sua primeira apresentação neste sábado (15), no festival Rap In Cena, no Rio Grande do Sul. O que começou como um convite específico ao Paizão se moldou a uma verdadeira invasão, com “mais de 20 artistas do Brasil inteiro” representando o coletivo, cuja produção é focada no trap.

Ao ser perguntado sobre o que podemos esperar do show, Babu foi categórico: “vamos levar muita diversão, muita alegria, muita vontade e muita garra”. Representando o selo, ele falou com exclusividade ao TMDQA! sobre essa volta aos palcos e como se forma essa equipe, que tem a juventude e a experiência se mesclando de diversas formas.

Leia na íntegra abaixo!

TMDQA! Entrevista Babu Santana

TMDQA!: Boa tarde e obrigado, Babu. Primeiramente, qual era a sua ideia com esse selo, que vem como um foco seu agora?

Babu Santana: Cara, foi muito engraçado porque tudo começou sem grandes pretensões, sabe? Eu me lembro que durante a pandemia eu falava sobre retornar com a minha banda, estava sentindo muito estresse na época. Nessa época estava encantado com essa nova vertente que é o trap, e eu queria colocar alguma coisa aqui na minha música.

Quando passou o Big Brother eu conheci um rapaz chamado Lacerda e fiquei impressionado com o talento dele como produtor. Ai falei, “Vou te levar lá no Rio uma semana para você fazer umas bases para botar na minha música”. Ele começou a produzir muito, virou uma máquina, e eu falei, “Pô cara, eu não sou rapper, então vou arrumar um rapper para rimar nos seus beats”, e aí lembrei de um cara que ficava me pentelhando na Rocinha falando que ia ser rapper, mas eu não podia fazer nada sendo ator, e chamei.

Depois o baterista da minha banda também tava fazendo beat de trap e assim a coisa foi se formando. Depois fiz um home studio e chamei uma molecada pra fazer isso rodar, o Hugo (Grativol, da equipe da Paizão) começou a aprender como faz para lançar o som e tudo mais, fomos atrás de quem fizesse logomarca… Em 2021 lançamos nossa primeira música, e até agora não paramos.

TMDQA!: E como alguém entra na Paizão Records?

Babu: Empatia, cara. Para entrar na Paizão tem que se ligar, tem que colar na galera e abraçar o projeto. Já teve artista aspirante a famoso que veio, mas não bateu tanto as ideias. E a gente fica muito junto, inclusive quando tava pensando no nome estava todo mundo me chamando de Paizão e aí foi isso, ficou a Paizão Records.

TMDQA!: E como surgiu esse show?

Babu: Eu fui convidado para fazer uma colaboração com o pessoal de Porto Alegre, que também é do Rap In Cena. Aí surgiu o convite, viram que eu realmente estava estruturando algo muito bacana, e eu falei, “Pô, posso levar minha tropa toda?”, e assim chegamos nesse ápice nesse pouco tempo. Até estou com a cara meio amassada (risos), porque nem estou dormindo direito de tanta ansiedade.

TMDQA!: E a abordagem com o selo é muito mais artística do que uma busca de lucro, né?

Babu: Sim, é a arte. Eu tento sempre passar pra essa molecada um pouco da cultura hip-hop, tento colocar isso numa música, até falei pro Lacerda outro dia, “Vamos fazer uma música pra ouvir a família toda, pra tocar no Natal sem a mãe levantar”.

Eu acho que o rap é a maior arma que a gente, preto, de periferia, tem. Traz a diversidade, cara. Eu acho que a gente pode mandar o nosso papo reto, pode ser agressivo sem agredir, sabe? É uma arma que a gente tem na mão, até para distribuir amor, empatia. E diversos momentos eu ia lá interferindo, levava livro, botava outro tipo de música, e tudo isso vai interferindo na nossa composição do nosso resultado.

TMDQA!: E quem são os artistas da Paizão? É mais a garotada do trap?

Babu: Isso, a gente foi agregando pessoas e fazendo as artes do nosso jeito, com gente do Brasil todo. Tem gente do Rio, gente de Belo Horizonte, até de Porto Alegre, como o Joca. Eu quero o artista que se encaixe com a gente, independente de onde for.

Eu falo com a molecada que a gente ainda não fez o som que vai fazer a gente ganhar dinheiro. E eu fico feliz de poder representar o jovem cantor, o jovem produtor, entender que a música é muito mais do que quem está ali com o microfone. E nada de projeto social, a gente tem pessoas com dificuldade financeira sim, mas não é esse o propósito. Se a gente fizer dinheiro é consequência do trabalho. Eu acredito é no trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho. Com muita garra, muita alegria e muita diversidade. 

TMDQA!: E já tem outros planos para após este show?

Babu: Ainda não. Depois disso a gente vai cuidar dos moleques, de cada um individualmente, do pessoal, vamos tentar vender os shows individualmente. Eu vou participar, e vamos ter esse show grande do selo na manga. Vai ser incrível, eu tenho certeza, com muita garra, muita humildade, e atitude, que é o principal de qualquer artista do rap. Atitude.

TMDQA!: E acho que a gente às vezes perde esse debate no rap né? Parece que as pessoas muitas vezes vem atrás só do sucesso, e é bom ver alguém mais experiente trazendo os princípios…

Babu: Cara, é a humildade. Eu acredito que o cara que é humilde chega em qualquer lugar, sempre tem espaço. Eu sempre falo isso, o rap tem o poder de despertar a consciência, dar oportunidade, sempre falo para lembrarmos disso. Vamos ostentar, mas de forma a vislumbrar uma melhora, não falar do carro que não temos e tal. É uma projeção de melhora.

TMDQA!: E você no selo é mais esse cara da gerência do que um artista mesmo, né?

Babu: Eu queria ser essa figura, como se diz, dos bastidores. Mas não deixaram, eles falaram, “Vem cá, vai meter a cara sim”. E não deu, eu falo que o trap é coisa de jovem mas pô, não to velho também! Tô aí, não dá pra ver a bola rolando e não tentar um chute no gol.

TMDQA!: Como você consegue conciliar a vida de ator, que é seu trabalho principal, com a música, cuidar da molecada…?

Babu: É nisso que entra a família. O Hugo me ajuda bastante, tem a Himiny, tem a Angélica que é a nossa figurinista, tem o Felipe, nosso produtor, Lacerda, a Isa, eu conto com a equipe pra que na hora que eu não posso estar com eles as coisas andem.

Claro, meu carro chefe é a atuação, é com o que eu posso investir na Paizão Records, é o que me possibilita dar educação e dignidade pros meus filhos. É pro que eu nasci, atuar pra mim é como respirar. Não posso parar e é algo que me da muito prazer. Estão vindo muitas coisas novas, assim como Os Suburbanos que está hilário, com o Rodrigo Santana que é talvez o humorista brasileiro vivo mais ativo, o que eu mais gosto. E ainda tem mais coisa vindo…

Mas, na verdade, nós que somos pretos da periferia é isso aí. Faz parte da ousadia. Me disseram um dia que eu não poderia fazer nada disso e eu estou aí, com muito trabalho e atitude, e se Deus quiser ainda vou voltar com a minha banda. E é isso, tem que trabalhar “nas 11”. Eu quero é trabalhar.

Eu não quero aqui gente famosa, eu quero aquele cara que tem talento e está desacreditado. Digo, “Vem cá que falaram o mesmo pra mim, vamos mostrar pro mundo que eles tão errados”. E na Paizão nem assinamos contrato, é no “fio do bigode”. Se ficar famoso, a única exigência que eu faço é: eu tenho um terreno em Parati que precisa de uma palmeira imperial. E não vem me dar uma médio porte não, eu quero uma gigante porque antes de eu morrer quero ver ela grandona!

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