Jonathan Ferr
Imagem: Reprodução / Capa do single "Lá Fora"

Se ao ouvir falar em jazz e piano você automaticamente pensa em músicos de figurinos clássicos e cores sóbrias, pode esquecer essa persona. Jonathan Ferr, aliás, é a personificação da quebra de paradigmas: estética, essencial e, claro, musicalmente falando.

Um dos representantes brasileiros do afrofuturismo, o pianista carioca lançou recentemente  — pelo selo slap, da Som Livre — o seu novo single “Lá Fora“. Primeira amostra de seu próximo álbum, a faixa traz a sonoridade boombap misturada aos acordes do piano e conta com a presença de Zudizilla e Coruja BC1 protagonizando os vocais.

Apesar da mistura quase homogênea entre o jazz e o hip hop, os ouvintes mais atentos vão identificar um dos pilares do novo trabalho do pianista: o “auto-sampleamento”, uma vez que “Lá Fora” é o sample de “Chuva”, track de seu álbum anterior, Cura (2021). Segundo Jonathan Ferr, um dos seus objetivos é provocar o ouvinte, fazendo ruir os limites entre jazz, hip hop e R&B:

O nome do meu novo álbum, ‘Liberdade’, dá todo o significado deste novo trabalho. É ser livre tanto no ato de samplear a mim mesmo — sendo o sample um tema às vezes tão controverso e polêmico na indústria musical —, quanto nas misturas sonoras, em que eu estou buscando um lugar fora dos estereótipos do que é jazz e do que é rap.

Jonathan Ferr prepara o lançamento de Liberdade ainda para 2022. O artista, que é também apresentador do podcast Passion4Jazz, será ainda uma das atrações da primeira edição do festival Primavera Sound no Brasil, a ser realizada em São Paulo, no mês de Outubro.

OWERÁ

OWERÁ
Foto por Igor de Paula

Resistência da tradição, da língua nativa, da espiritualidade. São essas as mensagens transmitidas por OWERÁ em seu novo álbum, Mbaraeté. O disco traz mensagem direta em letras que misturam o português e o guarani — língua mãe do artista.

O registro apresenta uma jornada que se desenrola em uma narrativa cheia de revolta, dor, mas também com muito amor, acolhimento e paz. OWERÁ evoca a resistência — palavra, inclusive, que é a tradução do título do álbum.

Mbaraeté é um disco feito para e com os povos indígenas. Ao lado de OWERÁ, estão seus familiares: Pará Retê, companheira e parceira musical; Tupã, seu filho e Olívio Jekupé, seu pai. O artista também convidou para participar do álbum Kelvin Mbarete e Bruno Veron (Brô Mc’s), Célia Xakriabá, Djuena Tikuna, Txana Ibã e OzGuarani.

A diversidade de povos originários existentes no Brasil está no cerne do projeto, que reúne as etnias Guarani Mbyá, localizada no sul da cidade São Paulo; Huni Kuin e Tikuna, da Amazônia; Xakriabá, de Minas Gerais; e também Guarani Kaiowá, que está em uma das regiões mais violentas do país, Mato Grosso do Sul.

Outro nome presente em Mbaraeté é Rod Krieger (ex-Cachorro Grande), que dividiu a produção com OWERÁ. A dupla trabalhou à distância na criação das faixas, não só devido à pandemia, mas também porque estão a um oceano de distância. Enquanto OWERÁ vive na Aldeia Krukutu, em São Paulo, Rod vive atualmente em uma aldeia no interior de Leiria, em Portugal. Sobre a parceria, o rapper comenta:

A luta não é só dos povos indígenas. A luta pela natureza é de todos. Agora chegou a hora das pessoas nos ouvirem. Parceiros como o Rod são pontes que nos ajudam a espalhar a mensagem. Precisamos dessa união para nos fortalecer. E hoje, depois de toda a experiência, eu me considero um produtor musical. Aprendi muito. Com certeza, abriu um novo universo pra mim.

Cabal & Terra Preta

Cabal e Terra Preta
Foto: Divulgação

Os rappers Cabal e Terra Preta estão encerrando a parceria que durou seis meses e lhes rendeu um álbum, dois EPs e três singles. Bem, agora são quatro, já que o anuncio veio acompanhado da inédita “Deus é Por Noiz“.

A música recebeu um visualizer onde os artistas aparecem cantando seus versos enquanto são protegidos por Jesus — interpretado por Guilherme Campos — das balas que voam em direção a eles. Sobre a escolha do ator, Cabal, que assina a direção do clipe, comenta:

Escolhemos o Guilherme para interpretar Jesus porque acreditamos em um Jesus negro e com traços parecidos com os dele.

O lançamento traz a fé e a espiritualidade em um momento em que o trap está imerso em letras de ostentação das mais variadas formas: jóias, dinheiro, marcas de luxo, carros e drogas. A fé e a espiritualidade neste caso não vêm carregadas de moralismo, mas sim como um respiro diante do momento em que vivemos.

Enquanto, para Cabal, Deus é representado por uma luz divina, para Terra Preta, Deus é uma força criadora do Universo. Os dois decidiram firmar a parceria em um momento em que ambos se encontravam com a fé abalada. Foi num terreiro de umbanda que receberam a mensagem de que são irmãos de alma e que deveriam cuidar um do outro.

Desta forma, não tinha música melhor para marcar o encerramento deste ciclo do que “Deus é Por Noiz”, representando a renovação da fé dos rappers, que agora, amadurecidos, irão trilhar seus próprios caminhos. Inclusive, Terra Preta anuncia que lançará um álbum  solo de inéditas ainda neste semestre.

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