Leah Kate
Divulgação

Sempre dividindo opiniões, o TikTok já estabeleceu um lugar na indústria musical e não tem como fugir disso. Diversos artistas vêm surgindo no cenário mundial graças à plataforma, e um exemplo de como isso é bom para quem curte música é a ótima Leah Kate.

Após viralizar na rede social com o hit “10 Things I Hate About You”, a cantora vem se estabelecendo cada vez mais como um grande nome da nova geração e faz um trabalho fenomenal de incorporar influências que vão do Rock ao Pop, navegando por sonoridades dos anos 90 e 2000 com maestria, o que vai ficando ainda mais evidente com seus lançamentos mais recentes, incluindo “Life Sux”.

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Em um papo super descontraído, Leah conversou com o TMDQA! para detalhar seu processo de composição e também deu suas opiniões sobre o poder do TikTok, contou histórias de sua vida de turnê e muito mais. Confira a seguir!

TMDQA! Entrevista Leah Kate

TMDQA!: Oi, Leah! Como você está? Obrigado por tirar um tempinho para falar conosco. A primeira vez que ouvi falar de você foi com “Fuck Off the Friendship”, então já faz um bom tempo.

Leah Kate: Olá! Eu estou bem! Meu Deus, você está aqui desde o começo. Bom, não desde o primeiro dia, mas desde bem cedo!

TMDQA!: [risos] Sim! E pra gente começar, eu queria voltar pra esse tempo porque eu sinto que é onde tudo começou a dar certo — mas não antes de dar tudo errado. Você meio que “flopou” inicialmente, mas agora tudo ficou bem e virou o que é hoje. Queria que você falasse sobre o esforço que foi necessário colocar nessa música, o quanto você teve que acreditar que aquele realmente era o ponto de virada pra você, que daquela vez ia dar certo.

Leah: Eu acho que, por muitos anos, só ver portas sendo fechadas e não receber respostas, ninguém ligar, ninguém ouvir, ter tipo um stream nas minhas músicas me fez querer trabalhar ainnda mais duro, porque eu fiquei tipo, eu quero, literalmente, que a minha música seja ouvida. E ela não é ouvida agora. E, sabe, eu tive muito mais nãos até receber qualquer tipo de sim, no sentido de que as pessoas estavam interessadas em mim enquanto artista. Acho que toda esse rejeição por vários anos me fez querer trabalhar mais duro.

Eu fiquei tipo, “Eu não vou desistir ou ligar para o que as pessoas pensam”. Se as pessoas não tão juntas comigo, de boa. Alguém vai, algum dia, e isso foi o que me fez trabalhar muito duro. Talvez até de um jeito implacável, e sem nenhum tipo de vergonha. Porque a rejeição é uma merda e eu tive muito disso. Então eu pensei, tipo, “Eu vou ter certeza de que minhas músicas sejam boas algum dia”, e eu só trabalhei muito duro. E esse trabalho duro continua mesmo agora que tenho um hit enorme nesse momento; isso me faz querer trabalhar mais ainda, para ter o mesmo sucesso com as próximas músicas e nunca parar de trabalhar duro. Foi muito esforço, mas vai continuar acontecendo.

TMDQA!: Que legal. E quando isso aconteceu, você finalmente estourou e tudo mais, foi nesse momento que você pensou que poderia viver disso ou você já tinha isso em mente — algo tipo, “Vou viver disso independente de qualquer coisa”?

Leah: Sempre foi algo no sentido de achar uma forma de fazer isso. E era tipo, eu sei que vai ser difícil, e talvez nunca aconteça, mas eu precisava colocar isso no mundo e fazer isso acontecer. Poderia levar 100 anos, eu não sei. Mas quando de fato aconteceu, eu fiquei tipo, “Uau, isso é legal”. Agora eu consigo pagar minhas contas, sabe, pagar meu aluguel com isso. Isso é estranho, inclusive, porque sempre foi tipo — eu estava fazendo música, mas eu não estava, tipo, morando com meus pais e tudo mais. É uma vida com muitos sacrifícios, não era uma vida luxuosa de jeito nenhum.

Mas aí quando tudo isso realmente bateu, especialmente com essa música, foi tipo, “Eita, isso está indo…”. Mas na minha cabeça, no entanto, eu ainda ficava tipo, “Por favor ouçam minha música!”, e ainda ficava entregando minha mixtape, sabe? Então meio que não tinha registrado isso, mas eu entendia que algo estava acontecendo. Eu estava tipo, “Ok, estamos tendo milhões de streams por dia agora. Isso é estranho, mas vou aceitar!”.

TMDQA!: Sim! E obviamente precisamos falar sobre “10 Things I Hate About You”, um hit tão grande. Acho que uma coisa bem engraçada sobre essa música é o fato dela ter meio que virado um hit antes de sair, porque as pessoas ouviram um trecho e já adoraram. Como você lidou com isso? Rolou uma pressão?

Leah: Nossa, pois é! Meu Deus, foi uma loucura. Eu tinha lançado uma música na semana anterior, e aí eu pensei tipo, “Ah, vou só dar um gostinho de ’10 Things I Hate About You’, porque eu a amo tanto”. Eu só queria que o mundo a ouvisse, eu não queria esperar mais. E dentro de, tipo, segundos, milhões de visualizações. Então eu pensei que eu precisava lançar essa música o mais rápido possível, daí eu tive que ligar pros meus empresários e falar, tipo, “Nós vamos lançar uma música nova semana que vem”. [risos] Eu sei, nós acabamos de lançar uma no outro dia, mas é uma questão de sobrevivência!

Tipo, a gente ia lançar isso e todo mundo ficou falando sobre como ela iria canibalizar o lançamento anterior, mas tudo bem porque eu só queria lançá-la o mais rápido possível por saber que algo realmente especial iria acontecer com base nas milhões de pessoas que estavam implorando pra que eu lançasse. E isso nunca tinha acontecido comigo! Minhas músicas já tinham ganhado tração depois do lançamento, mas nunca antes de sair. Então foi algo tipo, “Meu Deus, eu quero que as pessoas possam ouvir isso agora”.

Ela foi mixada e masterizada nesse mesmo dia, fizemos a arte e lançamos tudo uma semana depois. Mas com relação à pressão, deu certo!

TMDQA!: Falando em questão musical, acho que suas músicas vão para muitas direções diferentes e interessantes. Sinto que você é influenciada por muitas coisas que saem da caixinha também, tipo o No Doubt, e parece que você processa isso de formas muito únicas. Fala um pouco mais sobre como você consegue fazê-las soarem assim?

Leah: Eu acho que, crescendo, eu estava sempre perto de tantos tipos interessantes de música porque meu pai trabalhava na rádio. Apesar de ser uma rádio de esportes em espanhol, ele estava sempre tocando todo tipo de música e eu amava Avril Lavigne, blink-182, Green DayOutKast. E também tinha Britney Spears e Christina Aguilera e eu pensava, “Ok, eu quero ser que nem vocês”. E tem também Fergie, e até o Nirvana, tantos tipos diferentes de música que eu ouço que provavelmente me impactaram e impactaram meu som.

Mas eu amo guitarras e esse Rock de arena, é o meu tipo preferido de música. E na questão das letras eu só sinto que a minha vida é uma comédia romântica. Eu sempre tive todo tipo de problema com garotos, tipo, sair com as piores pessoas e eu tinha tanta raiva dentro de mim por conta disso. Então eu decidi que eu iria simplesmente contar ao mundo a minha história. Acho que as pessoas também gostam de gritar junto comigo, então beleza! Pelo menos algo legal surgiu desses dias ruins. [risos]

TMDQA!: E, falando das letras, elas realmente são bem pessoais. De uma certa forma, elas são muito explícitas em contar os detalhes da sua vida. Quão doido é ver as pessoas se conectando com as suas histórias pessoais assim?

Leah: É uma loucura. É algo que me deixa muito feliz. Claro, eu fico tipo, sinto muito que vocês se conectem com isso. [risos] São alguns versos terríveis, se você está envolvido com isso, que pena! Mas fico feliz porque eu escrevi essas músicas para me curar. Então eu fico feliz por poder ajudar a curar outras pessoas e empoderar outras pessoas como eu, e isso também acaba me empoderando. Eu fico feliz por poder ajudar os outros através da música.

TMDQA!: Acho que, das suas músicas, a minha preferida é “F U Anthem”. Ela soa muito como algo do Hole, o que é um baita elogio, eu adoro! 

Leah: Sim! Foi uma grande influência.

TMDQA!: E ela soa bem pesada, né? É bem diferente, por exemplo, de “10 Things I Hate About You” que é uma pegada mais Pop Punk mesmo. Com tantas direções diferentes, tem algo que você não fez ainda e tem vontade de explorar nesse sentido?

Leah: Eu acho que meus próximos lançamentos, em questão de letras, vão muito além de qualquer coisa que eu tenha feito e as histórias são realmente muito doidas. E, sabe, se você acha que “10 Things” é nessa pegada Pop Punk, as vibes são bem parecidas no sentido de Hole, essas coisas bem Pop Punk, Rock! Mas as letras são ainda mais doidas, as histórias são uma maluquice.

E tipo, é mais um pedaço de um mundo para o qual eu estou tentando trazer todo mundo que é muito divertido. Mas se você ama “F U Anthem” e “10 Things” você vai amar tudo que está por vir porque estão todas em um universo similar, só ficando ainda mais louco.

TMDQA!: Legal! Curioso pra ver tudo isso. Vi você em turnê recentemente e tem um vídeo que circula onde você fala que está no maior palco que já esteve, falando com as pessoas do público, e eu queria saber como tem sido essa sua experiência, ver todo mundo cantando suas músicas assim.

Leah: Foi tão doido! Teve um momento da minha vida, durante a minha primeira turnê, que a gente ficava dirigindo por aí em uma van Sprinter sem ar condicionado por um mês e foi tão difícil. Era o ponto mais baixo mas também o mais alto que eu já passei, tipo, era como se todo dia eu fosse morrer antes que o show acabasse. Eu estava até doente, tipo, de verdade, era só fazer uma coisa e depois a próxima mas aí eu subia no palco e tudo saía do meu corpo, eu estava tendo o melhor momento da minha vida. E aí era dormir e fazer tudo de novo.

Então, tudo isso foi a experiência mais incrível. Eu não achava que as pessoas iriam saber quem eu era, ou conhecer minha música quando eu subisse no palco. Mas era o oposto! Todo mundo estava gritando junto comigo. Eu ficava tipo, “Como assim? Vocês me conhecem?” Foi tão divertido porque as pessoas sabiam mesmo as letras. E eu ficava tipo, “Bom, legal, acho que tenho alguns ouvintes aqui. Legal, isso é bom”. Mas eu não sabia que isso ia rolar, então eu ficava muito empolgada!

Eu esperava só que uma pessoa soubesse cantar minhas músicas, mas era o lugar inteiro. Isso foi muito legal.

TMDQA!: E muito disso vem do TikTok, né? É uma rede que obviamente tem muito a acrescentar na indústria musical, mesmo que alguns artista não tenham afinidade com ela. Como você disse, no seu caso, bastou um trecho para viralizar. Quão importante é ter essa plataforma e o que você acha que ela vai representar na indústria da música pro futuro?

Leah: Eu acho que o TikTok, sabe, ninguém deveria ser forçado a usá-lo. Se você não gosta dele, não o use. Eu pessoalmente odiava! No começo, eu pensava tipo, “Ah, Deus, outra plataforma”, tipo, “Não, obrigada”. E aí durante a pandemia eu comecei a usar e a beleza do TikTok é que você deixa as pessoas do público decidirem se gostam ou não daquilo. Acho que isso é tão poderoso e incrível, e foi o que me ajudou a encontrar um público, então eu sou muito grata por isso.

É incrível que você pode só colocar um trecho de 10 segundos de uma música e, se as pessoas gostarem disso, vai chegar até milhões de outras que podem curtir. Se ninguém curtir, então talvez 100 pessoas vão ver e é tipo, “Ok, beleza”. E aí, no fim das contas, eu só vou lançar as músicas que eu amo, mas é um ótimo lugar para testar músicas e falar tipo, “Galera, o que vocês acham disso?”. Acho que é uma plataforma realmente muito poderosa da qual eu pude tirar vantagem, e se tornou um grande sucesso pra mim porque eu já ganhei vários fãs por conta do TikTok. Sou muito grata por isso.

TMDQA!: Sim, faz todo sentido. Eu tenho mais duas perguntas que são relativamente rápidas: primeiramente, você já deve ter visto várias trends com “10 Things I Hate About You”. Tem alguma preferida?

Leah: Eu amo essa trend de “10 Things” que é tipo, “10 red flags” [nota: red flags são sinais de que uma pessoa tem comportamentos problemáticos] de um cara que eu jamais iria namorar, ou tipo as 10 coisas que eu mais odeio ou as 10 coisas que eu mais amo e só as pessoas compartilhando as 10 coisas que amam ou odeiam. Isso tem sido muito legal de assistir, porque você consegue ver o que as pessoas gostam, o que elas não gostam. É minha preferida do momento.

TMDQA!: Por fim, o nome do nosso site é Tenho Mais Discos Que Amigos e a gente adora perguntar: você tem mais discos que amigos? Qual disco é o seu melhor amigo?

Leah: Nossa, sim. Definitivamente tenho mais músicas que amigos, mas acho que discos também. Na verdade, com certeza. Eu não tenho tantos amigos assim! Eu na maior parte do tempo estou com a minha mãe e meu cachorro. Eu realmente não tenho tantos amigos assim, e eu adoro focar na música e ficar de boa. Sou uma vovózinha, quase não saio. Então, sim, 100%.

E sobre o disco que é meu melhor amigo, eu aleatoriamente voltei a ouvir o primeiro disco da Avril Lavigne porque algo apareceu no meu Instagram e eu comecei a ouvir “Complicated” e aí só fui embora a partir disso. Eu acho que é algo que muda todo dia, mas até ontem era esse.

TMDQA!: Leah, muito obrigado pelo seu tempo! Foi um prazer falar com você. Espero que possamos nos falar de novo em breve e quem sabe eu não te vejo no Brasil em breve?

Leah: Eu adoraria ir ao Brasil! Obrigada, foi um prazer.

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