Red Hot Chili Peppers - By The Way

A reunião da formação clássica em 2022, junto com disco novo e turnê mundial, comprovou mais uma vez que o Red Hot Chili Peppers é uma das bandas mais importantes da história do rock. Embora essa afirmação seja uma unanimidade, a escolha do melhor disco do grupo californiano está longe de ser assim.

Muitos apontam Blood Sugar Sex Magik (1991) como o top 1. Ali está o auge da energia do grupo, o funk-rock comendo solto, a bateria seca e precisa, as letras ácidas, as transições que conectam as canções. O conceito e os hits gritam: “obra-prima”.

Outros apontam que o retorno de John Frusciante em Californication (1999), depois de se livrar do abuso de drogas, sintetizou a alma da banda e trouxe junto o sucesso comercial — até hoje, é o disco mais vendido do grupo.

Mas o primeiro trabalho dos Chili Peppers no século XXI tem algum encanto especial. By The Way, lançado em 9 de julho de 2002, tem a formação clássica, uma capa icônica, sucessos como a faixa-título, “Can’t Stop”, “The Zephyr Song”, “Dosed” e “Universally Speaking”. Mas tem algo a mais ali.

Para celebrar 20 anos desse álbum lendário, reunimos algumas histórias e curiosidades da gravação e do legado de By The Way.

John Frusciante toma as rédeas e incomoda Flea

Já era o oitavo disco do Red Hot, o quarto com produção de Rick Rubin e o terceiro com John Frusciante no grupo. Os dois primeiros álbuns com a assinatura do guitarrista foram justamente os supracitados como melhores da carreira da banda até então.

A história conta que By The Way começou a ser composto logo depois da turnê de Californication. Em uma entrevista na época, Anthony Kiedis disse que ele e Frusciante passavam dias inteiros trabalhando juntos, e assim começaram a “encontrar magicamente os riffs, ritmos e grooves” para novas músicas. Segundo o vocalista, o guitarrista estava “transbordando confiança” depois de se recuperar do vício.

Chad Smith disse durante o lançamento do álbum que ele era “dinâmico, rico e exuberante”. Mas as canções estavam fugindo do estilo funkeado que o grupo tinha consagrado. Naquele momento, Frusciante estava numa fase em que ouvia muito Beatles e Beach Boys, e colocou essas referências não só nos acordes da guitarra, mas também nos arranjos vocais e até nas linhas de baixo.

O guitarrista já chegou a dizer que “escrever By The Way foi um dos momentos mais felizes da minha vida”. Essa nova construção influenciou Kiedis, que tinha acabado de terminar um relacionamento e sofrer uma recaída nas drogas, e escreveu letras bastante reflexivas e emotivas, como “This Is The Place” e “Don’t Forget Me”.

Mas havia um membro não tão satisfeito assim. Sentindo que seu papel como compositor tinha sido diminuído, Flea foi um ponto de discordância durante todo o processo, e considerou deixar o grupo antes mesmo da turnê do disco e depois novamente durante as apresentações. O conflito foi solucionado com reuniões internas, mas o baixista só sossegou mesmo depois que teve mais espaço em Stadium Arcadium, o disco seguinte.

Disco gravado; hora de uma turnê histórica

A boa recepção de By The Way por público e crítica foi imediata. O disco vendeu quase 300 mil cópias nos Estados Unidos em sua primeira semana, e 1,8 milhões de cópias em todo o mundo, fazendo com que atingisse o número dois no Billboard 200. O certificado ouro veio apenas três meses depois, em 26 de outubro de 2002.

A turnê mundial do álbum durou simplesmente 18 meses e teve datas históricas no meio do caminho. O DVD Live at Slane Castle, um dos registros mais queridos dos fãs, e também Red Hot Chili Peppers Live in Hyde Park, primeiro álbum ao vivo da banda, são dessa época.

Até hoje, aliás, as músicas de By The Way são pilares dos shows do Red Hot. De acordo com o site setlist.fm, entre as cinco músicas mais tocadas pelo grupo em sua história, duas são do álbum de 2002: a faixa-título e “Can’t Stop”.

Na turnê de reunião em 2022, aliás, “Can’t Stop” tem sido usada para abrir os shows, enquanto “By The Way” encerra as performances.

Outras curiosidades dos 20 anos de By The Way

Todas as artes do disco, inclusive a pintura da capa, são creditadas a Julian Schnabel, considerado um dos maiores artistas do neo-expressionismo, com obras exibidas nos principais museus do planeta. A mulher retratada na capa é Stella Schnabel, filha do artista e então namorada de John Frusciante.

Outro fato importante é que o protagonismo de Frusciante durante o processo de composição se reflete nos hits do álbum: os riffs de introdução de “Don’t Forget Me” e “Can’t Stop” estão entre os mais clássicos do rock.

By The Way está justamente no meio do que é considerada a “trilogia de ouro” dos Chili Peppers, entre os álbuns Californication e Stadium Arcadium. Pra quem busca profundidade e uma montanha-russa de emoções durante a audição, o álbum que está completando 20 anos é diferente. E é aí que está o “algo a mais” desse queridinho dos fãs.

Relembre a seguir!

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