Drik Barbosa
Foto por Lana Pinho

É sobre o toque não mais machucar e a dor do banzo virar cicatriz. Sobre a urgência do auto-cuidar também ser luta“. Esse é o verso que abre Nós, o novo EP de Drik Barbosa.

O projeto é fruto de uma jornada de cura e autoconhecimento na qual a artista — um dos maiores talentos do rap nacional contemporâneo — mergulhou assim que a pandemia da COVID-19 se estabeleceu ao redor do mundo.

A rapper paulistana recorreu aos saberes ancestrais de usar a música como forma de resistência, preservação da identidade e amenização das dores e angústias dos nossos tempos. Foram 2 anos nesse processo e, de lá pra cá, compartilhou todo afeto encontrado em sua busca por meio de 4 singles.

Drik Barbosa de “Cabeça Erguida”

Em um caminho narrativo que toma como ponto de partida as suas vivências pessoais para propor um novo amanhã, o EP Nós aborda o resgate da humanidade e a importância do afeto na vida das pessoas, trazendo mensagens de empatia e de resistência.

O primeiro lançamento veio ainda em 2020, com a inédita “Sobre Nós“, parceria com o rapper Rashid. Em 2021, o projeto se estendeu com “Seu Abraço” e “Calma, Respira“, a primeira ao lado de Psirico e RDD e a segunda com o ídolo Péricles.

A conclusão do EP veio há poucos dias, já em 2022, com o single “Cabeça Erguida“, dessa vez com as participações de Cynthia Luz e Lourena. Na novidade, Drik apresenta o sentimento de esperança e de união em primeiro plano:

Ter três mulheres cantando sobre esperança é símbolo de coragem. Nós, como mulheres no Brasil e no mundo, enfrentamos muitas barreiras e temos que quebrá-las para poder realizar os nossos sonhos.

A força dessa união é vista também no videoclipe da faixa, que tem direção de Gabi Jacob e traz referências da cultura brasileira. Abraçando o reggae como sonoridade que remete à liberdade, “Cabeça Erguida” é uma ode à superação e conquista.

Para sabermos mais sobre o processo que deu origem ao novo EP de Drik, o TMDQA! realizou uma entrevista exclusiva com a rapper, que falou sobre realizações, parcerias, amadurecimento e a importância da união da comunidade afro-brasileira. Você confere nossa conversa, na íntegra, logo após o clipe de “Cabeça Erguida”.

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TMDQA! entrevista Drik Barbosa

TMDQA!: Olá, Drik! É uma felicidade ter essa conversa com você, admiro muito seu trabalho e agradeço pelo seu tempo. Você acabou de fechar o EP “Nós”, com a chegada do single “Cabeça Erguida”, com Cynthia Luz e Lourena, que tá espetacular. E eu queria abrir nossa entrevista perguntando: como tem sido esse momento pós-lançamento, de conclusão de um projeto de 2 anos, e como tem sentido a recepção do trabalho?

Drik Barbosa: Obrigada! Nossa, eu tô muito feliz, né?! A gente fez dois shows agora no fim de semana [25 e 26 de Junho], lá no Sesc Vila Mariana, celebrando o projeto, celebrando essa finalização também. E poder cantar com as pessoas pertinho, num projeto que começou durante a quarentena, foi muito especial, foi muito emocionante mesmo. E aí, esse combo do lançamento junto, foi muito legal, eu tô muito feliz com essa colaboração de “Cabeça Erguida”, junto com a Cynthia Luz e com a Lourena.

Eu queria muito trabalhar com elas já e encaixou perfeitamente com essa mensagem super importante para esse momento, principalmente, que a gente tá vivendo no Brasil e no mundo. Então tá sendo um misto de emoções, de felicidade, de dever cumprido, a sensação de “entregamos o projeto”, eu e todo o time envolvido. Então tá sendo muito bom e o feedback maravilhoso.

Teve um comentário no Twitter que eu amei! A menina falou assim: “Drik com o projeto ‘Nós’ fazendo mais do que sei lá quantos anos de terapia”, e aí eu fiquei “pô, muito legal, mas não deixa a terapia também”. [risos] Mas esse era o intuito, uma forma de cooperar pro bem-estar, pra uma reflexão sobre a gente, se cuidar e cuidar do outro. Então eu tô super feliz.

TMDQA!: Eu ia falar justamente dos shows, porque o mais legal é que a maioria das músicas nasceram durante a pandemia, algumas já fizeram até aniversário, então elas vieram sem esse olho no olho com o público. De repente, você sobe no palco e tá todo mundo com as músicas na ponta da língua, imagino que isso deve ter sido mágico!

Drik Barbosa: Nossa senhora, me arrepio só de lembrar! Cantando “Sobre Nós”, todo mundo muito emocionado, curtindo as outras super também. Cantar “Calma, Respira”, que é nosso pagode com Péricles, ao vivo, foi demais, com a banda… Ai, foi realmente um sonho, um sonho realizado. Eu comecei o projeto sonhando com esse momento e realmente tendo esperança que ele ia acontecer, então foi muito bonito, muito importante conseguir estar aqui e poder realizar.

TMDQA!: Esse EP marca uma trajetória de 2 anos em 4 faixas, e começou como um processo de cura pessoal nessa fase tão difícil que foi e tem sido a pandemia. Na sua discografia, o resultado dessa jornada de reflexões e reavaliações são músicas que falam de resistência, de empatia, de ancestralidade, de amor preto, amor próprio, também… E na vida pessoal, o quanto Drik Barbosa mudou desde que “Nós” começou, em 2020, até a conclusão agora, em 2022?

Drik Barbosa: Nossa, com certeza houve um amadurecimento, de autoconhecimento, de conexão comigo mesma, que o projeto trouxe, de eu poder mergulhar ainda mais fundo no que eu tava sentindo para poder compartilhar isso em música com as pessoas. Então, tudo que eu canto, eu digo que são conselhos pra mim também. Tudo que eu escrevo, não só o projeto, mas desde sempre, são conselhos pra mim, coisas que eu quero levar para as pessoas. Então, pessoalmente, foi um projeto que me abraçou muito, mesmo! Toda vez que eu canto, eu sinto um quentinho no coração que me ajuda a seguir, sabe?

Todo mundo tem seus momentos de medo, de insegurança… e quanta insegurança, principalmente pra nós [pessoas pretas], né? Enfrentando toda essa estrutura que não nos respeita, não nos dá espaço pra ser quem a gente é, então foi muito bonito viver esse processo, [mas] muito doloroso também, infelizmente, porque é um processo de resgate e também um processo de entender as dores e saber como prosseguir curando todas essas dores. “Sobre Nós” fala sobre isso, sobre a nossa ancestralidade de uma forma de celebrá-la, mas também de entender essas dores que vêm desde então e que a gente continua carregando, e como respeitar essa ancestralidade de uma forma bonita, mas também saber que é uma luta, que é uma resistência e que dói. Enfim, mexeu muito comigo, ainda mexe muito comigo, pessoalmente, assim. Mas foi um processo muito especial. Tá sendo ainda.

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TMDQA!: Eu já tinha escutado os singles antes, mas o que eu acho mais bonito é que, no formato EP, as quatro faixas juntas, você escuta uma atrás da outra e elas se conectam. E tanto no título, quanto na capa, quanto na temática das músicas, “Nós” tem essa aura de comunhão, de uma cura que a Drik buscou e que hoje é compartilhada com todo mundo. A música com Péricles, por exemplo, que fala “calma, amor, tem dia que a gente não tá bem”, pode parecer que tá falando de um casal, mas também tá cantando diretamente pra qualquer pessoa que tá num momento difícil… enfim. Quem são todos esses “Nós” e como você espera que esse trabalho impacte as pessoas?

Drik Barbosa: Sim, eu acho que esse todo é a gente se enxergar como um coletivo. Eu acho que pra nós, principalmente, comunidade preta, afro-brasileira, a gente se vê assim, mas a gente pode ampliar muito mais essa coletividade, a gente pode entender ainda mais o quanto é importante a gente caminhar junto, enfrentando todas as nossas lutas. É difícil pra caramba, nós somos uma maioria no país onde a desinformação, o empenho em desestruturar famílias negras é muito forte… São coisas que nos separam dia a dia da gente se conectar cada vez mais e poder, enfim, mudar essa atrocidade que a gente vive no Brasil há muito tempo.

Quando eu falo esse “Nós”, é, principalmente, nós pessoas pretas brasileiras que precisamos desse resgate da nossa nacionalidade, da nossa dignidade, dos nossos direitos; mas também abraça o todo, com certeza, abraça todo mundo que tá junto com a gente nessa e a gente tá junto com geral também. A gente quer exatamente o mesmo que todo mundo quer: vida digna, respeitosa, viver em paz, viver dignamente, com conforto, com todas as ferramentas que a gente precisa para viver uma boa vida. E merece, né?! Não só precisa, mas merece. Então é esse “Nós” nesses lugares, é diretamente sobre isso.

O projeto “Nós” também veio bem naquele momento onde houve toda aquela movimentação por conta do George Floyd, tudo que tava acontecendo digitalmente, e a gente viveu tempos imersos no digital, dentro da quarentena, que eu fui vendo cada vez mais o quanto a gente tá separado, velho, e o quanto isso é perigoso, sabe? Eu fiquei pensando nisso: “como que a arte, como que a música, a cultura, nos une de uma forma tão foda; como que a minha arte podia colaborar?”. Então, “Nós”, esse nome, é sobre nós, de coletividade, mas também [é] desatar esses nós que nos separam, que nos colocam um contra o outro, porque esse sistema pretende isso, né?

“Calma, Respira”, que você apontou, por exemplo, ela é muito ampla, né? A gente pode cantar pro parceiro, pra parceira que caminha junto com a gente, pode cantar pra sua mãe, pro seu amigo, pra alguém desconhecido que você vê que tá passando por alguma coisa, na internet ou que você encontrou… Tanto que o clipe fala sobre um relacionamento de paternidade, de uma filha com pai, que também cabe totalmente no que a música tá dizendo. É agradecer essa pessoa que te fortificou e nesse momento você precisou dela. Eu acho que todo mundo precisou de todo mundo durante esses últimos anos, mais do que nunca. É nesse sentido que o projeto vem.

TMDQA!: Nossa, perfeito! Na nossa sociedade e também no recorte do rap, a gente também convive com o machismo, fomos moldados dessa forma, mas nos últimos anos esse cenário tem ganhado novos ares. Aqui no Brasil e lá fora a gente tem acompanhado um movimento crescente de novas rappers, de rappers LGBTQIA+ também… Qual a importância de fechar esse processo de cura reunindo três mulheres que estão em evidência cantando sobre esperança, resistência, superação e realização?

Drik Barbosa: É potência, potência total. A intenção é totalmente essa: as pessoas que nos ouvirem se sentirem no mesmo corre que a gente, entenderem que a gente tá tudo no mesmo barco. Então ter potências das artes como a da Cynthia, como a da Lourena, mulheres que são extremamente inspiradoras, mulheres que cantam sobre suas vivências nas suas músicas abertamente, isso traz as pessoas pra perto da mensagem que a gente quer passar.

Quando eu ouço elas, eu sinto essa energia, então foi perfeito porque eu pensei: “pô, é exatamente a energia que eu quero passar, elas também passam e a gente vai potencializar isso e levar pras pessoas sentirem”. É esse feedback que a gente tá tendo, das pessoas falando “eu me identifico totalmente, eu sou uma pessoa que mesmo com os problemas continua de cabeça erguida e tal” e, principalmente, mulheres falando isso, é muito foda.

E a gente tem, não só dentro do rap, mas em toda cena musical, do Brasil e do mundo, mais mulheres, mais cantoras, artistas LGBTQIA+, presentes, falando sobre suas vivências, isso é potente demais. A gente tá criando história, né? A arte é uma coisa muito bonita porque a gente vai, faz a nossa passagem, mas ela continua aqui e continua acessando pessoas e ajudando pessoas nas suas vidas. E saber que meninas vão nos ouvir e vão refletir sobre coisas que a gente talvez não refletiu quando criança, por não ter esse tipo de mensagem chegando facilmente à gente através da arte, isso é muito potente, isso é muito especial. Então, significa muito pra mim tá com elas, mesmo, e fazer essas conexões pra gente poder juntar nossa arte e espalhar pro mundão, deixar no mundão.

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TMDQA!: E pra completar, já que citamos as duas e o Péricles, o EP conta também com Rashid, com Psirico e com RDD. Como você escolheu esses artistas para participarem desse processo e como foi trabalhar com tanta gente incrível no meio da quarentena?

Drik Barbosa: Nossa, a gente teve que fazer toda uma logística pra dar certo. Consegui gravar as músicas e as coisas à distância, né? E também consegui realizar o clipe com toda segurança pra que a gente pudesse estar dentro de um set [de filmagens], com uma equipe que era o necessário estar presencialmente, para ninguém correr nenhum tipo de risco, porque a COVID infelizmente ainda está aí, então a gente continua com esses cuidados, mas na época teve todo esse preparo, tudo que precisava ser feito.

Eu sou muito grata ao Rashid, ao Péricles, ao Psirico, RDD, e o Damien Seth, todo mundo envolvido na produção desse EP, porque eles abraçaram a ideia e, apesar de todos esses problemas e dificuldades, eles conseguiram estar junto com a gente e realizar, e entender a importância desse projeto chegar nas pessoas da melhor forma possível. Foi muito incrível mesmo, é um projeto que foi feito de forma muito especial mesmo, e com o carinho de todas essas pessoas presentes, tem essa troca.

Eu já tinha tido uma conexão com Rashid, já acompanho ele antes mesmo dele me conhecer, eu já era muito fã, nos tornamos amigos e poder cantar sobre essa mensagem junto com ele é muito emocionante para mim. O Psirico, era um sonho de adolescente fazer um trabalho com ele também, foi uma super realização. RDD, eu já tinha feito música com o Attooxxa, já tinha estado com ele, então eu queria fazer mais coisas. O Péricles também, um sonho realizado, desde a infância, de ouvir Exalta[samba], de ouvir o Rei da Voz, e poder duetar junto com ele, cantando essa música sobre amor, amor de todas as formas, foi muito foda. Eu tava no estúdio com ele e eu, assim, segurando o choro, realmente, de emoção, sabe? Porque é isso, a gente vive nesse mundão louco, não é sempre que a gente consegue tá perto das pessoas que a gente admira, então foi muito bonito conseguir isso e eu acho que as pessoas sentiram essa energia, e isso é o que mais vale.

TMDQA!: E o rap tem esse poder de criar pontes e laços entre diferentes gêneros. Só no recorte da sua trajetória a gente já tem diversos exemplos disso, com funk, reggae, rock, pagode… E o que mais me encanta no seu trabalho é justamente essa fluidez que você tem em percorrer tantos estilos, tantas temáticas, de uma forma tão natural. Tanto um flow mais agressivo, como em “Mandume” — que é um hino atemporal de resistência preta —, até um vocal melódico ao falar de afeto, como em “Calma, Respira” ou “Inconsequente”, ou até “Camélia”, que junta um pouco dos dois. Essa coisa de MC e cantora, é uma versatilidade que poucos dominam. De onde vem todas essas Driks? Esses gêneros fizeram parte da sua criação, você já tinha influências de toda essa galera ou também tem algum que é novidade e você tá se aventurando agora?

Drik Barbosa: Sim, nossa! Tenho total conexão com esses gêneros, todos! Todos os artistas que eu tenho trabalhado e unido com a minha arte têm tudo a ver comigo, são totalmente eu em várias fases da vida e até hoje, né? Por exemplo, minha conexão com a Pitty vem desde minha adolescência, desde acompanhar todo o trabalho que ela vem construindo maravilhosamente. Então me emocionei muito quando ela me convidou para tá junto com ela, por isso, porque eu nunca ia imaginar que a música poderia me trazer essa conexão com a Pitty, de poder criar junto com ela. E todos os outros, a mesma coisa.

Eu cresci na quebrada, então o funk, o reggae, o rock, o rap… tá tudo junto, tudo forma a nossa identidade. Eu sou uma pessoa muito da música mesmo, então a música sempre esteve presente no meu dia a dia, eu sempre tive com fone, sabe? Eu ouvia tudo isso junto e por isso que eu gosto de trazer para a minha música também, porque faz parte de mim. E eu acho que faz parte de uma maioria também, das pessoas brasileiras, a gente ama música no geral e é tão bonito celebrar isso.

Eu celebro muito a brasilidade dentro do meu trabalho. O rap, ele chegou aqui pra gente, mas a gente tem a nossa forma de fazer o rap nacional e celebrar isso também é muito foda! Eu gosto, eu trago. Eu trago a dança no palco também, a gente dança a swingueira, dança funk, dança reggae, e tudo é expressão de quem a gente é. Eu acho muito muito bonito poder me expressar desse jeito.

Vem de tudo isso. Tudo que eu vivo, tudo que eu sou, mostrar todos os meus lados e até os lados que eu quero ser, que eu ainda não sou em alguns momentos. A minha autoestima vem sendo trabalhada, é um processo, mas eu vou cantar que eu vou jogar, porque “Quem Tem Joga”, e a gente é tudo, porque eu quero me sentir assim 24 horas por dia, então é todo esse mix aí.

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TMDQA!: Seu primeiro álbum de estúdio saiu em 2019, e o EP “Nós” veio na sequência, fazendo a ponte de 2020 até aqui. Após concluir esse trabalho, qual é o próximo passo? Há planos para um novo álbum?

Drik Barbosa: Sim, sim, sim! Acho que já tá na hora do discão, mas ainda não posso dar prazo. Não sei ainda se chega já o disco de uma vez, se eu vou soltando alguns singles antes… vou entender agora. Eu tava muito focada, realmente, em terminar o projeto pra começar a dar o próximo passo. Mas já tô aqui criando planos, montando as referências que eu quero trazer, o que que eu vou trazer agora, onde eu vou me aventurar dessa vez.

TMDQA!: Eu ia perguntar exatamente isso, porque a sua carreira tem tanta bagagem, tanta coisa que você já fez, há algo novo que você gostaria de explorar de alguma forma?

Drik Barbosa: Cara, eu ainda tô amarrando, realmente, mas tem muitos artistas que eu quero colaborar ainda, não só dentro do rap. E eu já tô fazendo a minha listinha de pessoas que eu quero muito convidar pra esse próximo. Mas eu pretendo que a minha carreira seja muito longa, então eu quero trabalhar com todo mundo. [risos] Mas tô nesse momento de respirar — “Calma, Respira” — depois do projeto, voltar aos shows e tudo, e aí trazer essa novidade. Mas uma coisa que eu quero com certeza trazer mais é o canto. Eu venho misturando o canto com a rima, e a rima sempre vai tá presente na minha vida, sou eu também, mas explorar mais o meu canto, as minhas expressões através do canto. Então isso é uma coisa que eu quero muito já trazer.

TMDQA!: Você tem um documentário lindo, chamado “Minha História”, produzido pela Lab Fantasma, e há um trecho muito delicado onde você aborda as dificuldades e a pressão que existiu em torno da produção do seu primeiro álbum, mas logo depois vem um alívio ao contar o quanto o tempo trouxe ensinamentos e entendimento sobre o seu processo criativo e sua arte. Acredito que a produção do “Nós” também tenha somado nisso. E como você se sente pra um próximo álbum em relação ao processo? Volta esse nervosismo ou é algo que você tá de “Cabeça Erguida”, pronta pra embarcar?

Drik Barbosa: Tô super de “Cabeça Erguida”! [risos] A gente sempre sente um friozão na barriga, tipo “e agora que que eu vou fazer?” e eu acho que a gente tá vivendo tempos também que estão pressionando muita gente, principalmente quem produz a arte, a produzir o tempo todo e “solta, porque tem que ter views, tem que tananã”. Isso faz, infelizmente, com que a gente se sinta meio “ai meu Deus, eu não tô fazendo a coisa certa”, sabe? Então esses últimos anos foram também um mergulho em mim, tipo assim: “não, minha filha, você tá vindo desde os seus 14 anos sabendo exatamente o que você quer e não vai ser agora, com 30, que isso vai mudar, então bora para frente, cabeça erguida, continua com propósito, porque os cenários mudam. A gente só não pode mudar o nosso propósito com o que a gente quer produzindo arte”.

Eu me sinto muito mais segura hoje, muito mais madura com tudo que eu tenho vivido na minha vida pessoal, com amadurecimento da idade, também, a gente vai aprendendo coisas novas, vivenciando… isso amadurece, né? Então amadurece minha arte também. Hoje eu sinto uma confiança muito maior, mas é sempre desafiador montar um álbum e conectar tudo da forma que eu quero, pensar conceitos e tudo mais. É sempre um desafio, mas é muito gostoso também, então hoje eu consigo viver isso de forma muito mais leve do que na época do doc. Mas eu acho que tem a ver com as fases da vida, né? Eu tava também na fase que eu conto lá, de entender quem eu sou no mundo e o rap me ajudou muito, o movimento hip hop me ajudou muito nisso, me ajuda até hoje. Mas acho que agora chegou o momento, tipo assim, “vai, só vai, faz seu negócio e bota no mundo, e tá tudo bem”, sabe?

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TMDQA!: Estarei ansioso pelos próximos passos aqui e, pra gente fechar, uma pergunta que já é clássica aqui no site: Drik Barbosa, você tem mais discos que amigos? E qual disco você diria que é muito seu amigo?

Drik Barbosa: Nossa! Olha, eu sou uma pessoa que tem bastantes amigos, mas eu tenho mais discos, com certeza [risos]. Tenho mais discos, nossa, eu amo muito música, com certeza tenho mais discos. Mas, um disco que é muito meu amigo?! Ai meu Deus… Olha, um disco que sempre me acolhe é um disco do Kamau, “Non Ducor Duco”, que há anos faz parte da minha vida, que eu amo demais. Deixa eu ver outro disco, meu Deus, é muito difícil. Ah, todos da Beyoncé, não vou falar um só, pode escrever isso; o povo vai brigar comigo, mas eu não consigo falar um só, eu realmente percorro a discografia dela diariamente, me traz muita força, eu me identifico muito com ela. E eu vou falar um meu também, poxa, meu EP “Espelho” que eu ouço muito… que eu ouço muito e que me fortifica, porque eu sempre volto ali naqueles conselhos e me fazem muito bem.

TMDQA!: É o meu favorito, já ouvi muito no repeat esse EP!

Drik Barbosa: Ô, maravilha, obrigada!

TMDQA!: Drik, chegamos ao fim, eu queria agradecer pelo seu tempo, sou um grande fã, fiquei bem nervoso com essa entrevista, mas adorei muito ter essa conversa com você!

Drik Barbosa: Ah, eu fico muito feliz, poxa, valeu pelo carinho. Obrigado pela conversa, eu amei as perguntas, tudo. Amei, amei, amei! Muito obrigado! Vai vir o disco, a gente conversa [de novo]. Brigadão!

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