Greta Van Fleet anuncia show no Rio de Janeiro em 2022
Divulgação

Greta Van Fleet surgiu em 2012 e não demorou nadinha para atrair a atenção do mundo e da mídia.

Formada pelos irmãos Kiszka (Josh nos vocais, Jake na guitarra, Sam no baixo) e pelo baterista Danny Wagner, o grupo viu seu hit de estreia “Highway Tune”, de 2017, ser incluído em trilhas sonoras de séries de TV, garantir posições significativas nas paradas de sucesso e ser indicado ao Grammy em 2019 — edição que, em quatro nomeações, rendeu um gramofone à banda na categoria “Melhor Álbum de Rock” por From the Fires.

O quarteto, inclusive, também caiu nas graças dos brasileiros. Após se apresentar no palco principal do Lollapalooza em 2019, os roqueiros retornam para o país pela segunda vez em três anos, dessa vez passando por cinco cidades brasileiras ao lado de ninguém menos que Metallica.

Com chegada marcada para o mês de maio, o TMDQA! bateu um papo com o baterista Danny, que contou sobre expectativas para a chegada à América do Sul, último disco, comparações com outros artistas e muito mais. Confira.

TMDQA! Entrevista Greta Van Fleet

TMDQA!: Hey, Danny! Como você está? Nós ficamos sabendo que Jake está lidando com um quadro de pneumonia, você tem alguma atualização sobre o estado de saúde dele e o prosseguimento da turnê?

Danny: Sim, definitivamente. Jake está se recuperando bem suavemente nas últimas semanas. Para nós foi um pouco chocante, porque foi a primeira vez que qualquer um de nós foi hospitalizado, sabe, é algo bem sério. Então, nós quisemos nos certificar que resolveríamos isso imediatamente e apropriadamente para podermos voltar para a estrada a tempo de visitar o Brasil e a América do Sul.

Então, eu falei com ele outro dia e ele pareceu bem melhor, com a energia recuperada.

TMDQA!: Falando um pouco sobre The Battle at the Garden’s Gate, eu sinto que esse álbum é bastante diferente do seu antecessor no sentido de ficar claro que vocês sentaram e tentaram experimentar outras sonoridades baseadas no feedback que tiveram. Como foi o processo criativo desse disco e o quão diferente foi do que vocês usualmente fazem?

Danny: Sim, definitivamente esse álbum acabou saindo um pouco diferente do restante, e existem algumas razões por trás disso. Quando nós começamos a escrever músicas, era tipo… sabe, nós não tínhamos experiência nenhuma em estúdio. Nós éramos apenas crianças, e ainda somos.

Então, sabe, nós acabamos aprendendo durante as gravações do nosso primeiro disco e do nosso primeiro EP. E então nós tivemos dois ou três anos de turnê. Depois do primeiro ano e nesses dois ou três anos, nós meio que melhoramos. Nós trabalhamos muito duro e fizemos bastantes shows enquanto casualmente escrevíamos novas músicas. Porém nós estávamos fazendo turnê com tanta frequência que perdemos a noção do tempo e, de repente, já era hora de lançar um novo disco. Então, uma das diferenças é que nós nunca tivemos dois ou três anos de intervalo entre cada um deles, então tivemos que construir muito material novo e definitivamente éramos músicos diferentes do que aqueles que fizeram o primeiro disco.

Então nós decidimos gravar The Battle at Garden’s Gate porque é assim que nós abordamos nossos shows: nós subimos no palco, conectamos os instrumentos e tocamos. Além disso, o nosso produtor Greg Kurstin meio que sugeriu, “Bom, se vocês fazem isso ao vivo, poderiam fazer no estúdio também”. E nós amamos essa ideia, porque você precisa trabalhar mais ainda para capturar emoção e tudo o que envolve aquilo de uma só vez. Essa foi a diferença principal.

Mas nós também tivemos muito tempo para sentar e analisar se essa era exatamente a maneira que nós queríamos soar, a direção que isso estava tomando. Foi tudo bastante coeso. Tivemos muito tempo mas também estávamos em turnê durante as gravações, então em um intervalo de duas semanas nós tínhamos que ir para o estúdio, fazer shows e então voltar e trabalhar um pouco mais. O tempo todo estávamos tocando e tocando e, sabe, o resultado final é como uma cápsula do tempo. Transparece como estávamos naquela época, e é como eu acho que álbuns devem ser.

TMDQA!: Sabemos que estar em turnê é uma parte importante da concepção desse disco, visto que ele ajudou muito vocês a expandirem seus horizontes. Então, o quão irônico e difícil foi gravar e lançar esse álbum durante uma pandemia, na medida que vocês tiveram que cancelar vários shows? Teve algum momento que vocês pensaram que deveriam recomeçar ou esse sempre pareceu o álbum certo?

Danny: Isso realmente nos pegou de surpresa. Nós começamos o álbum no fim de 2019 e eu acho que como estávamos gravando e fazendo shows ao mesmo tempo, naturalmente demoraria mais do que o normal… então nós fomos jogados para uma pandemia global. E é, eu acho que a resposta para uma dessas perguntas é que realmente teve um momento em que sentamos e reavaliamos tudo isso porque estávamos nos preparando para o lançamento e, de repente, não tínhamos terminado e não podíamos ir para nenhum lugar. Não podíamos ir para o estúdio e não podíamos fazer shows, então nós apenas nos reunimos e começamos a conversar sobre isso, tipo: “Ok, se fizermos mais duas músicas, conseguimos lançar [o álbum] o mais cedo possível.” Mas era uma questão de conseguir gravar essas duas músicas, que foram “The Barbarians” e “Caravel”. Elas foram gravadas num estúdio particular que conseguimos em 2020.

Mas isso foi uma dinâmica bastante diferente. Eu acho que é como se fosse uma faca de dois gumes. Porque assim, não conseguíamos realmente fazer nada. Estávamos limitados em um estúdio num curto espaço de tempo, mas isso também nos deu a oportunidade de sentar e ter mais tempo para pensar e trabalhar no universo que queríamos criar e na arte do disco. Sabe, já que não podíamos estar em turnê, nós queríamos trazer isso para o álbum e dar o máximo que nós podíamos para os fãs. Então quando começamos a fazer shows, foi uma abordagem totalmente diferente. No fim das contas, funcionou, mas também foi bastante estranho. Eu não gostaria de ter de passar por isso de novo, mas sou grato por ter acontecido do jeito que aconteceu.

TMDQA!: Falando sobre feedback, vocês tiveram bons e ruins, assim como boas e más comparações. Como vocês lidam com isso, sendo uma banda nova? Teve alguma pressão de superar essas expectativas ou provar que vocês não são só isso?

Danny: Para muitas bandas essa é uma grande parte da educação e formação delas e nós sabíamos que também seria o nosso caso. Entrando em tudo isso de maneira vaga, é como uma banda nova e em ascensão é tratada, sabe. E nós sempre tomávamos isso como elogios de uma certa forma, quando as pessoas comparam você com as coisas, especialmente o grupo demográfico ao qual estávamos nos adequando também. Na época, como nossos pais, quando nós começamos a tocar, os amigos dos nossos pais e o público mais velho costumava nos comparar com outras coisas. Eles também diziam coisas do tipo “o som de vocês me leva para o passado, para um lugar bom”. E essa é uma Era de Ouro da música que você sabe que realmente tocou e marcou todo mundo, e eu sinto que muito disso ficou perdido no caminho, foi deixado nas ondas. Mas nós sempre trazemos para o coração e isso nos fez melhores músicos porque também nos inspirou a trabalhar duro e a nos sobressair. Esse é o processo de desenvolver nosso próprio som que desempenhamos bem durante o caminho.

Mas, sabe, nós éramos mais jovens e apenas aproveitávamos o ato de subir no palco e tocar o que queríamos naquele momento. Mas então, em algum momento, isso chega a um ponto em que você deve estabelecer a si mesmo como um artista se você quiser fazer uma carreira disso pelo resto da sua vida. E por fim, foi isso que acabamos fazendo. Então toda vez que alguém nos compara com alguém, se é negativo nós não nos importamos. Se é positivo, também não nos importamos. Sabe, nós apenas curtimos que as pessoas reagem, gostam e falam sobre. É uma coisa muito especial que tanta gente por aí tenha algo a dizer sobre nós, seja positivo ou negativo.

TMDQA!: Comentando um pouco sobre a pandemia, vocês estão com shows agendados no Brasil há um tempo e agora parece que eles vão finalmente acontecer. O quão legal é estar no país com o Metallica e o quão animados vocês estão para viver essa experiência?

Danny: É muito legal que a turnê está se aproximando, é bastante certo que vai acontecer. Você está certa, era para acontecer no início de 2020 quando a pandemia começou e estávamos super empolgados na época. Então, estamos quase lá e eu não quero agourar isso mas eu estou muito, muito animado para isso acontecer logo. É um ciclo completo e nós tivemos a oportunidade de tocar dois shows com o Metallica nos Estados Unidos, um em Atlanta e o outro em Las Vegas, e eles foram os caras mais legais do mundo. Eles nos trataram tão bem e eles são incríveis, eu acho de verdade que vai ser uma alegria imensa estar em turnê com eles. Então, eu estou muito animado.

TMDQA!: Vocês se sentem nervosos porque o público de vocês e do Metallica não é necessariamente o mesmo?

Danny: Tem sempre isso. Eles definitivamente têm um público diferente, mas esses fãs também têm a noção de que eles vão assistir a um show bem orgânico, tem esse fator. E nós também, quer dizer, eu acho que toda banda se interessa em fazer shows com diferentes atrações porque sempre existe a chance de você atrair um pouco dos fãs deles e deles ganharem fãs seus. Eu acho que música é sobre isso, então vendo por esse lado, é uma combinação maravilhosa.

E enquanto nós crescíamos, sabe, o Metallica é enorme. Era bem proeminente no rádio enquanto nós éramos adolescentes. Então é praticamente surreal estarmos dividindo o palco com eles nesse sentido, também.

TMDQA!: Uma característica que realmente chama a atenção em vocês é a presença de palco e o quão entusiasmados vocês são nos shows. Isso não é algo que tantos artistas focam hoje em dia, então, pensando nisso, o quão importante é para o Greta Van Fleet não só ser afiado no palco, como também mostrar seus sentimentos, dançar e ter toda essa atitude?

Danny: Acho que é algo bastante importante, traduz igualmente a música por si só. Quando eu vou assistir a algum artista, o que eu tiro dos shows, sabe, é a musicalidade, mas também quanta característica e entusiasmo o artista coloca no palco. Se alguém parece triste ou desanimado num show, fica perceptível, e o público vai sentir isso.

Eu também acho que todos nós, no momento do show, não gostaríamos de estar em nenhum outro lugar senão ali mesmo. Sempre foi desse jeito desde o momento em que entramos em estúdio. Foi estranho; nós só queríamos estar no palco porque sempre amamos tocar juntos. Nós quatro. Então, sabe, acho que esse sentimento, esse entusiasmo é bastante generalizado e apenas a vontade de querermos estar lá, com a paixão que temos. Eu espero e sou grato que seja perceptível, porque nós realmente adoramos estar no palco.

TMDQA!: Visto que o nome do nosso site é Tenho Mais Discos Que Amigos, a gente quer saber: você tem mais discos que amigos, Danny?

Danny: Ai, meu Deus! Eu realmente não sei, essa é uma pergunta muito boa. Sabe, eu teria que dizer que a partir de agora ainda somos uma banda nova, então provavelmente não, mas é um bom objetivo para se trabalhar.

Turnê no Brasil

O Greta Van Fleet chega ao Rio de Janeiro no dia 3 de maio para uma apresentação solo no Qualistage. Em seguida, a banda segue com o Metallica para Porto Alegre no dia 5, Curitiba no dia 7, São Paulo no dia 10 e Belo Horizonte no dia 12. Os ingressos estão disponíveis no site da Eventim.

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