No último domingo, 03, ocorreu a 64ª cerimônia anual dos Grammy Awards.

Como é de praxe, o evento contou com diversas das mais famosas personalidades da música internacional, seja para performances, homenagens ou premiações, e o grande público aguardava celebrar seus artistas favoritos. O que aconteceu de fato foi o grande triunfo de Jon Batiste, músico que recebeu 11 nomeações e levou para casa simplesmente cinco gramofones, enquanto artistas como Billie Eilish, Lil Nas X e BTS ficaram de mãos vazias.

Além de ser o líder em indicações e vitórias, Jon levou o grande prêmio da noite, de álbum do ano, por We Are, gerando protestos de diversos fãs que não o conheciam. Dentre os dez indicados para álbum do ano ele era certamente o mais desconhecido daqueles que acompanham a música em geral, competindo com os nomes mais populares dos últimos anos, Lil Nas X (com MONTERO), Billie Eilish (com Happier Than Ever) e Olivia Rodrigo (com SOUR, que foi eleito o melhor álbum pop vocal); além destes, disputavam o título Taylor Swift, que é a única mulher a vencer este troféu em específico três vezes (concorrendo com evermore) e um dos maiores vencedores dos Grammys todos os tempos, Kanye West (com DONDA).

Mas afinal, quem é Jon Batiste e como ele chegou aqui?

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Quem é Jon Batiste?

Jonathan Michael Batiste, de 35 anos, é nascido e criado no estado de Louisiana, nos EUA. Ele vem de uma dita “dinastia musical” de Nova Orleans, a família Batiste, que tem mais de vinte e cinco músicos, passando por diferentes instrumentos e gêneros, mais notavelmente em bandas de metais (as “fanfarras”). Logo aos oito anos Jon começou a tocar percussão e bateria na banda de sua família, e a partir daí o resto foi história. Jon passou a aprender piano e teve aulas de música clássica, chegando ao ponto de concluir um Mestrado em estudos de Jazz, em 2011.

Durante esse tempo e após isso, Jon se tornou um excelente e prolífico músico, trabalhando em carreira solo e banda comercialmente, além de compor e dirigir shows para orquestras, coros e bandas de jazz. Respeitadíssimo como um multi-instrumentista, Batiste já colaborou e gravou com artistas de diversos gêneros, mais notavelmente Stevie Wonder, Prince e Lenny Kravitz. Com sua banda Stay Human, ele também toca toda noite no The Late Show, de Stephen Colbert, desde 2015.

Embora seja reconhecido por seu talento entre os músicos, tendo até três indicações passadas ao Grammy em categorias de menor popularidade, seu grande momento veio no fim de 2020, quando ele compôs a trilha sonora para o filme “Soul”, da Pixar, ao lado de Trent Reznor e Atticus Ross, ambos da banda Nine Inch Nails.

Com esta, eles venceram o prêmio de Melhor Trilha Original no Oscar e Globo de Ouro, fazendo de Jon Batiste o segundo homem negro a ganhar este prêmio e o primeiro desde Herbie Hancock, em 1987 (“Por Volta da Meia-Noite”). Com “Soul”, Jon receberia três indicações ao Grammy de 2022, mas outras oito nomeações ainda se deram por seu próximo trabalho: We Are, seu mais recente álbum, foi lançado em março de 2021.

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Por que “We Are” Foi Eleito o Álbum Do Ano?

Com “We Are”, Jon se tornou o primeiro negro a vencer o Grammy de melhor álbum do ano desde 2008, também o primeiro após Herbie Hancock, que venceu com River: The Joni Letters. O disco de Jon é seu trabalho que fura a bolha, e embora não tenha feito números, tem sonoridades para todos os gostos: do Soul ao R&B, trazendo corais gospel e uma pitada de positividade que é muito necessária nessa reta final de pandemia.

We Are traz muito da juventude do artista, sendo uma obra nostálgica e sincera o suficiente para cativar qualquer ouvinte. Quando não pega pela letra, os vocais do artista são muito bem apresentados e arranjados, acima de uma bela instrumentação que soa luxuosa e cara em cada gênero que pisa. É seguro dizer que Jon é o músico mais talentoso dos indicados ao posto de álbum do ano e isso certamente se faz perceber ao longo dessa obra.

Apesar de trazer funk, soul e jazz, a obra não soa datada, colocando um ar atual na mixagem das faixas. Uma excelente audição para qualquer dia. É uma reunião de diversos aspectos não só da vivência mas também da arte negra estadunidense, colocados com ares esperançosos.

“Adulthood”, “Show Me The Way” e “We Are” são faixas de destaque, e bom pontos de partida para descobrir a resposta para as perguntas feitas até aqui no texto.

Melhor que reclamar do vencedor de um prêmio é conhecer um novo artista talentoso, e essa é uma ótima oportunidade para tal.

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