Fábio Porchat rebate críticas e GloboPlay aponta
Reprodução / Twitter

Em meio à polêmica envolvendo o filme Como se tornar o pior aluno da escola, de Danilo Gentili, o ator e humorista Fábio Porchat rebateu às recentes acusações contra a obra.

O longa, que foi inspirado em um livro homônimo de Gentili, recebeu nos últimos dias duras críticas de internautas e parlamentares bolsonaristas que apontaram que a comédia, que foi lançada há cinco anos, faz apologia à pedofilia.

Em uma nota enviada ao GLOBO na última terça-feira (15), Porchat comentou sobre o papel de alguns vilões das tramas de ficção ao falar sobre as críticas que o filme brasileiro tem recebido.

Ele disse (via Extra):

Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas… O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos.

Mas era tudo mentira, tá gente?

Essas pessoas na vida real não são assim.

Fábio Porchat rebate críticas

A cena que gerou a grande polêmica mostra o personagem de Fábio Porchat mediando um conflito entre dois garotos e pedindo para que os jovens o masturbem.

Devida à repercussão, nesta terça-feira (15), o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou, em caráter cautelar, que as plataformas que possuem os direitos de distribuição da obra devem suspender imediatamente sua exibição.

Como falamos aqui, caso a decisão da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) não seja cumprida em cinco dias, as empresas podem pagar multa diária de R$50 mil.

Vale lembrar, que foi o próprio Ministério da Justiça que determinou, com base em regras técnicas, a classificação indicativa de 14 anos para o filme.

Ainda em resposta às críticas feitas ao filme, Fábio Porchat reforça que algumas obras são até premiadas por abordar temas mais delicados. Além disso, ele questiona o que seriam das produções se elas não pudessem retratar situações pesadas em suas histórias. Ele argumentou:

Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual. E às vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme ‘Pecados Íntimos’. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade.

Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional ‘Cidade de Deus’? Ou tráfico de crianças em ‘Central do Brasil’? Ou a hipocrisia humana em ‘O Auto da Compadecida’. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha.

Filme de Danilo Gentili e os serviços de streaming

Atualmente, o filme Como se tornar o pior aluno da escola está disponível na Netflix, Telecine, GloboPlay, YouTube, Apple e Amazon Prime Video.

Indo contra a decisão do Ministério, o serviço de streaming da Rede Globo informou que não irá acatar a medida após classificar a ordem como “censura”. Em uma nota, a plataforma declarou (via POPline):

O Globoplay e o Telecine estão atentos às críticas de indivíduos e famílias que consideraram inadequados ou de mau gosto trechos do filme ‘Como se tornar o pior aluno da escola’ mas entendem que a decisão administrativa do ministério da Justiça de mandar suspender a sua disponibilização é censura. A decisão ofende o princípio da liberdade de expressão, é inconstitucional e, portanto, não pode ser cumprida.

As plataformas respeitam todos os pontos de vista mas destacam que o consumo de conteúdo em um serviço de streaming é, sobretudo, uma decisão do assinante – e cabe a cada família decidir o que deve ou não assistir.

O filme em questão foi classificado, em 2017, como apropriado para adultos e adolescentes a partir de 14 anos pelo mesmo ministério da Justiça que hoje manda suspender a veiculação da obra.

Nova Classificação do Filme

Como a classificação do filme foi algo muito questionado ao longo dos últimos dias, o Ministério da Justiça fez uma alteração.

Em um despacho publicado no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (16), a classificação indicativa do filme passou de 14 anos para 19 anos. A mudança, cita “tendências de indicação como coação sexual; estupro; ato de pedofilia e situação sexual complexa”.

Além disso, o texto recomenda que a exibição do filme em televisão aberta aconteça apenas após às 23 horas e informa que a nova classificação etária deve ser colocada em prática até cinco dias corridos após o despacho.

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