Mindhunter, série presente no Streaming
Mindhunter (Foto: Reprodução/Netflix)

Se você já achava que Hollywood estava exagerando na quantidade de obras adaptadas nos últimos tempos, a crise na indústria cinematográfica pode agravar ainda mais este cenário de escassez de obras originais.

Em 2020, um estudo publicado após a feira de audiovisual MIPCOM, em Cannes (França), mostrou que a quantidade de séries adaptadas de livros aumentou 17% em relação ao ano anterior. Se o recorte fosse apenas os serviços de streaming, esse aumento foi de 26%, de acordo com matéria publicada pelo jornal O Globo.

Parte deste cenário se justifica pela redução nas formas de financiamento público em cultura, especialmente no audiovisual. Para os realizadores, é mais barato procurar por obras que já foram escritas e investir nos direitos de adaptação.

No entanto, apesar de gerar certas críticas devido ao excesso em quantidade, as adaptações literárias são um sucesso absoluto de público. Serviços de streaming como Globoplay, Netflix, Amazon Prime VideoHBO Max e muitos outros estão recheados de obras que os fãs, muitas vezes, sequer sabem que não são originais.

Sendo assim, confira alguns dos principais filmes e séries adaptados de livros e disponíveis nos serviços de streaming que funcionam aqui no Brasil. Será que elas realmente valem a pena ou seria melhor nunca terem saído das páginas pras telas?

Deixamos de fora grandes blockbusters e adaptações de grandes franquias que já são extremamente populares, como Harry Potter, Senhor dos Anéis, His Dark Materials, Game of Thrones e Handmaid’s Tale, por exemplo.

Séries no Streaming

Sob Pressão (Globoplay)

Começando com uma produção brasileira, Sob Pressão (2017) é uma obra derivada de um filme homônimo, lançado em 2016, que, por sua vez, é uma adaptação do livro Sob Pressão: A Rotina de Guerra de Um Médico Brasileiro, do cirurgião torácico Marcio Maranhão em depoimento à jornalista Karla Monteiro.

Descrição do livro: Sob pressão é um livro arrebatador, a história real de um jovem médico que não quer desistir de lutar. O relato de quem está na frente de batalha, em plantões sucessivos, sem descanso, sem segurança e salário digno ― atendendo em hospitais arruinados, vivendo o drama das emergências do nosso país. A rotina de guerra que enfrentou ao longo de mais de dez anos, como milhares de médicos brasileiros, faz de Sob pressão um depoimento perturbador. Neste livro, o cirurgião revê sua formação profissional, a fase inicial dos plantões, o caso de amor com a medicina ainda aflorado e o vício na adrenalina do combate, quando operou em CTIs despreparados e até em enfermarias e corredores, desafiando a precariedade das emergências ― procurando salvar pessoas e a si mesmo.

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Sob Pressão (Foto: Globoplay/Reprodução)

 

Mindhunter (Netflix)

True crime é um gênero que sempre foi muito popular e Mindhunter aproveitou esse embalo, criando uma base de fãs fascinados. A história acompanha o agente especial John Douglas, que percorreu os EUA entrevistando os maiores serial killers presos no país. A série adaptou Mindhunter: o primeiro caçador de serial killers americano e, apesar do sucesso, a Netflix não a renovou, elevando os nervos do público e criando enxurradas de queixas nas redes sociais.

Descrição do livro: Durante as mais de duas décadas em que atuou no FBI, o agente especial John Douglas tornou-se uma figura lendária. Em uma época em que a expressão serial killer, assassino em série, nem existia, Douglas foi um oficial exemplar na aplicação da lei e na perseguição aos mais conhecidos e sádicos homicidas de nosso tempo. Como Jack Crawford em O Silêncio dos Inocentes, Douglas confrontou, entrevistou e estudou dezenas de serial killers e assassinos, incluindo Charles Manson, Ted Bundy e Ed Gein.

Com a força de um thriller, ainda que terrivelmente verdadeiro, Mindhunter: o primeiro caçador de serial killers americano é um fascinante relato da vida de um agente especial do FBI e da mente dos mais perturbados assassinos em série que ele perseguiu.

mindhunter
Mindhunter (Foto: Netflix/Reprodução)

 

Lovecraft Country (HBO Max)

Mesmo com algumas mudanças para encaixar melhor com o formato audiovisual, a série Lovecraft Country honrou as páginas de Território Lovecraft, livro no qual se inspirou. A série condensa vários tipos de histórias de terror e aproveita muito bem o contexto político e social dos anos 1950 para que suas metáforas raciais sejam muito claras.

Descrição do livro: Nos Estados Unidos segregados da década de 1950, Atticus é um rapaz negro, veterano da Guerra da Coreia, fã de H. P. Lovecraft e outros escritores de pulp fiction. Ao descobrir que o pai desapareceu, ele volta à cidade natal para, com o tio e a amiga, partir em uma missão de resgate. Na viagem até a mansão do herdeiro da propriedade que mantinha um dos ancestrais de Atticus escravizado, o grupo enfrentará sociedades secretas, rituais sanguinolentos e o preconceito de todos os dias.

Um retrato caleidoscópico do racismo — o fantasma que até hoje assombra o mundo —, a obra de Matt Ruff une ficção histórica e pulp noir ao horror e à fantasia de Lovecraft para explorar os terrores da época de segregação racial nos Estados Unidos.

Cena de Lovecraft Country
Lovecraft Country (Foto: HBO/Reprodução)

 

Anne with an E (Netflix)

O cancelamento de Anne with an E foi um dos maiores bafafás envolvendo a Netflix desde a criação do serviço de streaming. A série protagonizada pela jovem Amybeth McNulty conquistou o público com um humor inteligente e uma protagonista extremamente carismática. O que alguns fãs não sabem é que a obra é inspirada em uma série clássica de livros infantojuvenis chamada Anne de Green Gables, publicada inicialmente em 1908 e que tem 13 volumes.

Descrição dos livros: Conheça a encantadora história de Anne Shirley, uma órfã de cabelos ruivos que conquista a todos por onde passa, luta pelo o que acredita e sempre dá escopo para a imaginação. Nessa seleção especial estão oito livros de Lucy Maud Montgomery que se passam no Universo de Anne: Anne de Green Gables, Anne de Avonlea, Anne da Ilha, Anne de Windy Poplars, Anne e a Casa dos Sonhos, Anne de Ingleside, Vale do Arco-Íris e Rilla de Ingleside.

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Anne with an E (Foto: Netflix/Reprodução)

 

Filmes no Streaming

Onde os Fracos não Têm Vez (Globoplay)

O filme Onde os Fracos Não Têm Vez se tornou tão grande que, às vezes, ofusca a obra que deu origem a ele (No Country For Old Men, em inglês). A história é a conhecida caçada do assassino Anton Chigurh e do xerife Ed Tom Bell ao aventureiro Llewelyn Moss, que encontra por acaso uma grande quantia de dinheiro e passa a ser alvo de uma busca implacável. Sob o olhar dos irmãos Coen, o filme ganhou o devido reconhecimento, com várias indicações a prêmios e as conquistas do Oscar de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro Adaptado.

Descrição do livro: Escritor elogiado pela crítica, com os prêmios Faulkner Award, National Book Award e National Book Critics Circle Award no currículo, Cormac McCarthy apresenta em “Onde os velhos não têm vez” um “faroeste sem compaixão”. O livro mistura ação, suspense e violência numa prosa ágil e enxuta.

Ambientado nos anos 80, na fronteira do Texas com o México, a trama tem três personagens centrais: Llwelyn Moss, um caçador que acidentalmente encontra um carro com corpos crivados de bala, um carregamento de heroína e mais de dois milhões de dólares abandonados no meio do deserto; o xerife Bell, encarregado de investigar o caso; e o psicopata Anton Chigurh, contratado por um cartel para reaver o dinheiro. Quando decide pegar o dinheiro e fugir, Moss passa de caçador a caça. A narrativa se transforma, então, em uma eletrizante história de suspense e perseguição, em que cada personagem parece determinado a encontrar a resposta à pergunta que um deles faz: como se decide o que sacrificar na vida?

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Onde os Fracos Não Têm Vez (Foto: Reprodução)

 

Clube da Luta (Amazon Prime Video)

Um dos filmes mais populares de David Fincher não poderia escapar desta lista. Clube da Luta é uma das melhores adaptações que já vimos, transportando para as telonas a mesma energia caótica das páginas escritas por Chuck Palahniuk. O clássico do cinema é considerado por muitos fãs como superior à obra original, mas o livro tem, sim, seu valor. Lê-lo depois de assistir à adaptação inclusive é um exercício divertido, para identificar de onde vieram algumas das ideias mais malucas ali presentes.

Descrição do livro: O Clube da Luta é idealizado por Tyler Durden, que acredita ter encontrado uma maneira de viver fora dos limites da sociedade e das regras sem sentido. Mas o que está por vir de sua mente pode piorar muito. O livro serviu de base para um filme de 1999, procurando adaptar a atmosfera do livro, o mundo caótico do personagem e o humor negro do autor.

Clube da Luta
Clube da Luta (Foto: Reprodução)

 

O Quarto de Jack (Netflix e Globoplay)

O Quarto de Jack, estrelado por Brie Larson e pelo pequeno Jacob Tremblay, foi um dos maiores destaques do ano de 2015. Apesar de contar uma história pesada e cheia de possíveis gatilhos, o público amou o desempenho dos protagonistas, o que resultou em um Oscar de Melhor Atriz para Larson. Tremblay também foi alçado ao sucesso, apesar de ter apenas nove anos de idade na época. O filme é inspirado no livro Room, de Emma Donoghue, igualmente denso e emocionante.

Descrição do livro: A história que deu origem ao filme O quarto de Jack, com 4 indicações ao Oscar, incluindo melhor filme.

Para Jack, um esperto menino de 5 anos, o quarto é o único mundo que conhece. É onde ele nasceu e cresceu, e onde vive com sua mãe, enquanto eles aprendem, leem, comem, dormem e brincam. À noite, sua mãe o fecha em segurança no guarda-roupa, onde ele deve estar dormindo quando o velho Nick vem visitá-la. O quarto é a casa de Jack, mas, para sua mãe, é a prisão onde o velho Nick a mantém há sete anos. Com determinação, criatividade e um imenso amor maternal, a mãe criou ali uma vida para Jack. Mas ela sabe que isso não é suficiente para nenhum dos dois. Então, ela elabora um ousado plano de fuga, que conta com a bravura de seu filho e com uma boa dose de sorte. O que ela não percebe, porém, é como está despreparada para fazer o plano funcionar.

O Quarto de Jack
O Quarto de Jack (Foto: Reprodução)

 

A Cor Púrpura (HBO Max)

A Cor Púrpura é uma das obras que compõem a lendária filmografia de Steven Spielberg. O filme estrelado por Danny Glover, Whoopi Goldberg e Rae Dawn Chong ganhou várias indicações e prêmios quando foi lançado, em 1985, acompanhando a importância histórica do livro que o inspirou, escrito por Alice Walker, vencedor do Prêmio Pulitzer de 1983. Com tantos atrativos, não é de se admirar que tanto o filme quanto o livro continuem tão relevantes até hoje.

Descrição do livro: A Cor Púrpura, obra-prima de Alice Walker vencedora do Pulitzer e um dos mais importantes títulos de toda a história da literatura. Alguns dos personagens mais marcantes da literatura estão neste livro; ganhador do Prêmio Pulitzer de 1983 e inspiração para o filme homônimo dirigido por Steven Spielberg em 1985.

A Cor Púrpura é a história de Celie – por volta do período de 1900 a 1940 -, pobre, negra e praticamente analfabeta, no Sul dos Estados Unidos. Brutalizada desde a infância, a jovem foi estuprada pelo padrasto e depois forçada a se casar com Albert, um viúvo violento, pai de quatro filhos, que enxergava a esposa como empregada e lhe impunha sofrimentos físicos e morais rotineiramente.

Celie escreve cartas para Deus e para a irmã, missionária na África, com uma linguagem peculiar que assume ritmo e cadência próprios e líricos, à medida que a adolescente cresce e começa a arregimentar experiências e amigos. 

A Cor Púrpura não se resume às lágrimas derramadas pelo leitor diante das perversidades aqui relatadas – e longe de serem apenas fruto da imaginação de Alice Walker. Por trás da triste história de Celie, há uma crítica à relação entre homens e mulheres, ao poder dado ao homem em uma sociedade que ainda hoje luta por igualdade entre gêneros, etnias e classes sociais. Um livro que retrata um pedaço do mundo no início do século XX, mas que nos mostra a atualidade de determinadas questões.

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A Cor Púrpura (Foto: Reprodução)

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