Neil Young e Joe Rogan
Fotos via Wikimedia Commons e Reprodução/YouTube

O Spotify foi bastante pressionado na última semana após o movimento de Neil Young ganhar força entre os artistas e os consumidores da plataforma.

Como te contamos aqui, o lendário músico removeu seu catálogo do Spotify, já que o serviço preferiu manter o podcast negacionista de Joe Rogan.

Em apoio a Young, a icônica Joni Mitchell também solicitou a remoção de sua músicas, justificando que “pessoas irresponsáveis estão espalhando mentiras que estão custando as vidas das pessoas”.

Preocupado com a repercussão gerada pelas decisões recentes, que já resultaram na perda de mais de US$2 bilhões em valor de mercado na semana passada (via Deadline), o CEO do Spotify, Daniel Ek, publicou uma carta aberta no último domingo (30).

O comunicado informa que a plataforma irá começar a adicionar um “aviso de conteúdo” a todos os podcasts que incluem informações sobre a COVID-19, e também que o Spotify está tornando públicas as “regras da plataforma” da empresa. Em um trecho, Ek diz:

Hoje estamos publicando nossas Regras de Plataforma de longa data. Essas políticas foram desenvolvidas por nossa equipe interna em conjunto com vários especialistas externos e são atualizadas regularmente para refletir as mudanças no cenário de seguranças

[…] Estamos trabalhando para adicionar um aviso de conteúdo a qualquer episódio de podcast que inclua uma discussão sobre o COVID-19.

[…] Também começaremos a testar maneiras de destacar nossas Regras da Plataforma em nossas ferramentas de criador e editor para aumentar a conscientização sobre o que é aceitável e ajudar os criadores a entender sua responsabilidade pelo conteúdo que publicam em nossa plataforma. Isso é um acréscimo aos termos que criadores e editores concordam e que regem o uso de nossos serviços.

Você pode ler a carta aberta na íntegra aqui.

Joe Rogan se pronuncia sobre polêmica do Spotify

No mesmo dia em que o CEO do Spotify publicou o comunicado, Joe Rogan se mostrou ao menos parcialmente arrependido em um novo vídeo publicado em sua conta do Instagram.

O podcaster, que apresentou em seu programa uma série de desinformações e informações falsas sobre a COVID, admitiu que “nem sempre acerta” e prometeu “fazer melhor” nos próximos episódios.

Rogan, que se diz fã de Neil Young, declarou que estava “muito arrependido” por ver músicos icônicos sentirem que tiveram que deixar o Spotify por sua causa. “Eu certamente não quero isso”, disse.

Ele ainda falou que seu podcast, que é um dos programas mais populares do mundo, “não é tão preparado ou desenvolvido” e aproveitou para agradecer ao Spotify, com quem tem um acordo de exclusividade de mais de U$100 milhões, por “ser tão solidário durante este período”. Rogan completou dizendo que lamenta muito que “isso esteja acontecendo com eles”.

Após dizer que poderia ter convidado mais especialistas com opiniões diferentes para seu programa, Rogan aponta que concorda com o aviso de isenção de responsabilidade e plano de aviso de conteúdo de Daniel Ek e declara:

Eu certamente estaria aberto a fazer isso. E eu gostaria de falar com algumas pessoas que têm opiniões diferentes sobre os podcasts no futuro. Eu mesmo faço toda a programação e nem sempre acerto. Eu não sei o que mais posso fazer.

Convenceu?

Celebridades enfrentam o Spotify

Além dos músicos, outros famosos também estão com receio em continuar vinculados ao Spotify. Esse é o caso do Príncipe Harry e de sua esposa Meghan Markle.

Através de sua empresa Archewell Audio, o casal assinou um contrato de exclusividade com a plataforma em Dezembro de 2020 e, após a polêmica envolvendo Neil Young, a Fundação Archewell emitiu um comunicado informando que o duque e a duquesa de Sussex compartilharam “preocupações” com o Spotify sobre as “consequências muito reais da desinformação sobre COVID-19 em sua plataforma” (via Vanity Fair).

A declaração aponta que o casal, cujo contrato com o Spotify vale US$25 milhões, chamou atenção da empresa liderada por Daniel pela primeira vez em Abril do ano passado. Um trecho do comunicado diz:

Centenas de milhões de pessoas são afetadas pelos graves danos da desinformação desenfreada e da desinformação todos os dias. Em abril passado, nossos cofundadores começaram a expressar preocupações aos nossos parceiros no Spotify sobre as consequências muito reais da desinformação sobre COVID-19 em sua plataforma. Continuamos expressando nossas preocupações ao Spotify para garantir que mudanças em sua plataforma sejam feitas para ajudar a lidar com essa crise de saúde pública. Esperamos que o Spotify atenda a esse momento e estamos comprometidos em continuar nosso trabalho juntos.

Desde que o negócio foi fechado, apenas um item foi produzido. Se trata de um especial de férias de Dezembro de 2020, com 33 minutos de duração, que apresenta as primeiras palavras ouvidas do filho de Harry e Meghan, Archie , além de participações de Stacey Abrams, Elton John, Christina Adane, José Andrés, Dr. Brené Brown, Rachel Cargle Deepak Chopra, James Corden, Matt Haig, entre outras pessoas.

Bandas têm dificuldades para tirar músicas do Spotify

Enquanto não consegue seguir os passos de Neil Young e Joni Mitchell, a banda de rock alternativo dos anos 90 Belly encontrou uma forma de protestar contra o Spotify.

O grupo colocou em seu banner e na logotipo de seu perfil da plataforma uma imagem com a frase “DELETE SPOTIFY”, que em tradução livre significa “delete o Spotify”.

Nos últimos dias, a banda compartilhou com seus fãs através do Facebook um pedido para que eles evitem ouvir suas músicas através da plataforma em questão e explicou o motivo de ainda não terem removido seu catálogo da empresa:

Originalmente o Spotify apenas hospedava conteúdo, agora eles passaram a pagar por exclusividade. Eles estão fazendo escolhas prejudiciais. Não é sobre gosto, é sobre verdade.

Por que ainda estamos ‘no’ Spotify se não gostamos deles? É muito complicado. Uma vez dentro, é difícil sair. Estamos analisando opções, mas você verá que há muitos que se opõem às políticas do Spotify que ainda estão lá, um indicador de quão difícil é.

Em um depoimentos à Variety (via Stereogum), a Belly acrescentou mais detalhes sobre seu posicionamento acerca do Spotify e seu modelo de negócio:

Desde o início, o modelo de negócios do Spotify tem sido desvalorizar o trabalho criativo e pagar menos aos artistas, enquanto faz lobby (junto com outros gigantes da tecnologia) para manter os regulamentos que regem os pagamentos de royalties a seu favor e contra os artistas.

 Revirar e usar uma grande parte do dinheiro que deveria ser distribuído aos artistas para financiar e fornecer uma plataforma para a desinformação — desinformação que pode prolongar a pandemia e prejudicar ainda mais os artistas, limitando as opções de apresentações ao vivo — é finalmente a gota d’água. Sim, acreditamos na liberdade de expressão, mas não acreditamos que tenhamos a obrigação de ajudar a financiar a desinformação deliberada e a dúvida semeada para minar a própria noção de um bem público coletivo (e ser mal pago no processo).

Além de tudo já citado acima, Neil Young recebeu o apoio de uma série de outros artistas. No meio tempo, empresas concorrentes do Spotify também aproveitaram a polêmica para enaltecer o artista. Saiba mais sobre isso aqui.

Confira abaixo como ficou a página da Belly no Spotify e o vídeo publicado por Joe Rogan.

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