Mariana Nolasco
Divulgação

Por Nathália Pandeló Corrêa

A história de Mariana Nolasco poderia parecer comum à sua geração: uma artista que se fez na internet, no auge do YouTube, e conseguiu transformar o que começou como um canal de covers em milhões de seguidores, um álbum de estúdio, turnê pelo país (que também rendeu um disco ao vivo) e dois EPs.

O que chama atenção é a durabilidade do seu trabalho: se é que os fenômenos da internet são passageiros, Mariana provou ir no caminho contrário. Foi do seu quarto, em Mogi Guaçu (SP), para os palcos. Trocou as releituras por um repertório primordialmente autoral. E construiu pontes, seja com os fãs por meio das letras ou com outros artistas. O resultado são 10 anos de uma trajetória que, ainda assim, parece estar apenas começando.

Mariana vai celebrar essa primeira década do seu canal no YouTube – onde soma mais de 4 milhões de assinantes – com uma live nessa quarta, dia 15/12, às 20h30. Vai passear por destaques da sua trajetória até aqui, mesclando covers e autorais. Ainda esse mês, sai a inédita “Mais Uma Estrela”, onde reflete sobre o luto e as despedidas. E, pra janeiro, já prepara um mini documentário que será disponibilizado em dois episódios no mesmo canal onde tudo começou.

10 anos de carreira de Mariana Nolasco

Para Mariana, olhar para trás e fazer um balanço emocional faz parte da jornada de seguir em frente. “É difícil pra quem trabalha com música ou mesmo com a imagem ter um momento de parar pra olhar o que você tem feito. A gente tá sempre pensando no futuro, por estar numa era de muita informação, fica um pouco ansioso e não para pra observar as coisas que foram feitas e pessoas que passaram pelo nosso caminho. Descobri há dois meses que esse ano faz 10 anos que eu estou no YouTube, então começou a passar muita coisa na minha cabeça, porque eu tenho um envolvimento muito emocional com as músicas que eu escrevo, com a minha história. O YouTube e a música em si foram um lugar pra dar vazão aos meus sentimentos”, resume a artista, em entrevista ao TMDQA! de sua casa em São Paulo, via Zoom.

Esses momentos de autoavaliação são naturais para Mariana Nolasco, que inevitavelmente se viu de volta ao quarto em 2020, como todos nós. O isolamento trouxe muito à tona e foi dele que surgiram o EP Mariana Nolasco Sessions 2, que como o nome sugere é a segunda parte de gravações intimistas, e o novo single, “Mais Uma Estrela”, a ser lançado em breve. Em comum, as canções de Mariana vêm desenhando, desde o início da sua discografia, uma reflexão emocional sobre o que nos torna humanos – mesmo que isso signifique ir no sentido oposto do que possa parecer mais popular ou radiofônico:

Pra mim, o que vale é quando a pessoa é emocionada. É isso que me coloca no meu caminho, que me deixa mais equilibrada. Quando alguém conta uma história e diz ‘isso mudou a minha vida’. Porque pra ouvir uma música que você nem sabe o que está falando, depois vem outra, outra… Isso faz parte, mas como eu estou me aprofundando muito, eu quero entregar algo profundo para as pessoas, e quero fazer minha mensagem ser ouvida por considerá-la importante.

Com ‘Mais Uma Estrela’, eu sinto que as pessoas estão tristes. Não tem como eu desconsiderar tudo que está acontecendo e fazer algo só pra mascarar isso. Ninguém quer falar sobre morte, porque é muito denso, é difícil. Eu já passei por isso, sei o quanto é doloroso, e se você não tem uma mão pra te puxar, você vai vivendo no automático, triste, sem olhar pra sua própria tristeza. Eu quero ser essa mão, estender para quem está precisando. Essa música vem para oferecer esperança, quer trazer um sentido. Não conviver com a dor, mas transmutá-la e ressignificá-la.

O documentário que ela vem desenvolvendo com uma equipe de roteiristas e diretores acabou se tornando uma boa oportunidade para revisitar muitas dessas emoções com um olhar externo. Pais, amigos e profissionais da música dão a sua visão sobre sua trajetória artística até aqui.

A própria Mariana reconhece que quando seu canal surgiu e cresceu, os novos nomes da música revelados no YouTube ainda eram poucos – e eram descreditados pela indústria e pela mídia como modas passageiras. É um pensamento herdado da geração MySpace e que perdura até hoje, com os TikTokers. Ela relembra:

Tudo que não é convencional assusta um pouco, e a internet traz muita novidade. Quando o YouTube começou, a galera da música me olhava tipo ‘o que essa menina tá fazendo?’. E que era uma fase e que logo ia passar. Só que quando você ama o que está fazendo, não passa (risos). Mas existe sim um olhar de desdém e de menosprezar. Só que essas pessoas que se destacam, se estão chamando atenção de um número grande de pessoas, é legal se interessar e perguntar o que é que tem ali. Eu vejo o TikTok e acho muito criativo. Tem gente que acha genérico, mas acho que é só um outro jeito de olhar, é outra geração. A gente tem que tentar se adaptar, na medida do possível, sem perder o que a gente acredita. As pessoas vão se reciclando.

A mídia e as pessoas em geral têm que estar mais abertas pra pensar como podemos usar essas ferramentas pra um mundo melhor. Eu não tive isso quando era criancinha e a internet abriu um portal muito grande, onde eu podia me expressar. Era um lugar onde eu via que podia ser quem eu era, me desenvolver emocionalmente.

Os milhões de seguidores do seu canal acompanharam de perto essas transformações da adolescência para a vida adulta durante quase metade da vida da artista de apenas 23 anos. Mesmo tendo realizado tanto em tão pouco tempo, Mariana Nolasco mostra que, para seguir em frente, é preciso estar conectada ao presente e honrar as raízes do passado.

Assista à live desta quarta-feira (15) pelo player abaixo ou clicando aqui.

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