FBC e VHOOR
Foto por Wanderley Vieira

Em um dos seus projetos menos pretensiosos até hoje, o rapper FBC se juntou com o beatmaker VHOOR e acabou criando um dos discos mais interessantes de 2021.

Trata-se de BAILE, que chegou às plataformas na última sexta-feira (12) e traz uma sonoridade inspirada no Miami Bass — que ficou mais conhecido aqui no Brasil por ser a raiz das batidas do Funk dos anos 90, quando os raps e melôs evidenciavam o cotidiano dos moradores dos subúrbios.

O trabalho chega com canções como “Polícia Covarde” e “Melô do Vacilão”, que não têm medo de abordar questões como o crime, a violência e a atuação polêmica da polícia. Ao mesmo tempo, celebra a dança, a vida e o amor em faixas como “Quando o DJ Toca” e “Delírios”, fazendo com que a obra explore praticamente todos os lados líricos daquela época.

É claro que tudo vem ressignificado para os tempos modernos, como fica bem evidente logo na faixa de abertura “Vem pro Baile”, onde FBC canta: “Geral consciente, em mulher não põe a mão / Molecada tá ligada / Sim é sim, não é não”. Não à toa, um dos singles do álbum, “Se Tá Solteira”, já virou hit e circula em várias redes sociais.

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FBC, VHOOR e a história de BAILE

Talvez o detalhe mais legal de BAILE seja justamente o fato de que toda a narrativa é sequencial e parte do ponto de vista do personagem central, Pagode: um pai de família, morador da favela, trabalhador, que frequenta o baile da UFFÉ.

Como a dupla conta em comunicado de imprensa, a história começa quando, na saída do baile, Pagode é surpreendido pela polícia, que o prende acreditando que uma arma encontrada por perto pertence a ele quando, na verdade, foi escondida por Paulinho, que dissimula, assiste à cena e nada faz.

Ainda na narrativa do projeto, já com Pagode livre, meses depois ele retorna ao baile e encontra um antigo amor platônico, Jessica. Os dois conversam, riem e dançam todas as vezes que se encontram, até a noite em que Pagode a encontra fazendo passinho com outra pessoa. Paulinho, o “falador”, vive de pequenos golpes e receptação de cargas, até o fatídico dia em que atrai para a favela a operação policial que mata a filha de Jéssica.

Naturalmente, o tom musical acompanha o tom da história. É perceptível, por exemplo, que em “Não dá pra Explicar” temos uma melodia um pouco mais melancólica, enquanto “Eu Sou o Crime” traz uma sonoridade pesada e um flow agressivo, representativo do que a letra traz em seu conteúdo.

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BAILE: divertido e despretensioso

No mesmo comunicado à imprensa, FBC fala sobre como BAILE surgiu “da forma mais divertida e despretensiosa possível”:

Eu quis fazer uma parada que lembrasse mesmo os bailes que eu colava quando era mais novo. Eu fiz para a galera dançar e tocar na balada! Eu acho que a dança também cumpre esse papel social de unir a galera da periferia, da favela.

De sua parte, VHOOR fala das inspirações musicais e o quanto a cena do Miami Bass é importante para o Brasil, em especial dentro da cultura negra:

‘BAILE’ é uma homenagem à cena de Miami Bass do Brasil, que é uma cena de Funk e Hip Hop dos anos 90 e 80 que nos inspiramos muito. Em Belo Horizonte e em muitos estados do Brasil, ainda é muito forte essa cena, uma cena de dança, uma cena da cultura negra, que tem muita gente ainda que se espelha, que pratica e que passa para frente. Nós, como artistas brasileiros, nos inspiramos nisso para resgatar e também dar mais um capítulo nessa história do Miami Bass no Brasil.

Missão mais do que cumprida! Você pode ouvir BAILE na íntegra logo abaixo.

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