Kikito-e-Raidol
Foto por MALUZI

Derreto e Evaporo”, novo single do músico e compositor paraense Kikito, chega inspirado pelas definições de realidades líquidas de Zygmunt Bauman. Na música, parceria com o conterrâneo Raidol, o artista conta sua percepção da obra do sociólogo.

Kikito transcende seu trabalho artístico, combinando suas expressões tanto na música quanto nas artes visuais. A canção ganhou um videoclipe, gravado em parceria com a Treme Filmes, que combina filmagens em estúdio com animações feitas pelo próprio músico.

Esse trabalho é, até agora, onde consegui atingir o maior pico dessa união, é onde consegui chegar mais perto disso, de unir a música e o visual, e unir o que eu imagino com o que eu ouço. Consegui botar nesse vídeo tudo o que está na minha cabeça quando ouço a música, e é uma experiência bem legal.

Kikito ainda assina a composição e a produção musical ao lado de Marcel Barretto. Na letra, reflete uma insatisfação contemporânea com a fluidez de padrões e necessidade de adaptação. “Que nem Targifor, eu me dissolvo nesses tempos de forma líquida”, diz o refrão, que foi também o ponto de partida da composição e fez com que Kikito chegasse até a obra de Bauman.

[…] A mudança é natural e necessária para o ser humano. Porém acabamos sendo manipulados, por causa dessas questões de padrões, regras e tendências do mundo capitalista que induzem a gente ao que seguir, e se moldar, mas que não tem como se moldar porque sempre está mudando.

Artistas do Budokaos Records, Raidol e Kikito são amigos de longa data e começaram a parceria musical nos palcos. No novo single, Raidol canta: “mudei o meu corpo, entrei no padrão, vivi semanas e anos sem ter razão”, trecho em que ele diz ter se identificado de cara.

Fala dessa questão da aceitação e do processo, de se adaptar pra ficar dentro de um padrão, e eu trago muito para minha vida como uma pessoas bissexual, um homem que ensaia feminilidade, e demorei para quebrar esse padrão que me foi imposto. Então quando canto a música me dou muito disso, dos padrões que tive que me adaptar, até que decidi virar artista e transgredir todo esse processo.

“Derreto e Evaporo” ainda traz alguns segundos dos vocais de Malu Guedelha — que cantou com o Kikito nos singles “Jogo e Espelhos” e “Retina”. A combinação de vozes, segundo o cantor, é uma espécie de easter egg de um projeto futuro.

Tagore

Tagore
Foto por Bruna Valenca

Envolta em um bruma lisérgica, a banda pernambucana Tagore lança seu novo álbum, Maya. Segundo o vocalista Tagore Suassuna, “é um disco sobre a saudade, sobre a falta que uma pessoa pode fazer“. O artista ainda define o trabalho como “coracional”.

Para batizar sua nova viagem, o músico se inspirou no título em sânscrito do livro de mesmo nome, lançado em 1999 pelo autor norueguês Jostein Gaarder. Segundo Tagore, ele fala sobre o conceito milenar indiano de “Maya”, que diz que habitamos um mundo de ilusões e precisamos nos concentrar em nós mesmos para ultrapassarmos esta camada de aparências.

Tudo é subjetivo, a própria matéria é subjetiva, os átomos nem chegam a se encostar, mas dão a ideia de que fazem parte de um todo concreto, e a partir disso comecei a entender como a saudade também é um sentimento quântico, porque você não sabe o que é real e o que é uma projeção sua.

Nessa nova fase, a Tagore abraça uma sonoridade mais ampla e direta, mas sem perder seus vínculos psicodélicos e sua natureza technicolor. É um disco mais melódico que seus antecessores. Em Maya, o grupo não se prende a um determinado gênero musical, soando universal e, ao mesmo tempo, muito pessoal.

O disco foi produzido por Pupillo e gravado no estúdio Space Blues, em São Paulo. O produtor não só ajudou o trabalho a ganhar corpo, como virou algumas músicas do avesso, puxando, inclusive, referências eletrônicas — não necessariamente literalmente, mas em termos de atmosfera.

Além dos integrantes de sua banda, como o parceiro e baixista João Cavalcanti e o guitarrista Arthur Dossa (The Raulis), Tagore Suassuna também convidou colegas de outros carnavais, como Dinho Almeida e Benke Ferraz, da Boogarins, e a bateria do próprio Pupillo.

Maya abraça a dor como processo de redenção, usando a falta do outro e a saudade como combustível para ir além — e suportar todo este processo, conversando de uma forma estranha com este pesadelo que o mundo foi submetido desde o início de 2020.

Sergiopí

Sergiopí
Foto por Pedro Amorim

O cantor e compositor carioca Sergiopí está em fase de finalização de um novo álbum, onde trará releituras espertas do cancioneiro brasileiro. O novo disco, contará com produção de Wado.

Enquanto isso, o artista arranjou uma brecha e lançou uma collab com os niteroienses da Banda Tereza, ao recriar a faixa “Poema Mudo”, que integrou seu elogiado álbum de 2020, Auradelic. Intitulada “Poema Mudo, Pt. 2“, a novidade chega pelo selo LAB 344.

A faixa foi produzida por Mateus Sanches, da Tereza, e traz aquela aura indie pop de nomes cultuados da cena, como Hot Chip e Chromeo, mas com tempero fino brasileiro. O single chega para ser ouvido em modo repeat e figurar nas playlists mais dançantes do planeta.

Ao longo de sua carreira, Sergiopí chegou a lançar projetos de bossa lounge com participações de nomes como João Donato e Roberto Menescal, e dois álbuns autorais, além de emplacar músicas em trilhas de minisséries.

Já a Banda Tereza, retomou suas atividades em 2020, após dois anos fora da cena musical, e lançou um álbum de inéditas no início de 2021. Animes, Kylie Jenner, Glocks & Remédios marca o terceiro disco de estúdio do grupo e o primeiro como trio — você pode saber mais sobre o registro clicando aqui.

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