Diane Warren
Foto por Nick Spanos

Talvez você não reconheça o nome de Diane Warren, mas certamente você já ouviu alguma das centenas de músicas que têm a sua assinatura.

A compositora é autora de enormes hits da música mundial, como “Because You Loved Me”, de Céline Dion, “I Don’t Wanna Miss a Thing”, do Aerosmith, e tantos outros. Mas, em 2021, ela finalmente resolveu colocar seu próprio nome em um disco e assim surgiu The Cave Sessions, Vol. 1, seu primeiro álbum de inéditas.

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Conhecida mais por suas baladas Pop, Diane se reinventa completamente no álbum. Além de reviver parcerias históricas, como com a própria Céline, a compositora se mostra extremamente ligada às novidades e convida nomes como G-Eazy — que protagoniza uma curiosa parceria com Santana —, Ty Dolla $ign, Lauren Jauregui e muito mais para a obra.

Você pode ouvi-la ao final da matéria e, abaixo, conferir uma entrevista exclusiva do TMDQA! com a artista que passa por inúmeros temas, chegando até a Sandy & Júnior!

TMDQA! Entrevista Diane Warren

TMDQA!: Oi, Diane! Que prazer enorme estar falando contigo. Como você está? Bom dia por aí, né?

Diane Warren: Olá! Eu estou bem, e você? Que horas são por aí?

TMDQA!: Por aqui tudo certo também. Aqui são quatro da tarde, e por aí?

Diane: São… meio dia.

TMDQA!: Ah, então acho que já dá pra ser boa tarde. [risos] Bom, como eu disse, é um grande prazer falar contigo. Já vi seu nome em tantos lugares por aí e, bom, agora eu vejo seu nome pela primeira associado a um lançamento — eu vou à plataforma de streaming, procuro por Diane Warren e vejo músicas suas. Como é a sensação de ver seu nome por ali depois de tanto tempo mais ao fundo?

Diane: É basicamente a mesma coisa — as pessoas ainda estão fazendo a maior parte do trabalho. [risos] Os artistas ainda fazem a maior parte do trabalho duro ao cantar essas músicas, e elas não são fáceis de cantar. Mas, sabe, eu nunca tinha lançado um disco com o meu nome, onde é tipo, o meu disco com participações desses artistas, sabe? E grandes artistas, né, e tudo junto de uma vez só.

Então é muito legal. É, basicamente, o que DJs e produtores fazem. Mas eles não têm a variedade, porque esse disco tem tantos gêneros de música, não é um só.

TMDQA!: Você está curtindo essa experiência, fazer as entrevistas e tudo mais? [risos]

Diane: Sim! É interessante, é algo diferente. Eu tenho que acordar mais cedo e terminar meus trabalhos antes de fazer isso. [risos]

TMDQA!: Eu li algumas entrevistas antigas suas e você diz que tem um cofre com inúmeras músicas. Como você selecionou as que foram pra esse disco? Algumas foram compostas especificamente pra ele?

Diane: Eu tinha a música do John Legend, “Where Is Your Heart”, e ao mesmo tempo em que eu estava pensando sobre fazer esse disco eu estava pensando, tipo, “Essa música não sai nunca, ele fica falando que vai usá-la e não usa”… e é uma gravação tão boa, uma gravação tão bela, e ao mesmo tempo eu comecei a pensar em fazer um projeto como esse — o meu disco de DJ Diane, onde eu poderia fazer minha curadoria de vários artistas diferentes fazendo minhas músicas. [risos]

E eu pensei que ela poderia se encaixar muito bem nisso, e aí é claro que eu iria querer também algumas ótimas baladas, e aí eu escrevi algumas músicas para esse disco também. O que aconteceu foi que eu tinha algumas músicas que não iriam sair daqui, e havia algumas que eu estava só escrevendo algo novo, tipo, “Eu preciso fazer isso!”.

Tipo, a última música que nós gravamos é uma que se chama “Sweet”, com o Jon Batiste e o Pentatonix. O meu álbum estava praticamente pronto, mas eu escrevi essa música e eu encontrei com o Jon nos Oscars — nós dois fomos indicados, eu pela minha 12ª vez, com a música da Laura Pausini, “Io Si (Seen)”, e como de costume eu perdi, pela 12ª vez. [risos] E o Jon, na sua primeira indicação, acabou ganhando, mas eu o conheci antes e eu pensei — porque eu tinha acabado de escrever “Sweet” —, “Eu só quero você nessa música”, e eu realmente o queria.

Então eu o juntei com o Pentatonix para essa. Sabe, eu coloquei ingredientes diferentes nessas músicas também, entende? Você não pensaria que o G-Eazy e o Santana estariam em “She’s Fire”, mas há algo mágico nisso.

TMDQA!: Eu ia até perguntar sobre essa questão do Oscar…

Diane: É, não, eu vou te dizer uma coisa: a temporada de premiações está prestes a começar de novo e eu sempre amo fazer parte do jogo. Eu nem ligo mais para ganhar nesse ponto da vida, eu só gosto de continuar… sabe, é uma honra, eles só escolhem cinco músicas por ano. Não é como nos Grammys, onde há milhões de categorias de músicas, só há cinco [músicas] e há centenas de filmes, milhares de músicas, então… quando eu sou uma dessas, eu não deixo passar batido. Me sinto muito, muito honrada.

TMDQA!: Certíssima! Eu fiquei pensando também, você já tinha trabalhado com grande parte dos artistas do disco…

Diane: Sim, obviamente já tinha trabalhado com a Céline Dion e até com o Luis Fonsi. Mas alguns foram novidades, como o Pentatonix.

TMDQA!: Exatamente. Como foi a recepção das pessoas com quem você não tinha trabalhado ainda? E pra você, como foi trabalhar com eles?

Diane: Eles ficaram bem empolgados. A parte boa da pandemia, da horrível pandemia, é que todos esses artistas… ninguém estava na estrada, então foi muito fácil chegar em todo mundo. Então, isso foi algo positivo em uma situação horrível, e eu pude tocar uma música e fazer um Zoom perguntando, tipo, “O que vocês acharam disso?”. E aí, se eles curtissem…

Foi assim que aconteceu com o Luis Fonsi. Eu só escrevi “When We Dance Slow” durante a pandemia e eu disse a ele, “Eu quero isso no meu disco e eu só não consigo pensar em ninguém melhor do que você para cantá-la”.

TMDQA!: E é tudo tão bom. Como você disse, ninguém imaginaria uma música com o G-Eazy e o Santana. Então, como você imaginou? [risos]

Diane: Veja, “She’s Fire” é um exemplo. Quando eu escrevi essa música, eu a escrevi a partir da frase de guitarra que está no final do refrão, e eu ouvi o Santana na minha cabeça. Tipo, “Eu preciso fazer essa música chegar no Santana. Ele tem que fazer isso e ele tem que tocar essa guitarra”. E aí a parte difícil passa a ser, sabe, encontrar quem vai cantá-la.

E eu tive diversas ideias, mas uma amiga minha, a Holly, me ligou em uma manhã que eu estava tipo, “Quem vai cantar isso?”, e ela só falou do nada, completamente desligada disso, “Você precisa conhecer meu amigo G-Eazy, vocês precisam trabalhar juntos”. E eu fiquei, tipo, “Ah meu Deus! Ele é a pessoa perfeita pra isso!”. E eu sei que ele não é tão conhecido por cantar, mas essa música precisava meio que desse swag que ele tem.

E o que eu amei foi o seu entusiasmo. Porque quando minha amiga me deu o número dele e eu fui atrás dele e falei sobre a música com o Santana, ele disse sim antes mesmo de ouvir a música. [risos] Não é por minha causa, é pelo Santana, claro, é o Carlos Santana. Você não vai dizer não pra ele. Você pode até dizer não pra mim, mas pra ele não. Mas aí eu só disse, tipo, “Eu quero que você ouça a música porque eu não quero que você a odeie”, sabe? [risos]

Aí eu mandei a música e ele a amou e foi ao estúdio literalmente tipo uma hora depois disso e vários dos vocais que gravamos [nessa ocasião] foram mantidos. E é diferente para ele, mas é legal a combinação dos dois. E eu não percebi na época que eles dois são meio que da Bay Area, da Califórnia.

TMDQA!: Que legal! Achei muito interessante você falar que escreveu a parte da guitarra, porque muita gente associa as composições sempre com letras e piano. Você não se restringe só a isso, então?

Diane: Não, não! Digo, eu geralmente escrevo nas teclas mesmo, ou no violão. Mas é só sobre tentar escrever uma ótima música, independentemente de como você chega lá.

Diane Warren

TMDQA!: Algo que eu achei fantástico foi esse disco ter tantos artistas jovens, mais recentes. Você ainda está bem em contato com a cena musical, né.

Diane: Isso foi importante pra mim. Foi importante porque você quer sempre se manter contemporânea, e eu trabalho de fato com vários artistas novos e jovens. Sabe, é legal — eu amo a Céline Dion, nós trabalhamos juntas há 20, quase 30 anos, e eu realmente queria que ela estivesse no disco. Mas foi muito importante para mim que pessoas como Ty Dolla $ign e o G-Eazy estivessem por lá, e alguns dos outros artistas como a Rita Ora, pessoas assim, que são artistas mais do Pop contemporâneo. E várias outras pessoas de quem não consigo lembrar agora, claro. Então, eu queria ter meio que essa coisa super bem rodeada, sabe?

TMDQA!: E falando sobre essa questão de contemporaneidade, você já chegou a sentir medo de que em algum momento suas composições fossem ficar obsoletas?

Diane: Não, porque eu sempre me mantenho atualizada. Você tem que sempre se manter contemporânea, estar ciente do que está acontecendo. Há certas formas de dizer uma letra que não funcionariam 20 anos atrás, sabe? Você tem que manter tudo novo.

E eu sou uma esponja. Então, eu estou sempre, tipo… eu ouço Rap — apesar de eu não ouvir muito Rap, alguns dos ritmos vão aparecer nas minhas músicas. Então eu estou sempre aberta para influências, e eu as absorvo de maneira natural.

TMDQA!: Definitivamente uma das razões para você ter tanto sucesso. Queria falar um pouco da sua carreira de forma geral e quero usar de exemplo uma das minhas músicas preferidas da vida, que é “I Don’t Wanna Miss a Thing”, do Aerosmith. Essa música… é uma composição sua, mas ela tem a cara do Aerosmith, né?

Diane: Sim, esse é o segredo, com qualquer música que funciona. É como escolher um ator para um filme: se você assiste O Poderoso Chefão, você não consegue imaginar ninguém que não seja o Al Pacino, ou o Robert De Niro. Isso é tão perfeito que você nem consegue imaginar diferente. E é a mesma coisa com uma música; sabe, o Steven Tyler era simplesmente o artista perfeito para aquela música.

TMDQA!: E vocês ainda colaboraram outras vezes depois.

Diane: Sim, sim, fiz outras canções com o Aerosmith e com o Steven.

TMDQA!: Outra composição que eu fiquei bem surpreso de ver que é sua — e eu posso estar errado, porque enfim, vi na Wikipedia…

Diane: Ai, alguém precisa arrumar minha Wikipedia. [risos]

TMDQA!: [risos] Tem uma lista de músicas que você escreveu lá e aparece que você escreveu uma para uma dupla brasileira chamada Sandy & Júnior.

Diane: Sim! É verdade. Foi “Under the Same Moon”?

TMDQA!: Pelo que vi, era “Take Me With You”, mas eles gravaram em português, com o título “Me Leve Com Você”.

Diane: Ahh, “Take Me With You”! Sim, sim, sim!

TMDQA!: Você lembra como isso aconteceu? Achei essa história muito aleatória!

Diane: Bom, eu mal consigo lembrar das coisas da semana passada. [risos] Eu lembro que eu amei a gravação.

TMDQA!: Justo. [risos] Não sei se você tem noção de quão grandes eles são por aqui, mas eles eram bem novos quando gravaram sua música. Mais recentemente, eles fizeram uma turnê de reunião e os ingressos foram esgotados em segundos.

Diane: Eita, uau. Fala pra eles me ligarem que eu dou outra música pra eles. [risos]

TMDQA!: Vou tentar. [risos] Tenho outra pergunta que sempre quis saber… você é tão premiada, cheia de sucessos, mas você pode andar na rua tranquilamente.

Diane: Sim, é ótimo. [risos]

TMDQA!: Você acha ótimo, então?

Diane: Eu acho! Porque é tipo, quando eu escrevi “Til It Happens To You” para a Lady Gaga e eu estava andando com ela e tudo mais… eu não iria querer que essa fosse a minha vida. Ou a Cher, qualquer uma dessas pessoas com quem eu trabalho que são essas estrelas enormes. Elas não podem ir até uma loja, elas não podem, sabe?

Parte de ser uma compositora é observar, e se você estiver presa em um aquário, você não tem como observar. Então eu meio que tenho o melhor dos dois mundos, sabe? Algumas pessoas vão me conhecer, por causa dos Oscars e tudo mais, ou por causa da Gaga, enfim, qualquer coisa que me fez virar notícia. Mas na maior parte as pessoas podem reconhecer meu nome mas não sabem quem eu sou, o que é bom pra mim. [risos]

TMDQA!: Você fica com algum certo receio de isso mudar agora que tem um disco com seu nome por aí?

Diane: Não, sabe, as pessoas me param às vezes na rua e dizem que amam minhas músicas ou alguma música em particular que significou algo para elas. E isso é sempre legal, nunca é estranho nem nada.

TMDQA!: Ah, legal. Eu te pararia na rua. [risos]

Diane: Obrigada! A gente pode sair quando você estiver por aqui. [risos]

TMDQA!: Minha última pergunta é um pouco sobre a indústria. Recentemente, a gente até falou no site sobre um manifesto assinado por compositores, que reclamam que a distribuição de pagamentos não tem sido justa e que os artistas meio que os têm como “reféns” por conta das questões de direitos e tudo mais. Você tem algum conselho, algo a dizer para essas pessoas?

Diane: Depende muito. Quando eu comecei, eu não tinha minha própria distribuidora. Eu estava começando e eu não estava em um lugar onde eu era sequer capaz de fazer isso, então, conforme o tempo foi passando, tudo foi acontecendo. É uma longa história, mas… não há muitas pessoas que, como eu, têm os direitos das próprias músicas. Ninguém mais tem os direitos de uma música por conta própria, é tudo dividido, ou a maior parte pelo menos. E não é assim que eu faço, então… eu meio que sou um unicórnio. [risos]

TMDQA!: Diane, muito obrigado pelo seu tempo e pelas suas ótimas músicas. Até a próxima!

Diane: Até mais! Foi bom falar com você.

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