Tai Verdes
Foto por Angelo Kritikos

Tai Verdes tem uma das histórias mais curiosas da música atual — até porque ela envolve quase tudo que há de mais moderno e peculiar na indústria do entretenimento.

Vencedor de 50 mil dólares na sexta temporada do reality show Are You the One?, da MTV dos EUA, o músico usou o dinheiro para se aventurar por Los Angeles e construir uma carreira na música. Ainda assim, foi enquanto ele trabalhava em uma loja de celulares que ele percebeu que sua canção “Stuck in the Middle” havia se tornado um hit.

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Mas, ao contrário de muitos, Tai não se satisfez em viver de apenas uma grande faixa. Não demorou para que ele lançasse mais material e, hoje, o primeiro sucesso nem é mais o maior — ao menos em questão de número de reproduções.

Quase exatamente um ano depois do lançamento do hit, o disco TV chegou para complementar sua obra e servir como um excelente cartão de visitas. Você pode ouvi-lo ao final da matéria e, logo abaixo, conferir um papo exclusivo com o cantor para conhecê-lo ainda melhor!

TMDQA! Entrevista Tai Verdes

TMDQA!: Oi, Tai! Primeiramente, obrigado pelo seu tempo e, cara, queria dizer o quanto a sua história é sensacional. Fiquei fascinado, mesmo! Então, pra começar, queria falar sobre o remix de “A-O-K” com o 24kGoldn, que é outro passo doido nessa história. Como isso aconteceu e como foi trabalhar com ele?

Tai Verdes: Obrigado! Bom, ele me mandou uma mensagem direta! E eu fiquei, tipo, “Pô, esse cara é legal”. E aí nós fomos pro estúdio juntos e agora eu estou produzindo algumas coisas pra ele, só por termos uma vibe tão boa juntos. E eu acho que a melhor parte disso é que você simplesmente faz músicas muito boas quando você está com pessoas que considera como amigos, com quem você se dá bem, e eu acho que é o que ele e eu seremos.

TMDQA!: E é o primeiro grande artista assim com quem você trabalha, né?

Tai: Eu trabalhei com o Services também, e eles são pessoas muito legais.

TMDQA!: Legal. Mas todo esse processo, em especial com o tamanho do 24kGoldn, imagino que tenha sido uma loucura. Você ainda tem aqueles momentos de pensar, tipo, “Nossa, eu estou realmente trabalhando com música”, com pessoas que você ouvia e tudo mais?

Tai: Sim, é um pouco assim. Mas ao mesmo tempo, ninguém vai te ajudar, então eu não fico tão empolgado assim. Mesmo que a maior pessoa do mundo — mesmo que o Justin Bieber me mande uma mensagem amanhã, não é como se fosse resolver tudo, sabe? Tipo, você tem que fazer tudo por si só e criar o seu próprio mundo artístico para chegar no ponto em que quer estar. E é isso que estou tentando fazer.

TMDQA!: E não foi uma coisa rápida chegar onde você está hoje, por mais que tenha sido meio repentino.

Tai: É, levou um bom tempo.

TMDQA!: Agora, acredito que você esteja lidando com os primeiros momentos da fama, em especial com a pandemia um pouco mais controlada por aí. Como tem sido sair na rua, ser reconhecido, coisas assim?

Tai: Olha, eu não costumo sair muito de qualquer jeito. [risos] Eu gosto de ficar dentro de casa. Quando tivemos a quarentena eu fiquei, tipo, “Ué, só fazer a mesma coisa de sempre?”. [risos] Sabe, eu realmente não sou o tipo de cara que sai muito, que vai pra festas e tudo mais, então a única hora que eu encontro as pessoas é quando vou para o Chipotle [rede de fast food dos EUA] ou algo assim e falam, tipo, “E aí, eu curto suas músicas!”, e eu fico, tipo, “Maneiro!”.

Então, a fama realmente não me atingiu tanto. Me pergunte de novo quando eu não conseguir mais ir pro Chipotle em público. Aí eu vou ficar, tipo, “É…”.

TMDQA!: [risos] Então ainda está dando pra comer um Chipotle tranquilo.

Tai: Exatamente. [risos]

TMDQA!: Acho que esse é um bom grau de fama. Mas, falando um pouco sobre isso ainda, você recentemente fez sua estreia ao vivo e foi simplesmente no Lollapalooza. Que loucura, né? Como foi isso?

Tai: Sabe, eu já estou velho demais para ficar nervoso, me entende? Então, tipo, eu só vou lá e faço as minhas coisas e me divirto. Eu acho que eu não sabia o que iria acontecer, mas eu meio que sabia com base no horário que eu fui escalado e no potencial das pessoas que estavam lá e a demografia — tipo, Chicago é a maior cidade pra mim em questão de público.

Então, eu fiquei tipo, “Pode ser legal”. E foi. Mas eu só estou feliz por ter cantado músicas para pessoas que gostam das minhas músicas.

TMDQA!: Quando você olha pra essa situação, é algo que você de fato imaginava ou era mais, sei lá, um sonho distante?

Tai: Eu nunca chego de fato a pensar nas performances, na verdade. Ou em nada. [risos] Eu só penso em criar coisas, na maior parte do tempo. Eu acho que os shows são legais mas não é como se eu tivesse sido um jovem que sonhou com as pessoas cantando minhas palavras de volta pra mim — ainda que isso seja fantástico e tenha acontecido! Eu acho que a coisa mais legal é fazer algo legal que as pessoas admirem, tipo, o produto em si.

Mas fazer o show é legal demais! Eu só vou lá e me divirto. Tipo, eu quase desmaiei — estava quente pra caramba. Eu simplesmente me diverti demais. Eu vou ser a pessoa que mais se diverte nos meus shows, sempre serei.

Tai Verdes e TV

TMDQA!: Queria falar um pouco sobre seu disco de estreia, TV. Sinto que tudo que você passou nesses últimos anos foi o que possibilitou o nascimento desse álbum, já que ele soa quase como uma história da sua vida mesmo. Você sente isso também?

Tai: Sim! Eu não seria capaz de escrever nenhuma música sobre qualquer um dos tópicos que eu escrevi [se não fosse por isso], simplesmente porque você precisa dessa experiência de vida para pegar uma inspiração. A vida imitando a arte, ou qualquer que seja o ditado. [risos]

Mas muito disso é só ter certeza de que você está sendo vulnerável nas faixas. Eu provavelmente poderia ter feito isso antes na minha vida, mas eu não sabia como fazê-lo. Então, tipo, depois de passar por essas experiências de vida eu consegui, sabe?

TMDQA!: E quando você está passando pelos momentos difíceis, é complicado parar e pensar que talvez isso te ajude no futuro, sirva de inspiração para uma música, enfim…

Tai: É, eu acho que você só precisa ser… eu estava só muito presente. Eu não penso, tipo, “Ah, isso vai ser um conteúdo ótimo”, quando eu estou passando por esses momentos. Mas, sabe, olhar pra trás e analisar tudo meio que ajuda.

TMDQA!: Você teve que ouvir muitos “nãos” também, mas você continuou seguindo em frente pra chegar onde está hoje. Como você fez para lidar com isso e não desistir no caminho?

Tai: Cara, eu realmente só não dou a mínima foda para o que as pessoas pensam de mim. Eu realmente não ligo, desculpa. Eu tentei! Eu tentei por… na verdade, nem foi tanto tempo assim. Eu tentei um tempinho, mas eu só não consigo. Porque mesmo as pessoas que vêm [aos shows], eu as amo, as pessoas que ouvem as músicas também, mas eu não faço essas músicas para que sejam ouvidas. Eu as faço para que eu me sinta melhor.

E acho que só, inerentemente, se outras pessoas estão se identificando com as minhas músicas, elas podem sentir essa melhora também.

TMDQA!: Sei que você saiu da faculdade para seguir esse sonho. Teve algum momento em que você pensou que talvez tivesse tomado a decisão errada e deveria voltar atrás?

Tai: A única vez que eu pensei em voltar foi quando meus pais me cobraram. E aí eu pensei, tipo, “Será que eu devo voltar? Não, eu odeio essa merda”. Então, fora isso, eu acho que nunca pensei de forma realística que eu queria… querer, essa é a questão, acho que eu nunca quis voltar atrás, sabe?

Mas, na minha cabeça, eu estava tentando encontrar outras formas de resolver essas coisas. Então eu acho que eu estava tentando explorar essas avenidas antes.

TMDQA!: E você de fato fez isso, ganhando uma bela grana no Are You the One, da MTV. Você curtiu de fato fazer isso ou era, sendo sincero, uma forma de ganhar dinheiro mesmo?

Tai: É, foi uma experiência nova e há partes dela que eu curti, mas eu estava ali pelo di-nhei-ro. Dinheiro, dinheiro, dinheiro. [risos] Eu só queria o dinheiro. Eu acho que muitas pessoas não perceberam o quanto eu estava ali só pelo dinheiro até que veem o que eu estou fazendo agora. Tipo, eu realmente só queria o dinheiro para tentar fazer algumas coisas em Los Angeles. E eu consegui!

TMDQA!: E é engraçado, porque muita gente ali não está só pelo dinheiro, né?

Tai: Eu acho que muita gente está lá pela atenção, pelos seguidores e tudo mais. Mas isso não faz nenhum sentido, se você olhar de maneira lógica, porque o que você está vendendo? Você não está vendendo nada além da sua personalidade, e isso significa que você tem que ser você mesmo e as pessoas envelhecem. Se você não for uma personalidade na TV, então eles não podem mais te seguir, porque quando você sai da TV você tem os seus 13 episódios ali e é isso.

Eu sabia que no fim das contas era isso, mas eu acho que muitas pessoas não percebem isso. Sabe? Elas vêm e elas pensam, “Ah, eu sou a melhor coisa da história”. E você pode ser a melhor coisa da história! Mas a atenção das pessoas é curta, então você tem que estar criando coisas, você não pode ficar fazendo a mesma coisa várias e várias vezes ou então as pessoas ficam totalmente entediadas.

TMDQA!: Falando em coisas novas, sinto que seu disco vai pra tantas direções diferentes na questão musical. Como é o seu processo de composição?

Tai: Cara, eu só ouço. Eu ouço coisas que eu curto. Eu acho que muitas pessoas estão tentando, tentando fazer algo; eu não estou tentando fazer nada, na verdade. Eu só estou tentando fazer, tipo, coisas que eu curto. Sabe? [risos] É um processo realmente interessante.

Eu pego muitas frases, algumas que vêm da minha cabeça ou às vezes em uma conversa, quando algo se destaca eu anoto no meu aplicativo de notas, e aí eu tento achar faixas ou loops ou coisas do tipo que eu acredite que mexem comigo, que me fazem realmente sentir algo. E aí, quando isso acontece, você está no caminho certo.

TMDQA!: Nessa procura por coisas que mexem contigo, tem algo, algum gênero que se destaca mais?

Tai: Eu ouço tudo — ah, todo mundo ouve tudo — e eu não acho que isso seja uma coisa especial. Eu acho que eu só me permito ir para esses lugares. Porque algumas pessoas ouvem de tudo, mas pensam, “Ah, mas eu tenho que usar isso para fazer Pop”. Mas eu não acho que existam gênero mais.

Mesmo que as pessoas achem que isso existe, não é mais o meu lugar de fala. Vocês podem falar sobre gêneros ou qualquer outra coisa, mas eu só curto fazer música.

TMDQA!: E dá pra ver que você se diverte bastante fazendo isso.

Tai: Exatamente.

“Stuck in the Middle” e a bolha das redes sociais

TMDQA!: É super legal que você meio que tenha começado a bombar com o TikTok, mas acho que você já deixou essa bolha. Aliás, foi engraçado — ontem estava vendo uns stories de amigos e tinha um lá com uma música sua. Isso é algo que você olha de vez em quando, o que as pessoas estão postando com as suas músicas?

Tai: Minha equipe sempre fica, tipo, “As pessoas estão usando muito [as suas músicas] agora!”, e aí eu dou uma olhada e acho legal. Mas não é algo que eu olho toda hora. Eu olho mais para os números do que para qualquer outra coisa; quando eu olho algo, é mais os números do que o que está sendo postado. Porque eu não quero me aproximar tanto, sabe?

A não ser que seja um trend ou algo assim, aí eu curto ver. Eu olho, mas eu não gosto de ficar olhando, entende? Eu gosto quando eu esbarro em algo, tipo, eu estou ali usando o TikTok e aparece algo e eu fico tipo, “Ah, é pra isso que vocês estão usando. Interessante”.

TMDQA!: Quando começou, com “Stuck in the Middle”, você não seguiu o caminho que a maioria faz de tentar replicar uma fórmula de sucesso. Na verdade, você fez o exato oposto disso e lançou músicas bem diferentes. Essas músicas já estavam escritas? Ou você só continuou escrevendo sem se preocupar com o que estava rolando?

Tai: Eu só continuei fazendo minhas coisas. Depois do sucesso de “Stuck in the Middle”, eu estava realmente só tentando… escrever. Era só compor, pra mim. Porque eu tinha escrito essa música e as pessoas estavam se conectando com ela, mas eu fiquei tipo, “Eu gosto de fazer isso”. Eu me apaixonei pelo processo de escrever música.

Então, depois que eu percebi isso, foi meio que o próximo passo pra mim. Tipo, só perceber que eu posso escrever música sobre qualquer coisa.

TMDQA!: Você chegou a ter esse desejo de replicar o sucesso? Como escapar disso?

Tai: Eu meio que não tenho isso, na verdade. Eu acho que eu não quero replicar nada. Eu acho que eu só quero encontrar sons legais e inventar as coisas depois disso.

TMDQA!: Por último, acho que você realmente já superou essa coisa de “artista das redes sociais”, então… o que vem por aí pra você? Você sente que ainda tem algo a provar pra alguém?

Tai: Eu não acho que eu tenha nada pra provar pra ninguém! Eu acho que só estou contando às pessoas a minha história, e se elas se conectarem com isso, então elas se conectam com isso. Se não rolar, então eu vou encontrar outra pessoa que irá, sabe? No sentido de marketing mesmo.

Porque muitos artistas param na música e eles deixam isso viver no universo e acham que isso vai atrair as pessoas. Mas, na realidade, ninguém quer ouvir música nova. Então, se você acreditar nisso, que ninguém quer conhecer nada de novo, então você meio que pode relaxar e dizer, tipo, “Eu vou encontrar pessoas que curtem isso e as que não curtem podem parar”. Elas não precisam ouvir isso, mas as que curtem… vamos colar juntos!

TMDQA!: Entendo! Tem mais coisa vindo aí, então?

Tai: Basicamente, eu estou escrevendo o segundo e o terceiro já. Na verdade, eu já sei o que vai acontecer. Eu tenho os títulos dos próximos três discos, as cores para as capas que usarei nos próximos três discos, eu sei tudo que eu quero conquistar e é simplesmente subir de nível e tentar — “subir de nível”, que clichê [risos] — fazer coisas que são legais e que fazem as pessoas se aventurar, como uma história.

TMDQA!: Muito obrigado pelo seu tempo, Tai! Espero que possamos nos falar de novo em breve quando algum desses três novos discos chegar!

Tai: É, vamos nessa! [risos]

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