Earth, Wind & Fire com Lucky Daye
Divulgação

O mês de Setembro é sempre mais do que especial para qualquer fã do Earth, Wind & Fire. Afinal de contas, é a época que leva o nome do maior hit da banda, “September”, que faz referência justamente à vigésima primeira noite de Setembro.

Mas, em 2021 especificamente, a mentalidade da banda não está (totalmente) no passado. Ao lado do aclamado produtor Kenny “Babyface” Edmonds e com a participação do jovem e excelente Lucky Daye, o grupo deu início a um novo ciclo de lançamentos com “You Want My Love”, uma versão reformulada do hit “Can’t Hide Love”, de 1976.

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Com mais novidades vindo por aí e, claro, muitas questões sobre o gigantesco legado de uma das maiores bandas da história, o TMDQA! teve o prazer de entrevistar o baterista Ralph Johnson.

Você pode conferir a íntegra da conversa abaixo.

TMDQA! Entrevista Ralph Johnson (Earth, Wind & Fire)

TMDQA!: Oi, Ralph! Que prazer estar falando com você. Queria começar perguntando sobre essa nova fase, que me soa como se vocês estivessem construindo uma ponte entre o passado e o presente com essa versão nova de uma música antiga, em especial por fazer uma parceria com Babyface e Lucky Daye. De onde veio a inspiração pra isso e como vocês escolheram a música para ser retrabalhada?

Ralph Johnson: Bom, no fim das contas, acabou sendo uma colaboração excelente. A gente vinha tentando entender por um bom tempo como poderíamos fazer algo com o Babyface, e finalmente essa situação apareceu. E eu acho que o Lucky Daye é um dos artistas do Babyface. Então, foi só uma questão de escolher a música certa, então nós fizemos isso e foi isso.

TMDQA!: E teve algum motivo específico para a escolha dessa música?

Ralph: Não, só parecia ser a música certa na hora certa.

TMDQA!: E você curtiu o resultado, acha que realmente acabou soando como uma versão moderna do Earth, Wind & Fire?

Ralph: Eu acho que sim. Eu acho que a colaboração, a química entre nós e o Babyface e o Lucky Daye deu certo. Mas, sabe, o teste é: quando você está ouvindo, como ela chega até você?

TMDQA!: Definitivamente soa como Earth, Wind & Fire, mas ao mesmo tempo soa como algo que estaria na rádio agora e não nos anos 70! Pra mim, ficou perfeito.

Ralph: É isso.

TMDQA!: E recentemente vocês fizeram um show lá em Nova York, na reabertura da cidade, que infelizmente acabou tendo alguns problemas por conta do clima. Mas deu tempo de tocar essa música e uma versão de “September” com eles dois, né. Como foi isso?

Ralph: Foi ótimo estar no palco com o Babyface e o Lucky Daye. Foi só um momento legal. Infelizmente, começou a chover logo depois de sairmos do palco e o Barry Manilow não conseguiu fazer seu show, mas nós nos divertimos bastante; foi legal e eu tenho certeza que, conforme fizermos a nossa turnê neste ano, nós vamos receber o Lucky Daye no palco em mais algumas datas para fazer essa música.

TMDQA!: Como foi voltar ao palco depois desse período de pandemia?

Ralph: Estávamos muito empolgados. Sabe, eu viajo amanhã para começar a turnê pelos Estados Unidos. E foi empolgante fazer isso mas é mais empolgante ainda voltar ao nosso próprio núcleo e sair por aí fazendo o que fazemos, sabe?

TMDQA!: Há algum tipo de medo ainda ou vocês estão confiantes de que vai dar tudo certo?

Ralph: Bom, estamos confiantes, porque está tudo nas mãos de Deus. Não há nenhum tipo de medo, nós estamos todos muito saudáveis, estamos todos vacinados — e nem me faça falar de toda essa questão da vacina — mas, estamos confiantes de que tudo ficará bem.

Nós testaremos de tempos em tempos na estrada, só para ter certeza de que está tudo certo. Para essa turnê em especial, não haverá nenhum tipo de acesso ao camarim; normalmente, nós temos pessoas no camarim que são, sabe, amigos do grupo ou coisa assim e ficamos todos por ali, mas dessa vez não. Precisamos nos desligar de tudo isso para continuarmos seguros e criarmos a nossa própria — como chamam por aí — “bolha da COVID”.

TMDQA!: Legal! E que bom que vocês estão vacinados, realmente é um passo importante para voltarmos ao normal.

Ralph: É… eu tenho questões sobre a vacina, sabe. Você tem que ter cuidado quando você acelera o desenvolvimento de algo como uma vacina… Você realmente teve tempo suficiente para testá-la? Mesmo? Então, eu não sei, mas não vou entrar nisso. Vou beber meu chá e ficar tranquilo.

[Nota do Editor: Você pode ler mais sobre os testes da vacina contra a COVID-19 pelo site oficial da OMS]

TMDQA!: Há mais músicas vindo aí, né? Serão novos retrabalhos ou músicas inéditas?

Ralph: Serão retrabalhos, eu gosto desse termo, é uma boa. A gente vai pegar alguns de nossos materiais e colaborar com outros artistas, fazer com que eles dêem sua cara para as músicas. E acho que vai ser algo bastante interessante.

TMDQA!: Você pode nos adiantar alguma música que vai estar por lá?

Ralph: [pensa] Não, eu vou deixar isso quieto.

Maurice White, “September” e o legado do Earth, Wind & Fire

TMDQA!: Certo. Bom, esse é o primeiro lançamento desde a morte do Maurice White. Isso afeta vocês de alguma forma, é algo que passa pela cabeça quando estão nesse processo?

Ralph: Bom, sabe, o falecimento dele nos pegou de surpresa. A gente tinha acabado de receber a notícia de que tínhamos ganhando o “Lifetime Achievement” [prêmio que celebra uma carreira longa] dos Grammys e, quando chego em casa depois de fazer uma entrevista com a CNN, eu acho, descubro que ele faleceu. Foi um choque tão grande, cara. Do nada, só… “pá”, telefonema.

Mas, sabe, toda noite que estamos no palco nós pensamos sobre ele. E o DNA dele está em tudo que fazemos, então… se você está nos vendo e ouvindo, você está vendo e ouvindo o Maurice.

TMDQA!: Então, quando vocês estão no estúdio, vocês pensam nele?

Ralph: Com certeza. Porque parte do que você está pensando é tipo, “Uau, como será que o [Maurice] teria feito isso aqui? Qual seria a abordagem dele com isso?”. Sim, claro, com certeza.

TMDQA!: O mês de Setembro sempre chega com muitas homenagens e coisas especiais para o Earth, Wind & Fire, em especial no dia 21…

Ralph: Estamos quase lá! Na verdade, estaremos em New Orleans no dia 21. Sempre um lugar muito bom.

TMDQA!: Como vocês se sentem quando esse dia chega e a internet fica tomada por coisas relacionadas ao Earth, Wind & Fire? Chega a cansar?

Ralph: Não, não, não! Nós nunca cansamos disso. A gente aprecia a atenção que ganhamos e que a música ganha. A gente toca a música toda noite, em todo show; na verdade, se você entrar no show e ouvir “September”, você está ATRASADO para o show, porque é a última música do set.

Mas é bom. Porque mantém o nome vivo, mantém a música viva. Ficamos felizes com isso. A gente não luta contra isso, está tudo bem por nós.

TMDQA!: E tem muita gente nova tipo, sei lá, dançando e fazendo TikToks ao som das músicas de vocês. Gente que nem era nascida quando as músicas foram lançadas, inclusive! Como isso faz vocês se sentirem?

Ralph: Faz com que a gente se sinta ótima. Digo, de alguma forma, faz com que você sinta que fez algo certo e você conseguiu a “vibe” certa; a música é uma vibração e, aparentemente, a ideia de que “September” continuaria viva depois de tantos anos é a vibração certa. Então, ficamos felizes com isso.

TMDQA!: Vocês têm um legado gigante, mas estão sempre ativos, fazendo turnês e agora até um álbum. Vocês chegam a tirar um tempo para olhar para esse legado, pensar no que vocês construíram?

Ralph: Você tem momentos em que você reflete, com certeza. Eu imagino que a maioria desses momentos acontece em um quarto de hotel, sabe. Você entra pela sua suíte e você pensa, “Uau… acho que estou bem. Acho que fiz as escolhas certas”, sabe.

Porque eu não escolhi o Earth, Wind & Fire. O Earth, Wind & Fire me escolheu. O Verdine [White] e o Maurice me viram tocando em uma boate de Los Angeles e, quando eu me dei conta, eu estava falando com eles no telefone e eles queriam saber se eu gostaria de fazer um teste; e eu disse que sim, claro. E continuou daí.

TMDQA!: E não é só “September”, se você olha músicas como “Boogie Wonderland” e “Let’s Groove” quando você vai ao Spotify — não sei se você faz isso…

Ralph: Na verdade, eu não faço. Essas coisas em particular eu não olho. Tenho certeza que essas três músicas em especial, “September”, “Let’s Groove” e “Boogie Wonderland” são provavelmente as três mais fortes, em especial “Boogie Wonderland”, porque era muito grande nas boates.

TMDQA!: Hoje em dia, a que tem mais reproduções é “September”!

Ralph: Ah é? Bom, é o que eu sempre digo. A gente aceita o que vier.

TMDQA!: Isso é uma loucura mesmo, quase 1 bilhão de plays. Bom, ainda na pandemia, vocês participaram de uma “batalha” no VERZUZ contra os Isley Brothers. Como foi isso? Foi divertido pra vocês?

Ralph: Isso foi muito divertido! Porque foi o encontro certo. Digo, os Isley têm um monte de hits, eles são de até antes de nós. Então, foi o encontro certo. Nós curtimos isso, pois há um amor e respeito mútuo um pelos outros, e foi uma coisa bem legal de fazer.

TMDQA!: Quando vocês tocam esses grandes hits, vocês ainda conseguem se identificar com essas músicas? Ainda tem aquela sensação do começo, de ser só uma pessoa apaixonada pela música e fazendo música?

Ralph: Olha, eu não posso dizer que você sente as mesmas emoções do que no passado, porque no passado era tudo novo, sabe? Era, tipo, conhecer alguém pela primeira vez. Agora, nós só temos uma relação com as músicas. A gente entra no palco, toca as músicas e continua em frente.

TMDQA!: Mas elas ainda têm um significado especial pra vocês?

Ralph: Bom, claro. Mas é meio que como se todas fossem suas filhas, e você não pode dizer que você ama uma mais do que a outra. Sabe? Todas são suas bebês e cada uma delas têm seu próprio tempo.

TMDQA!: Chega a incomodar vocês o fato de que as músicas mais antigas seguem sendo os grandes hits, mesmo com tantas músicas mais recentes?

Ralph: Não, na verdade. A gente percebeu que, quando as pessoas vão aos nossos shows, elas não estão realmente interessadas em um material novo; elas querem ouvir os hits antigos que faziam com que elas se sentissem bem no passado. E isso, olha, é assim que as coisas funcionaram para nós e nós ficamos felizes com isso — e enquanto pudermos continuar esgotando ingressos, o que geralmente acontece, estamos felizes.

TMDQA!: Faz todo sentido. Nosso tempo está acabando mas não pode faltar: você tem mais discos que amigos?

Ralph: Ah, quer saber? Acho que nesse momento da vida eu diria que sim. Eu provavelmente tenho mais discos que amigos. Porque quem são os seus amigos de verdade, sabe? Às vezes, as amizades precisam ser testadas. E é aí que você descobre quem realmente é seu amigo.

TMDQA!: Você tem algum disco que você diria que é seu melhor amigo?

Ralph: Olha, é interessante que você fale de discos. Porque eu voltei a colecionar discos de vinil e eu estou fazendo isso nem para ouvi-los, mas só para tê-los. Se você subir as escadas e olhar os meus discos, a maioria deles ainda está embalado, sabe? Mas eu diria que o meu Jazz é realmente meu amigo, é meio que onde eu vivo como baterista.

Eu amo Jazz e, bom, meu programa de rádio é sobre Jazz. Então, é isso.

TMDQA!: Tá valendo! Ralph, obrigado pelo seu tempo e até a próxima.

Ralph: [em português] Muito obrigado, um abraço!

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