Roger Waters em Curitiba
Foto por Aline Krupkoski

Sabemos que já é praticamente uma tradição de Roger Waters convidar um coral infantil que pertença a uma comunidade carente para cantar trechos do clássico “Another Brick in the Wall (Part II)” em seus shows.

Acontece que em uma determina apresentação da turnê The Wall Live, que ocorreu em San Diego, o lendário músico ficou “enlouquecido” por terem chamado crianças que possuíam boas condições financeiras para subir ao palco durante a performance.

Em conversa com Marc Maron em um episódio de 2016 do podcast WTF With Marc Maron, Waters explicou a situação (via UCR):

Eu olhei para essas crianças e pensei: ‘Essas não são minhas crianças’. Então descobri que eram filhos dos executivos da arena que achavam que seria divertido para os filhos fazerem parte do show. […] Então eu enlouqueci e me livrei de todos eles. ‘Encontre algumas crianças decentes para mim!’ Então, essas crianças apareceram e eu pensei, ‘Essas são melhores. Essas são minhas crianças, este é meu círculo eleitoral.’

Normalmente, os corais pré-selecionados recebiam um DVD com antecedência para aprender alguns passos de dança antes do dia do show. Porém, naquela apresentação, Waters teve apenas meia hora para preparar o novo grupo que chegou para substituir os filhos dos executivos.

A emocionante história do coral de Roger Waters

Após ensaiar, o cantor quis conhecer a mulher responsável pelas crianças do coral e acabou esbarrando em uma história emocionante. Ele conta:

Eu a puxei para um lado e disse: ‘Como você encontrou essas crianças neste curto espaço de tempo? Muito obrigado.’ (…) Ela disse: ‘Eles são meus clientes’. E eu disse, ‘O que você quer dizer com eles são seus clientes?’ E ela disse: ‘Eles são meus clientes, eu os vejo todos os dias.’ Para encurtar a história, ela dirigia uma van que entregava refeições gratuitas. São crianças que não têm o suficiente para comer, cujos pais não podem alimentá-las. E essa senhora fazia parte do serviço social, e todos os dias ela entregava alguma coisa para comer a cada uma dessas 15 crianças. E isso parte a porra do seu coração.

Tocado com a situação das crianças, Roger Waters lembrou no podcast que sempre tinha o suficiente para comer quando era mais novo e sabia que muitas pessoas passavam por dificuldades bem piores que as dele. Ainda assim, ele relembrou seu passado difícil:

Eu ficava com muito frio todas as noites no inverno; não havia aquecimento central nem nada parecido, então você estava com frio até descer para a cozinha. Minha avó e minha mãe passavam todas as tardes de domingo costurando meias porque não comprávamos coisas novas, consertávamos coisas antigas. Eu usei as roupas do meu irmão e havia roupas que já tinham sido de outras pessoas lá.

O músico ainda relatou que sua mãe, que era professora, deu aula para crianças que caminhavam durante o inverno para a escola através de 15 centímetros de neve descalças e destacou que muitos desses alunos eram pobres e não tinham o suficiente para comer.

Foi justamente por acompanhar essa realidade de muitos jovens que Roger Waters disse que sempre que vai com a turnê The Wall para algum lugar, faz questão de convidar crianças carentes locais para se apresentar no show. Fez certo?

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