Sebastianismos
Divulgação

Sebástian Piracés-Ugarte é um nome já conhecido da música brasileira há algum tempo.

Através das suas baquetas e de uma energia incomparável quando está conduzindo as baterias da banda Francisco, el Hombre, Seb tornou-se figurinha carimbada no circuito da música independente brasileira, fazendo com seus colegas de banda um dos shows mais divertidos e disputados do país.

Acontece que, assim como os outros membros da Francisco, Sebástian tem um passado muito rico na música que navega por gêneros musicais, influências e elementos que não aparecem de forma explícita em canções como “Tá Com Dólar, Tá Com Deus” e “Triste, Louca ou Má”.

Mas se o instrumental é diferente, algo que essas canções carregam claramente é o ideal punk de contestar, lutar, debater e apontar questões sociais importantes que muitas vezes acabam sendo suprimidas, e é justamente no Punk que Sebastian retoma seu projeto solo, o ótimo Sebastianismos.

Sebastianismos e o Tropikal Punk

Estamos vivendo um revival do Pop Punk no mundo todo, e Sebástian é definitivamente um cara que tem as credenciais para fazê-lo como quem é conhecedor do gênero e também influenciado por tantas outras coisas que aparecem nessa nova fase mundialmente.

Aqui, o músico nascido no México e radicado no Brasil misturou traços latinos, rap, punk rock e letras bastante pessoais para criar o que batizou de Tropikal Punk.

Hoje, Sebastianismos estreia sua nova fase, seu novo clipe, seu novo som e conversa com o TMDQA! a respeito de todos os conceitos.

Você pode ouvir “Bomba Relógio” na playlist TMDQA! Alternativo logo abaixo, e ver o clipe oficial que conta com a participação especial de Supla logo após o papo.

TMDQA!: Qual é a tua ideia por trás da estética e do termo Tropikal Punk?

Sebastianismos: O movimento punk é de ruptura contra o sistema e os valores do status quo. É questionamento e afronta, caminho e proposta – desde sua poética até sua estética – da cabeça aos pés: punk até o osso. E um dos maiores erros é acreditar que o movimento punk nasceu na Inglaterra ou nos Estados Unidos. O punk rock é tão norte-americano quanto latino-americano – inclusive podemos afirmar que a primeira banda punk no mundo foi Los Saicos, diretamente do Peru, que nos anos 60 plantou sementes dos movimentos das contraculturas por vir. Mas por que todo mundo acha que o punk é gringo? Porque são eles que durante tanto tempo mantiveram o poder oligárquico sobre os meios de comunicação em massa como rádio e TV, e foi no processo de globalização midiático que as artes norte-americana e europeia ganharam visibilidade acima das manifestações artísticas latino-americanas, africanas e asiáticas. Ou seja, o punk não é norte-americano – são as gravadoras e suas rádios e canais de televisão que pegaram um movimento emergente (que já estava em movimento) mundial e capitalizaram em cima, divulgando seus artistas, que sabemos que muitas vezes foram desenvolvidos para serem produtos adolescentes – vide Sex Pistols. Mas tal como a mídia mainstream engloba movimentos locais e injeta milhões para lucrar do espetáculo, a sociedade também aprende, cresce e é influenciada por aquilo que é propagandeado na telinha. Portanto sim, o movimento Punk não é exclusivamente norte-americano nem latino-americano – porque, afinal, é um movimento anárquico que não defende que seja de um lugar ou outro. O importante é entendermos que a contracultura latino-americana é tão válida e relevante quanto seu movimento análogo norte-americano ou europeu – porém temos que entender que vivem em contextos e realidades diferentes e, portanto, tem diferenças em suas manifestações. Por exemplo – um punk brasileiro no verão não pode vestir as mesmas roupas que um punk inglês no inverno, por motivos óbvios: um morreria de calor e o outro de frio. Da mesma forma existem mudanças estéticas: o punk latino abraça sua latinidade – que é nosso sangue. Quem vive a realidade latina sabe que a defesa de nossa identidade latina é uma afronta ao sistema por si só. É entendendo que o contexto latino tem manifestações próprias na contracultura, no punk rock, que pensei no termo TROPIKAL PUNK: uma manifestação das contraculturas nos trópicos.

TMDQA!: O revival do Pop Punk é real, e muita gente está tocando uma nova versão do gênero aqui e lá fora. Qual é a sua ligação pessoal e profissional com o estilo e como você sentiu essa nova fase onde ele volta a ser celebrado?

Sebastianismos: Cheguei ao Brasil no momento em que o pop punk estava contagiando adolescentes por todo o país – num primeiro momento me senti perdido – sem muitos amigos, sem entender a língua – num universo novo. Lembro de ver que um vizinho andava de skate ouvindo música rápida e agressiva, com letras que representavam exatamente o que estava sentindo ao começar a desenvolver minha identidade própria nesse novo lar. Odiava minha escola nova, odiava os bullys, então pouco depois já começava a procurar espaços onde essa música, esse movimento, tomasse vida (e parasse de ser apenas um refúgio na minha cabeça). Assim descobri o antigo Bar do Zé, um reduto de jovens de cabelo espetado, guitarras desafinadas e vozes gritadas na região de Campinas. E foi com 14 anos de idade junto com meus amigos que peguei meus instrumentos e fui em direção ao bar para perguntar se poderia tocar no intervalo entre bandas. Se não me engano eram duas bandas de punk 77 que estavam tocando naquela noite. Imagina uma molecada de 14, 15 anos de idade chegando desse jeito na porta do bar. Eles acharam o máximo e nos deixaram tocar três músicas. Soaram horríveis – mas todo mundo no bar dançou e se divertiu com essa nova galera. Foi aí que a gente aprendeu que, apesar de todos sermos menores de 18 anos, quando chegávamos com instrumentos na mão ninguém nos pedia documentação para entrar nos bares. Ou seja, festa liberada! A banda chamava Atomic Nachos e a partir de então passamos a tocar quase todo final de semana em botecos pelo interior.

O pop punk foi a manifestação mais pop desse movimento e, sinceramente, tinha dificuldade de admitir que gostava – era pop demais pro meu gosto e eu, adolescente arrogante que era (e ainda sou) tinha um desapreço por tudo que fazia sucesso. Gostava do punk que não pop. Foi só depois de certo tempo que comecei a entender que esse “ódio” pelo pop punk era na verdade uma paixão muito reprimida pelo próprio questionamento ao status quo, proposto pelo do movimento punk . E foi nisso que entendi que muitas vezes outras manifestações culturais são mais punk que o próprio punk rock. E assim se deu o início da minha banda Francisco, el Hombre que, apesar de não tocar punk rock, é uma banda de fundamento e ideais punks.

Decidi voltar ao punk rock porque estava com sede dessa energia há algum tempo. Mas o punk nunca morreu. O pop punk nunca morreu – apenas saiu dos holofotes, tal qual a indústria faz com o hype – ele é cíclico e impulsionado por marcas e gravadoras. Mas é isso, o pop punk voltou aos holofotes. Sinto que está vindo uma onda de hype de um movimento que transformou minha vida – e dessa vez não serei contra. Questionarei, sempre, mas não serei hater desse movimento, porque sei o quanto ele foi importante pra mim e pra meus amigos, então se é necessário que ele vire hype para chegar aos ouvidos de quem ainda não conhece, estarei aqui para aplaudir (e tocar, óbvio).

TMDQA!: Qual é o plano de lançamentos para o projeto a partir da estreia de “Bomba Relógio”?

Sebastianismos: Foi dada a largada do Tóxico World Wild Web Tour – turnê de lançamento virtual de meu disco novo: TÓXICO! Bomba Relógio é o primeiro single – o manifesto. O próximo passo é dia 28/07 quando vou lançar “Não mudaria nada” com participação de Badauí (CPM22).  Depois, dia 04/08, vem “Jogo de Azar” com Dani Weks (NxZero) e em 11/08 “Cicatriza” com a Fresno.

A data de lançamento de Tóxico está prevista para o dia 25/08 e conta com mais participações muito especiais.

TMDQA!: Que surpresas podemos esperar para esse disco, como participações especiais?

Sebastianismos: Bom, já que você perguntou (risos), temos Badauí (CPM22), Dani WEKS (NxZero), Fresno, Malfeitona, Francisco, el Hombre (SIM), Faustino, e dedos sábios de Capilé e Pindé (Sugar Kane), Andrei e Helena (Francisco, el Hombre) e O Carlos. E tem mais viu? Esse é só o começo!

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