Amy Lee, do Evanescence
Foto via Wikimedia Commons

Quem vê Amy Lee sempre sorridente e bem-humorada nos shows do Evanescence e nas entrevistas da banda nem imagina quantas dificuldades a vocalista já enfrentou na vida, em especial no que diz respeito à sua família.

Ela falou sobre isso em uma participação no podcast Hardcore Humanism e relembrou o falecimento de seus dois irmãos. Bonnie, sua irmã, morreu em 1987 com apenas três anos de idade por uma doença que nunca foi diagnosticada; o irmão, Robby, nos deixou em 2018 depois de batalhar contra a epilepsia durante toda a sua vida.

O papo foi voltado à relação da cantora com “luz” e “escuridão”, e ela disse (via Blabbermouth):

Eu já passei por algumas coisas na minha vida. Eu perdi minha irmã quando eu tinha seis anos e aí, em um mundo completamente diferente, tantos anos depois e em uma situação totalmente diferente, eu perdi meu irmão, agora em 2018. É tipo quando a pior coisa possível que você poderia sequer ter medo se torna realidade. Eu vi os momentos em que isso pode acontecer. E eu não estou sozinha nisso. Para mim, passar por isso, sobreviver a isso, ser capaz de seguir em frente e encontrar uma forma de fazer sua vida ter sentido depois, é realmente sobre isso que eu estou falando. Não é como se eu gostasse de coisas assustadoras e da escuridão porque é divertido brincar com o perigo. É que o momento em que eu me sinto com mais medo ou sozinha ou qualquer coisa assim na minha vida é quando é como se não tivesse acontecido. É como se o mundo só continuou vivendo como se nada de errado tivesse acontecido.

Eu me lembro algumas vezes de me sentir muito estranha em dias belos, ensolarados quando eu era criança, porque eu sentia que deveria estar sempre chovendo quando eu estava em luto pela minha irmã. É meio que a mesma coisa. Poder falar sobre isso, poder admitir isso, poder encarar isso e dizer, ‘Ok, dói esse tanto, e eu estou pensando sobre essas coisas’. Ser capaz de desabafar é o que faz isso melhorar, e especialmente ser capaz de compartilhar com outras pessoas. É por isso que a música começou pra mim em primeiro lugar. Processar os maiores machucados e os maiores desafios que eu já enfrentei na minha vida e no meu coração, ser capaz de transformar isso em música que eu amo, e aí, por consequência, o presente maior ainda é ser capaz de ver outros amarem essas músicas e vê-las falando com eles em um nível onde eles sentem que isso está fazendo algo de bom por eles, para não se sentirem sozinhos naquele momento também é uma grande bênção — algo tão saudável e tão bom. Eu acho que é importante enfrentar a escuridão, porque ela é real — realmente está ali — e se não podemos enfrentá-la, então estamos apenas vivendo uma mentira e deixando essas coisas borbulharem por baixo da superfície.

Eu não quero superar [a perda dos irmãos]. Eu sempre vou ser a irmã deles. Então em um certo nível, eu sinto que a questão disso é que não é como se eu fosse superar em momento algum. Não é que eu queira superar isso completamente, porque eu nunca vou deixá-los ir. Eles vão estar sempre comigo — sério, literalmente — e parte disso é o sentimento de dor de perdê-los porque eu ainda os amo tanto. Mas a outra parte disso é rir das memórias e lembrar da diversão que tivemos também. Eu não quero só lembrar as pessoas que eu perdi através de suas mortes. Eu quero lembrar de suas vidas. Eu quero lembrar do nosso tempo juntos.

Uma das coisas difíceis, depois dessas grandes perdas que tive na minha vida, é ter medo de que eu não vou me lembrar. Tipo, ‘Ah não, eu vou perder todas as memórias se eu não tentar rapidamente perguntar às minhas irmãs ou ao meu pai, ‘Se lembra daquela vez? O que aconteceu mesmo?”, e só tentar encontrar as coisas, porque de repente é essa caça ao tesouro para encontrar todo o nosso tempo juntos que eu não quero perder, eu não quero esquecer. Eu esqueço tanto as coisas; tanta coisa aconteceu na minha vida. E eu acho que, com o tempo, elas meio que começam a voltar mais.

No momento, quando está tudo fresco, você meio que sente que não consegue se lembrar de nada, e aí as coisas meio que começam a se abrir novamente depois que o luto cede um pouco.

Uau, hein? Você pode conferir essa entrevista de Amy na íntegra pelo podcast logo abaixo (em inglês). Vale lembrar que também tivemos a chance de bater um ótimo papo com Amy Lee na época do lançamento de The Bitter Truth, disco mais recente do Evanescence, e essa conversa está disponível aqui.

OUÇA AGORA MESMO A PLAYLIST TMDQA! ALTERNATIVO

Clássicos, lançamentos, Indie, Punk, Metal e muito mais: ouça agora mesmo a Playlist TMDQA! Alternativo e siga o TMDQA! no Spotify!