Alicia Keys no clipe de
Reprodução/YouTube

Não é qualquer artista que consegue a devida visibilidade com seu primeiro single. Muitos dos nomes mais importantes da história da música mundial não emplacaram logo de primeira, mesmo sob as asas de grandes gravadoras. Nomes pop como Rihanna, Jay-Z e mais precisaram esperar mais alguns lançamentos para encontrarem a fama definitiva. Mas não foi isso o que aconteceu com Alicia Keys.

Isso porque seu single de estreia, “Fallin’“, é de fato uma de suas melhores contribuições para a cena. Completando 20 anos de lançamento em 2021, a canção, que integra o disco Songs In A Minor, arrancou elogios de público e crítica e colocou a cantora nos holofotes da cena R&B e neo soul.

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Separamos algumas curiosidades sobre a canção, incluindo curiosidades sobre sua produção e seu legado. Confira após o vídeo:

 

O longo parto

O lento processo responsável por colocar Songs In A Minor no mundo demorou cerca de seis anos. Isso porque Alicia começou a escrever as canções quando tinha apenas 14 anos, mas as idas e vindas de gravadoras, além de questões pessoais, atrasaram o processo.

Durante esse período, a cantora gravou 32 músicas, fez parte da So So Def e teve seu disco rejeitado pela Columbia Records. Composições de sua autoria entraram para filmes populares como “Homens de Preto” (“Dah Dee Dah (Sexy Thing)”) e “Dr. Dolittle 2” (“Rear View Mirror”). A virada de chave oficial foi o seu contato com o executivo musical Clive Davis, que a colocou em sua então nova gravadora, a J Records. “Fallin’” foi uma das últimas músicas compostas, mas foi escolhida com maestria para se tornar o primeiro single.

 

Piano, balada, James Brown

Sem fugir da estética proposta pelo álbum, “Fallin’” encanta ao misturar elementos gospel em um canção R&B moderna e pop, carregada de soul e de elementos melódicos característicos.

A icônica linha de piano se faz presente ao longo da música inteira, dando o tom para a canção e o guiando os elementos percussivos e a a voz de Alicia. Foi o suficiente para a Rolling Stone a proclamar “a próxima rainha do soul”.

A estruturação da música ainda remete um pouco ao que é visto em “It’s a Man’s Man’s Man’s World“, de James Brown. Bom, inspirações, né?

 

As idas e vindas de um relacionamento

Enquanto isso, a letra versa, assim como boa parte das músicas populares, sobre amor. No entanto, a interessante abordagem de Alicia retrata os altos e baixos de um relacionamento amoroso, que, como em uma gangorra, balanceiam essa complexa equação.

A escrita reflexiva, baseada em emoções profundas, foi uma forma encontrada por Alicia para desvendar problemas de um relacionamento que vivia na época. Segundo a cantora:

“Às vezes, você está completamente apaixonado por alguém e, outras vezes, você não aguenta olhar na cara dessa pessoa. Você entra e sai. Você vai e volta. É exatamente disso que relacionamentos se tratam.”

 

Off: não é em lá menor

Apesar do nome do disco (“Canções em lá menor”, em tradução literal), “Fallin’” não foi composta no tom citado. A música é originalmente tocada no tom de dó maior.

No entanto, isso não é uma particularidade do single de estreia. A faixa “Jane Doe” é a única do disco que, de fato, foi desenvolvida em lá menor.

O título original do disco, de acordo com o livro “I Love Rock ‘n Roll (Except When I Hate It)“, seria Soul Stories in A Minor. Não seguiu desta forma por conta de uma observação do executivo Clive Davis, que achou que o nome seria atrativo apenas para rádios de música soul. O “A” do título é uma brincadeira com o nome da cantora, que na época tinha apenas 20 anos de idade. Vale lembrar também que “key” pode ter um significado equivalente ao termo “tom” por aqui.

 

A mãe tá on

Lançado em Abril como single prévio, “Fallin’” caiu como uma luva no gosto da Recording Academy. A canção foi indicada para quatro categorias no Grammy Awards de 2002: Canção do Ano, Gravação do Ano, Melhor Performance Vocal de R&B e Melhor Música de R&B. Ela levou três dos quatro prêmios, perdendo apenas o gramofone dourado de Gravação do Ano, que o U2 conquistou com “Walk On“.

Por sinal, a cantora levou mais dois prêmios importantes e fechou a cerimônia como a principal ganhadora, com 5 categorias. Ela foi a Artista Revelação e também ganhou o prêmio de Melhor Álbum de R&B com Songs In A Minor. Não é para qualquer um, não!

 

“Fallin’” no topo

Não foi só a Academia que ficou impressionado com o talento de Alicia logo de primeira. A recepção do público também foi calorosa e muito receptiva.

Isso a levou a um destaque expressivo na Billboard Hot 100, entendida até hoje como o mais importante termômetro da indústria. Em nove semanas após sua estreia na parada, a canção alcançou o topo, destronando “Bootylicious“, das Destiny’s Child. Após três semanas, o single de estreia perdeu a primeira posição para “I’m Real“, parceria entre Jennifer Lopez e Ja Rule.

Ah, o auge do R&B no pop! Bons tempos.

 

Um baita clipe

Se a música, por si só, já é suficientemente emocionante, precisamos falar também sobre seu clipe. Na adaptação audiovisual de “Fallin’”, Alicia toca piano, mostra que tem senso de moda e vai visitar seu companheiro na prisão.

Com direção de Chris Robinson, o aclamado vídeo foca mais na letra do que na estética dançante do R&B proposto por Keys. O encontro da cantora com seu parceiro, mais ao final, é emocionante e digno de lágrimas. O vídeo vai na direção contrária da obra visual de artistas soul, como foi destacado em uma matéria da Rolling Stone na época:

“O clipe se distingue de outras belas, mas conservadoras, cantoras de soul, que parecem ter medo de colocar a cara a tapa. (…) ‘Fallin” é uma canção rara que de fato aprofunda a mensagem da música. Ela documenta o esforço para se manter o amor de uma forma que não está explícito na letra. Enquanto isso, levanta o ponto de que pessoas que vão presas continuam merecendo amor. Essas pessoas podem ter cometido erros em algum momento de suas vidas, mas ainda existem pessoas que se importam com elas sem se importar como o que fizeram.”

 

Reinserção social

A temática da reinserção social ainda aparece com força em outro clipe, que dá uma espécie de continuação à história apresentada em “Fallin’”.

É o clipe de “A Woman’s Worth” (que também não foi composta em lá menor), a sétima faixa do disco. O vídeo explora o que acontece com o namorado de Alicia quando é solto da cadeia. Com a ajuda da cantora, ele vai se ajustando, aos poucos, para retomar os trilhos de sua vida.

No início do vídeo, Alicia cantarola seu maior hit enquanto conversa com um jovem. É o UCAK (Universo Cinematográfico Alicia Keys).

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