Wolf Alice
Foto por Jordan Hemingway

Criado em 2010 como um duo acústico formado por Ellie Rowsell Joff Oddie, o Wolf Alice atingiu dimensões espetaculares nos últimos anos — em especial depois da entrada de Theo Ellis Joel Amey, que chegaram em 2012 para dar a cara atual do grupo que vem conquistando cada vez mais público ao redor do mundo.

Com um som que vai do Punk ao Shoegaze em segundos, a banda teve uma ótima estreia em 2015 com o aclamado My Love Is Cool e retornou ainda mais forte no premiado Visions of a Life, de 2017. Agora, com mais tempo e mais maturidade, entrega em Blue Weekend o que é sem dúvidas seu trabalho mais intrigante.

As distorções continuam firmes por ali, mas o quarteto britânico vem flertando com cada vez mais sons e experimentações e tudo isso culmina em uma sonoridade que vai agradar fãs de todos os tipos — se uma música não é pra você, não desista e tente outra até encontrar uma das diferentes facetas do Wolf Alice com a qual você vai se identificar.

O novo trabalho, aliás, levanta muitas perguntas e nós tivemos a oportunidade de tirar algumas dessas dúvidas (além de descobrir algumas curiosidades) ao bater um papo exclusivo com Ellie e Joff, o qual você pode conferir na íntegra logo abaixo!

TMDQA! Entrevista Wolf Alice

TMDQA!: Oi, pessoal! Como vocês estão por aí?

Ellie Rowsell: Olá! Por aqui tudo bem, e por aí?

Joff Oddie: Tudo ótimo!

TMDQA!: Por aqui tudo certo! Bom, é um prazer enorme estar falando com vocês hoje. O novo disco está sensacional e acho que mais do que nunca vocês realmente abraçaram as várias facetas que a banda tem, indo em várias direções com muita confiança. Como foi isso? Vocês só deixaram rolar e não se preocuparam com essas barreiras?

Ellie: Sim, eu gosto que você percebeu isso! Eu acho que [o disco] é meio que todas as fases que o Wolf Alice já teve; algumas coisas bem Folk, bem acústicas, e algumas coisas meio Punk, meio Rock, meio Shoegaze… É tipo tudo que já “molhamos os pés” e há algumas coisas novas também, com as quais ainda não havíamos experimentado, e eu realmente gosto disso.

Eu realmente consigo ouvir nós quatro nesse disco.

TMDQA!: Uma música que me pegou de surpresa foi “The Last Man on Earth”, porque tem muito piano e eu nunca tinha ouvido isso antes de vocês. É a primeira vez que vocês escrevem assim ou já tinha rolado antes mas acabava sendo gravado na guitarra e etc.?

Ellie: Olha, eu não sei! Acho que talvez a gente tenha escrito algumas coisas no piano antes mas acabamos não finalizando, não lembro. Mas é definitivamente a nossa música com mais piano.

Eu acho que ela veio só de, meio que um pouco de conveniência pra mim pessoalmente. Eu não tinha meu violão comigo na casa em que eu estava morando, então eu tive que usar o negócio de digitar a música no Logic [software de produção musical] e os sons de violão ali — aquela coisa meio som MIDI — são um lixo, mas os pianos em MIDI são um pouquinho melhores. [risos]

E aí eu acho que nesse disco a gente estava sempre procurando o sentimento, sabe? E a gente ficou muito mais inclinado a pensar, tipo, “Se a versão demo está boa, então isso é bom”, sabe. Vamos seguir com isso. Então mesmo que a gente não seja uma banda que use muito o piano, como gostamos da demo, só pensamos em seguir com isso por mais que sejamos muito mais guitarristas do que pianistas. Eu não sou nenhum dos dois na verdade, mas. [risos]

TMDQA!: [risos] E ficou muito bom mesmo! Você comentou dessa casa e eu li que vocês ficaram todos juntos em um Airbnb para compor esse disco, né. Foi uma bela imersão! Ajudou bastante na composição? Mudou alguma coisa na relação entre vocês esse período?

Joff: Definitivamente influenciou o disco, foi lá que meio que começamos a trabalhar nele enquanto estávamos todos juntos, nós quatro em um quarto. Em termos da nossa relação, nos ajudou a ficar mais próximos sim, claro! Sabe, nós somos bem próximos. Nós passamos basicamente os últimos oito anos com a companhia uns dos outros. [risos]

Nós somos muito bons amigos e foi realmente bem legal, porque a gente fez tantas turnês com o Visions of a Life e nós acabamos tirando um tempo [quando chegou a pandemia]. Você acaba quase se esquecendo que isso é parte do seu trabalho quando você faz turnês por tanto tempo; quando você fica tipo, “Nossa, verdade, a gente também FAZ música junto, né”. [risos] Tipo, nós quatro juntos. E é só uma das coisas mais satisfatórias eu acho, acordar pela manhã e uma música não existe no mundo e ir dormir com algo ali. Enfim, foi brilhante, bem divertido!

TMDQA!: Parece demais! Outra coisa que me chamou muita atenção nesse novo disco é a escolha dos timbres, que são bem diferentes do que costumamos ver de vocês. Claro, as coisas distorcidas estão ali — tipo em “Play the Greatest Hits” — mas me lembrou um pouco de uma influência New Wave, Post Punk, enfim. De onde veio isso? Como foram feitas essas escolhas?

Joff: A gente ficou bem feliz com isso. Eu acho que são duas coisas: primeiro, as composições do disco não pediam esse tipo de instrumentação, pedia uma coisa bem diferente. E eu acho que uma pequena parte — falando de mim como guitarrista — eu acho que você pode meio que se esconder atrás dessas coisas. Acho que existe um lugar e uma hora para usar [as distorções], totalmente.

Mas acho que existia uma certa confiança que nós tínhamos, e eu tinha quando começamos esse disco, sabe, tipo, “Vamos tentar umas coisas diferentes, vamos tentar uns sons diferentes e instrumentos e ver o que acontece”. E foi muito satisfatório fazer isso. Acho que aprendemos muito, definitivamente.

TMDQA!: Outra coisa legal é que o disco vem com toda uma estética, um conceito, tipo nos clipes que têm todo um aspecto analógico. Isso é algo que vocês já quiseram fazer antes ou só sentiram que se encaixava agora no novo disco?

Ellie: Eu acho que a gente só — bom, eu não posso falar por todo mundo, mas por mim, os fãs gostam desse trabalho e eu gosto dessa ideia de tipo, ter visuais para todas as canções meio que [baseados no] fim de semana, em uma noitada, mas a gente precisava encontrar alguém que pudesse trazer um pouco de “magia” pra não ficar com cara de segunda-feira. [risos]

E ele [Jordan Hemingway, diretor dos clipes] é tão bom em fazer as coisas parecerem ser de outro mundo e tudo mais. E acho que também ajuda que nós tivemos simplesmente mais tempo pra fazer as coisas, por conta [da ausência] de shows e tudo mais que nos deixou focar muito mais em visuais e tudo mais, o que não fazíamos antes.

Blue Weekend

TMDQA!: O seu primeiro disco atingiu o segundo lugar nas paradas do Reino Unido e o seu segundo disco deu a vocês um Mercury Prize e uma indicação ao Grammy. O que vem por aí dessa vez? [risos]

Joff: Um terceiro lugar. [risos]

TMDQA!: Ah, não! Tem que ser o primeiro!

Joff: Ah, é só uma piada. [risos]

TMDQA!: [risos] Bom, espero que seja pelo menos o terceiro, então! Queria falar também sobre o título desse disco. Vocês explicaram em uma entrevista com a NME que Blue Weekend traz uma sensação de esperança mas, ao mesmo tempo, uma certa tristeza [“Eu muitas vezes acho que o final de semana é muito divertido, mas muito drama acontece e às vezes é o catalisador da sua queda”]. Além do que inspirou o nome do disco, vocês tiveram outros finais de semana azuis? Conseguem lembrar de algum?

Ellie: Eu acho que tivemos alguns, não sei. Tocar no Glastonbury [em 2016] foi definitivamente um final de semana azul. [risos]

Joff: A gente teve um final de semana em Columbia, Ohio, não foi? Que você falou outro dia.

Ellie: Nossa, aquele foi um final de semana sombrio! [risos]

Joff: Um azul mais escuro. [risos]

TMDQA!: Dá pra falar disso? [risos]

Joff: Nós…

Ellie: Não, não, não, não, não. [risos]

Joff: [risos]

TMDQA!: [risos] Tudo bem. Seguimos. [risos] Eu li também que quando vocês estavam escrevendo esse novo disco vocês tocavam as músicas por cima de seriados ou filmes, enfim, de programas de televisão. Vocês conseguem lembrar de alguma combinação específica para as pessoas tentarem em casa?

Ellie: Fizemos com À Prova de Morte, aquele filme do Quentin Tarantino! Com “Feeling Myself”, mas não foi com o trailer, foi a cena da dança sensual. A gente fez também com — vergonhosamente — com Euphoria.

TMDQA!: Ah, Euphoria é legal!

Ellie: É… legal… [risos] São as que eu consigo lembrar. E não me lembro também qual música foi com Euphoria, eu acho que pode até ter sido com uma canção que não entrou no disco pra falar a verdade!

TMDQA!: Ah, acontece. Mas que legal, certamente vale a pena tentar com À Prova de MorteQueria falar um pouco sobre a edição online do Glastonbury que rolou nos últimos dias. Vocês enxergam isso como uma oportunidade de fazer um show verdadeiramente global, já que muitas vezes as turnês não te levam pra todos os lugares que querem ir?

Ellie: Sim, eu acho que é uma das coisas mais legais dessas lives. Elas são acessíveis para todo o mundo, para que todos tenham uma experiência coletiva e não só as pessoas que têm a sorte de estar em um festival ou qualquer coisa assim.

Isso faz com que seja bem assustador, porque é uma experiência bem diferente, sabe? Mas é legal por conta desse alcance que tem.

TMDQA!: Por fim, queria fazer a pergunta clássica das nossas entrevistas por aqui: vocês têm mais discos que amigos?

Ellie: Sim, e eu só tenho tipo cinco discos.

Joff: [risos] É verdade pra mim também e eu não tenho nenhum disco.

TMDQA!: [risos] Ah, por favor, né! Gente, muito obrigado pelo tempo de vocês hoje. Foi um prazer enorme e, novamente, parabéns pelo excelente disco! Espero que a gente possa se falar de novo — e quem sabe se ver — em breve.

Ellie: Ah, obrigada! Até mais!

Joff: Muito obrigado! Até!

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