Gabo - Bicicleta Sem Rodinha

Gabo é um jovem artista independente que mesmo em início de carreira já conseguiu alguns feitos bacanas no mundo digital.

Artista com distribuição da TuneCore, o cara emplacou músicas em algumas das maiores playlists do Spotify, como a “Indie Brasil”, estando nela inclusive com duas canções, “Mergulho” e “Azul Rosa”.

O TMDQA! conversou com o artista e falou a respeito de música alternativa, mercado independente, inclusão em playlists e mais.

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TMDQA!: O projeto Gabo é relativamente novo nas plataformas digitais (2020) e já emplacou duas músicas na playlist Indie Brasil do Spotify, distribuindo com a TuneCore. Como isso te ajuda?

Gabo: Ter as músicas “Mergulho” e “Azul Rosa” em uma playlist oficial do Spotify tem sido importante como impulso para fora da minha bolha, principalmente se tratando de um projeto novo. Tem sido principalmente a partir dela que pessoas fora das limitações de alcance das minhas redes sociais vêm me encontrando. Dessa maneira, acabam refletindo na própria plataforma em novos seguidores, presença em playlists pessoais, ouvintes que são frutos dessa primeira conexão, e conhecendo mais do trabalho completo que foi lançado. A divulgação da participação na playlist também acaba sendo uma boa forma de chamar a atenção em geral, devido à credibilidade que a plataforma transmite.

TMDQA!: Quais foram os principais desafios e conquistas que você tem vivenciado nessa etapa de início nas plataformas digitais?

Gabo: Para mim, tem sido uma mistura boa de sentimentos. A agitação acaba tomando conta frente às expectativas de colocar o trabalho no mundo, principalmente porque estava guardando as músicas prontas desde outubro de 2019. Como o planejamento com o pessoal do selo Living Waters Records (Brooklyn, EUA) já vinha ocorrendo desde o ano passado, ver tudo saindo do papel de maneira ordenada foi muito massa.

Uma questão que me fez refletir bastante diz respeito a uma certa pressão em busca de grandes números repentinos, algo como “o hit que estoura”, o que me aparenta afligir também a outros artistas. A campanha de lançamento, e até mesmo o firmamento do projeto através do EP, tem me mostrado aos poucos na prática que a construção a médio/longo prazo é um fator importante para a consolidação de um trabalho. As conquistas têm sido diárias, tanto acompanhando as músicas se espalharem por diversas cidades do globo, como sentindo o trabalho reconhecido ao fazer parte de playlists como a Indie Brasil (também vendo a permanência das músicas nela por diversas semanas desde seu lançamento) e conversando com quem escuta, curte e vem trocar ideia.

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TMDQA!: Falando a respeito do seu último lançamento, o EP Bicicleta Sem Rodinha, qual é a história e/ou mensagem desse projeto?

Gabo: O EP Bicicleta Sem Rodinha (Living Waters Records, 2021) começou a ser elaborado e nasceu antes mesmo do projeto ter um nome definido. Ele foi produzido entre dezembro de 2018 e outubro de 2019, inicialmente pensado dentro do meu TCC na graduação em Música Popular da UFRGS. Me desafiei a gravar um disco no quarto realizando quase todos os processos e tomando todas as decisões de produção, o que se traduziu na minha atuação na composição, gravação e mixagem, sendo os dois últimos a primeira vez em que me via atuando.

Para conseguir fazer isso, peguei diversos instrumentos emprestados com vários amigos e contei com muita ajuda para desvendar as peripécias dos softwares de gravação. Daí vem o nome “Bicicleta Sem Rodinha”, que é uma metáfora à mesma sensação que tive na primeira vez que andei de bicicleta sem rodinhas: me sentia independente, mas ainda com muito para aprender. As canções em si traduzem alguns sentimentos pessoais da virada para a vida adulta, observações cotidianas refletidas enquanto compunha contemplando através da janela do meu quarto e mais algumas doses metafóricas sobre cenários políticos da cidade, estado e país.

TMDQA!: Além de Porto Alegre, a cena independente vem crescendo cada vez mais e os artistas estão com os direitos das suas músicas nas mãos. Isso é importante pra você?

Gabo: De fato. Principalmente em tempos de pandemia, onde não é possível a realização de shows, é a partir dessa renda que muitos de nós tiramos nosso sustento. Pensando no meu caso, sendo um artista com um projeto em início de carreira, cada centavo também acaba sendo valioso para a manutenção da prática e possíveis investimentos em futuros lançamentos.

TMDQA!: A cena em POA é muito forte e tem influência na cultura brasileira. Algum artista local te influencia em teus trabalhos?

Gabo: Eu cresci ouvindo muito rock gaúcho, principalmente quando voltei a morar em Porto Alegre em 2009, aos 12 anos. No começo fui bastante influenciado sonoramente pela minha família, e nessa época gostava de acompanhar meu tio nos ensaios da banda dele, que tinha em seu repertório alguns covers de Júpiter Maçã. Lembro que pirei muito no som, também assistindo várias vezes ao clipe de “Modern Kid”, que bombava na MTV.

Acho que muita coisa acabou deslanchando a partir disso, tanto das pesquisas de influências dos discos dele, como do som em si. Também tomo como inspiração diversos artistas mais recentes da cidade, como Supervão, Viridiana e Bel_Medula.

TMDQA!: Um dos grandes pontos positivos dos artistas independentes é não viverem sob as influências de terceiros quanto à carreira. Como te ajuda não ter essa pressão em volta? Como isso afeta o processo de criação e a liberdade artística?

Gabo: Acredito que no EP Bicicleta Sem Rodinha prezei por um caminho que buscava não se adequar a padrões, tanto pela forma que foi produzido como pelas canções em si. Durante o processo eu evitei mostrar muita coisa para outras pessoas pois tinha certa insegurança e medo de me deixar levar por opiniões diversas. No entanto, acredito que a circulação em off dele acabou potencializando o produto final, principalmente quando foi ouvido pelo pessoal do selo. Eram oito faixas de um suposto álbum que virariam as atuais cinco do EP, uma influência que na minha visão só trouxe benefícios para o lançamento e me fizeram até gostar mais dele haha. Tirei como lição que interferências e contribuições podem acabar enriquecendo mais o trabalho, mesmo quando numa proposta mais solitária, e me faz refletir cada vez mais a importância da escuta.

TMDQA!: Quando você pensa em sucesso na música, que artista ou outro profissional lhe vem à cabeça? Talvez até para uma parceria.

Gabo: No Brasil, admiro muito o trabalho do Boogarins. Fora do país, gosto bastante das Hinds, da Espanha. São duas bandas que têm uma característica em comum quanto a terem feito um primeiro sucesso fora de seu país de origem com um som mais caseiro vindo de um ethos punk, turnês carregadas de datas e que parecem estar colhendo bons frutos em território nacional atualmente.

TMDQA!: Consistência de lançamentos nas plataformas digitais vem trazendo resultados bem legais para artistas iniciantes. O que podemos esperar do seu próximo trabalho? E para quando?

Gabo: Tenho percebido uma mudança no modus operandi com o fortalecimento do streaming, algo que não exclui lançar álbuns grandes, mas que também incentiva a ter mais lançamentos na praça regularmente. Ter certo domínio sobre a gravação caseira me facilita um produto final sem muitos custos, o que já me permitiu considerar e explorar lançamentos esporádicos de singles, que outrora já se viram engatilhados. Para o momento, venho compondo e gravando novas demos para um novo EP ou quem sabe, um álbum. Não dá para saber ainda! :)

TMDQA!: Alguma mensagem de apoio para aqueles que buscam visibilidade nas plataformas e destaques em playlists, já que emplacou duas músicas na Indie Brasil do Spotify com a TuneCore e espaços em veículos como o TMDQA!?

Gabo: Acho que acreditar no som e buscar conhecimento sempre é bom. Fora isso, há coisas que foram essenciais na mudança da minha postura comparando com lançamentos anteriores que realizei com bandas. Trocar ideia, planejar com antecedência, não antecipar etapas, pedir a ajuda dos amigos durante o processo, fazer com o que tinha. A parceria com o selo Living Waters Records, que também realizou um lançamento especial do EP em vinil 12”, foi um fator muito importante pra pensar e executar o lançamento, o que pra mim mostra ainda mais a força de buscar estar envolvido com um coletivo. Isso tudo potencializou o trabalho desde o seu embrião. Sou uma pessoa muito ansiosa e entendo muito a ideia de querer já mostrar para o mundo aquilo que a gente fez, mas às vezes o
tempo ajuda a amadurecer a obra e o artista.

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