A banda Ator Morto é uma das favoritas aqui da casa.
Nos últimos anos, o grupo liderado por Capilé (Sugar Kane, Water Rats) lançou grandes canções que mostraram uma vontade imensa de fazer o diferente e não se contentar com zonas de conforto.
Dessa forma, a banda foi do Hardcore ao Pop Rock em um mesmo disco, o ótimo Amor Torto, que apareceu na lista com os 50 Melhores Discos Nacionais de 2019 no TMDQA!
Pois bem, agora uma nova fase se inaugura na carreira da banda e ela vem com mais um lado que ainda não conhecíamos: o rock psicodélico.
No dia 23 de Abril, mais conhecido como amanhã, o grupo brasileiro irá lançar um novo disco chamado ExtraCoExistencial e ele inaugura a parceria do selo brasileiro Forever Vacation com a gravadora Hotel Records, sediada no Chile e com unidades no México e na Espanha.
Lançando títulos de indie, garage, rock, pop e, é claro, música psicodélica, a Hotel Records torna-se então uma parceira da FVR e esse primeiro gostinho já vem em grande estilo.
Para antecipar o que vem por aí, o TMDQA! traz com exclusividade a estreia do clipe de “Bicho Torto”, e você pode assistir ao resultado final logo abaixo.
Ao falar sobre o novo disco, o guitarrista e vocalista Alexandre Capilé afirmou:
Em ExtraCoExistencial, a banda assume muito mais influências da música brasileira. Essa busca foi natural, pois sentíamos que essa incorporação tinha muito a enriquecer no som. Também foi um disco gravado durante a pandemia e no começo do lockdown, a sensação de dúvida sobre o futuro pairava no ar e vários trechos do álbum refletem esse momento.
O trabalho anterior foi todo gravado por mim e Carlos, dessa vez Pedro assume muito bem seu papel na banda e contribui com muita personalidade na sonoridade final.
Além de Capilé, o Ator Morto ainda é formado por Carlos Fermentão (voz e bateria), Pedro Lipatin (guitarra e bv) e Rafael Panegalli (baixo e bv).
Diverso, o álbum terá canções voltadas ao funk rock dos Anos 90 como “Livre” e “Paraguai”, que têm participações de Sebastian (Sebastianismos, Francisco el Hombre), sons do garage punk e até uma balada na forma de “Desencanto”, parceria de Capilé com a sua namorada, Caroline Carbonari.
Na sequência você pode ver um faixa a faixa escrito por Capilé e apertar o play para se divertir com o novo clipe da Ator Morto.
Divirta-se!
01 – “Livre”
Abrindo o álbum, temos a energética “Livre”, que remete tanto ao garage/lo-fi atual como tem elementos funk/grunge dos 90, de bandas como Red Hot Chilly Peppers, Janes Addiction, entre outras. A música conta com a participação de Sebastian (Sebastianismos/Francisco El hombre) nas percussões.
02 – “Paraguai”
Podemos dizer que é a primeira música no disco que mostra sinais de mudança e amadurecimento musical da banda. Como “Livre”, remete muito ao funk rock dos 90s com influência direta da música brasileira. A história narra o trajeto de algo que vem do Paraguai até São Paulo, substância que altera o desejo do interlocutor, o obrigando sempre a ceder. “Paraguai” conta também com a participação de Sebastian (Sebastianismos/Francisco El hombre) nas percussões.
03 – “Bicho Morto”
Uma bela canção que remete ao rock psicodélico brasileiros dos anos 60/70. Forte influência de Beatles, Mutantes e vocalizações muito melódicas. Sua letra fala sobre a situação atual que vivemos não só no Brasil, onde é difícil ter esperanças devido ao cenário atual. “Bicho Morto” é o single de lançamento do álbum e representa muito bem a mudança da banda para uma identidade mais brasileira do que gringa, como era no disco anterior.
04 – “Extracoexistencial”
Garage punk que narra um amor além das fronteiras da realidade, vivido somente no mundo dos sonhos, paralelo ao tempo real e perfeito como é. Uma vida em apenas alguns segundos na nossa mente, o que é real? A música dá nome ao álbum. Esta canção relembra muito o último lançamento da banda, “Disfarçar”, com a pegada bem garage.
05 – “Letras Traduzidas”
Segundo a banda, a canção é uma homenagem a todas influências que tiveram. Narrando de forma bem direta o que aconteceu até chegarem onde estão. De forma animada e na pegada de músicas como “Viciado” (do álbum Amor Torto) e “Não Consigo Não” (single), ela remete ao lado do rock clássico com letras debochadas já conhecidas da banda.
06 – “Tá Esquisito”
Nesse som, a banda flerta com o indie rock 2000, porém a construção das melodias e letras tem muito a ver com a métrica do samba rock nacional. Nós tentamos não copiar um gangueiro inglês, como é instintivamente natural para esse tipo de som. Buscamos misturar a pegada dançante da música com a poesia brasileira. Sua letra narra um relacionamento virtual em tempos de isolamento social. Onde a presença é somente no 2D e apesar de estar tudo esquisito, a pessoa acha que vai melhorar.
07 – “Esqueci”
Sabe quando você está numa conversa e tem algo muito legal pra dizer e esquece? Você não está só e essa música te representa. Fala sobre esse momentos que tinha algo pra dizer e não lembra, inclusive a própria letra da música. Destaque para as vozes muito bem aplicadas em aberturas de harmonia. Um ponto forte nesse disco é a evolução harmônica da banda. É a música mais “diferente” do álbum, lembrando os primeiros trabalhos solo do Paul McCartney.
08 – “Brasil Tortura”
Talvez a música mais experimental da obra, possui uma estrutura diferente das outras. Uma pegada dançante e com tempos quebrados, ela narra a dor de um brasileiro que descobre que lutar pelo seu país pode o levar à tortura. Uma tortura em nome do cidadão de bem, que ao contrário do que o nome diz, usa a falsa benevolência para justificar a violência.
09 – “Giblá Blá Blá”
Uma punk cru onde os integrantes trocam seus instrumentos, em busca da sonoridade mais crua, onde a letra repete blá blá blá e segue o instinto selvagem do som. Nela, Pedro assume a bateria; Capilé, o baixo e voz e Caique, a guitarra.
10 – “Desencanto”
Como já é de praxe para a banda, essa é a balada do disco. Referência total a John Lennon, Oasis e Ty Segall na parte musical, a letra aborda a triste decisão de escolher perder para crescer. A letra é escrita por Capilé e sua companheira Carol Carbonari, e retrata o triste desencadear de um relacionamento sem saída. Ela encerra o disco numa bela balada.
Álbum ExtraCoExistencial
Gravado, mixado e masterizado por Alexandre Capilé, que assina também, em parceria com Carlos Fermentão, a produção do álbum. Tudo feito no Estúdio Costella (São Paulo – Brasil), entre maio e junho de 2020, durante a pandemia.
Arte da capa por Giovanna Zambianchi.
Clipe “Bicho Morto”
Direção: Ator Morto
Direção de fotografia: Caroline Carbonari
Edição: Alexandre Capilé
Cor: Denis Carrion