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Foto por Fernando Correia

Ikê Maré, o primeiro álbum solo de Julico (The Baggios), foi um dos lançamentos mais relevantes da música brasileira em 2020.

Neste mês de Fevereiro, o disco, que figurou em nossas listas de 50 Melhores Discos Nacionais de 2020 e 50 Melhores Capas de Discos de 2020, chega em vinil de 180 gramas, na cor verde azulado.

O selo Limaia Discos

O lançamento marca a inauguração do selo fonográfico Limaia Discos, recém criado pelo próprio artista para distribuir o elogiado álbum em vinil. Em conversa com o TMDQA!, Julico conta que o selo ainda está engatinhando e buscando a construção de sua identidade, e ter o seu trabalho como primeiro lançamento o deixou mais confortável a arriscar nesse projeto.

O próximo grande ato do Limaia Discos será o vinil do álbum de estreia da Baggios, que completa agora 10 anos. Daí para frente, o selo ainda tem como objetivo estimular a produção de mais artistas nacionais, tanto contemporâneos, como também lançamentos antigos. Segundo o músico, ele já está preparando as suas listas de títulos que adoraria lançar, mas a falta de investimento e a burocracia ainda não alguns dos desafios.

Tem muitos discos que eu gostaria de lançar, não só de artistas atuais, mas também artistas que eu amo e me influenciaram muito, e que espero ter uma oportunidade de trazer à tona novamente, tentar tornar esses discos acessíveis para as pessoas. Então, é um selo que tem muita vontade e agora é dar o tempo, deixar esse tempo fluir, para ver o que pode ser e o que será mesmo.

O Ikê Maré de Julico

A expressão que dá nome ao disco solo de Júlio Andrade, “ikê maré”, só existe – ainda – no imaginário do músico sergipano. Representa o tempo, com seus ensinamentos e ciclos. Ikê maré é, também, um estado de espírito, em constante transformação, a incessante busca por caminhos diversos na vida, conquistados a partir do conhecimento que o tempo oferece, pode ser pela arte ou pela convivência humana, reflete Julico.

E nem sempre é pelo caminho mais fácil, a gente aprende, às vezes, por vários desvios e volta para a estrada principal. Então, isso nos leva a pensar mais em nós, pensar mais no que nos fortalece, quais são as forças que estão com a gente… De alguma maneira, acho que, como a música é uma extensão de nós mesmo, ela é um meio de botar para fora esses sentimentos, essa visão do mundo, e desejo de mudar alguma coisa também.

A ligação do artista com a espiritualidade o acompanha há um bom tempo, até antes do álbum Vulcão (2018), do The Baggios, onde aborda um pouco mais o tema. Julico vem buscado se aproximar ainda mais de sua parte espiritual, através da meditação e muita leitura. O músico destaca o impacto dos ensinamentos de Yogananda em sua vida, como “uma forma muito bonita de entender o que tá acontecendo em nossa volta, tira a gente um pouco do egocentrismo, sai um pouco desse materialismo“.

Eu sempre relacionei muita coisa à energia, a troca de energia, essa parte de compor música,  de tocar música, é uma parada muito transcendental, naturalmente, né?! A gente não sabe explicar da onde vem a parada. ‘Ikê Maré’ mesmo, eu compus lá na Ilha de Itaparica. Eu tava passando um final de semana lá, com a família, e ela me veio assim, a noite veio a melodia, no outro dia veio a letra. E a letra tem haver com aquilo, com aquele mar, com a fluidez das Marés…

Continua após o vídeo.

Esse conceito reverbera pelas 13 faixas do registro, com a fusão do soul, do funk e psicodelismo da música brasileira. Uma rica mistura de vários ritmos e etnias tem também baião, desert blues e música folk. A verve da música brasileira setentista dá o tom ao disco, explorando o swing e o groove. Ikê Maré é, mesmo, plural e conta com participações de Curumin, Sandyalê, entre outros.

É um disco bonito porque também resgata muito minha memória afetiva da infância, do interior. Eu cresci no interior de São Cristóvão, cidade vizinha a Aracaju. Passei 30 anos vivendo lá e aquela vida simples, liberta, muito livre para andar pelos povoados, tomar banho de rio, subir em mangueiras pra chupar manga, visitar sítio de amigos, enfim, é uma coisa que me marca muito. Quando eu penso em lugar de paz, eu penso muito na natureza, penso muito no mato, nas águas também. Então esse disco é um fruto dessa boa lembrança que eu tenho, de uma energia boa, mesmo vivendo num momento tão delicado e tenso.

Pré-Venda do Vinil

Ikê Maré foi gravado em casa, no home studio de Julico, o que trouxe ao registro uma outra relação com as composições e uma sonoridade própria. O álbum foi inteiramente pensado para receber prensagem em vinil, formato do qual o artista é admirador e colecionador. Desde a sequência de música, lado A, lado B… estética sonora, tempo de disco, tudo foi preocupado, desde o início, para o amado bolachão.

Limitado a 300 cópias, com produção da Vinil Brasil, a edição luxuosa acompanha capa em gatefold e encarte/poster tamanho A2, com um emblemático clique de Victor Balde, responsável por todas as fotos oficiais de Ikê Maré. Ainda em pré-venda, que vai até o dia 12 de Fevereiro com preço promocional, mais de 70% dos vinis já foram vendidos.

Estou muito feliz de já ter 210 discos comprometidos, muitos pra fãs e admiradores, mas muito também para lojistas, que houve uma procura grande. Então eu tô vendo, pelo andar da carruagem, que antes mesmo de sair, de chegar nas primeiras pessoas, o disco já vai estar com pouquíssimas unidades. Eu trato isso como uma coisa muito fantástica mesmo, recebi essa bênção completa agora, com esse vinil do álbum ‘Ikê Maré’, mas também vi aí um bom sinal para iniciar esse projeto que eu tenho muitos planos para ele.

Você pode garantir a sua cópia de Ikê Maré pelo site da Limaia Discos, disponível em venda avulso ou em diferentes kits, com camisas, egobags e quadros, todos desenhados pelo próprio músico.

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