Kurt Cobain no Nirvana Live And Loud

Muito se fala sobre Kurt Cobain ser um grande pioneiro da música, pegando a indústria musical inteira de surpresa com a crueza e sinceridade de suas composições que transformaram o Nirvana em uma das maiores bandas da história.

Tudo isso é verdade, claro, mas às vezes esquecemos que Kurt também era um cara muito à frente de seu tempo em questões sociais.

Far Out relembrou isso recentemente em uma matéria que resgata uma entrevista do músico em 1992, na qual ele abordou justamente a sua relação com bandas como Led Zeppelin e Aerosmith e como ele foi, aos poucos, descobrindo o que era o machismo enraizado em todos nós:

Ainda que eu escutasse o Aerosmith e o Led Zeppelin, e eu de fato realmente curtia algumas das melodias que eles escreveram, eu levei muitos anos para perceber que muito delas tinha a ver com sexismo. A forma como eles simplesmente escreviam sobre seus pintos e sobre fazer sexo. Eu estava apenas começando a entender o que realmente estava me irritando tanto naqueles últimos anos do colégio.

E aí o Punk Rock foi exposto [a mim] e tudo se juntou. Só se encaixou perfeitamente como um quebra-cabeças. Expressava a forma como eu me sentia socialmente e politicamente. Simplesmente tudo. Sabe. Era a raiva que eu sentia. A alienação.

A reportagem cita ainda Danny Goldberg, co-empresário do Nirvana e autor do livro baseado em Kurt Serving the Servant, como alguém que presenciou essa discussão e confirmou que o vocalista e guitarrista de fato pensava assim. Em entrevista de 2019 com a Forbes, Goldberg disse:

Primeiramente, eu concordava com ele sobre isso. Segundamente, eu acho que ele ficava dividido: eu acho que ele gostava da música. Ele gostava da música do Led Zeppelin — e do AC/DC. Mas as letras o deixavam desconfortável, exatamente pela razão já dita. E eu acho que eu cito ele dizendo algo do tipo no livro, e eu quis fazê-lo porque é fundamental para quem ele era como artista.

Kurt Cobain e o machismo

Não é como se a relação entre Kurt Cobain e machismo acabasse por aí.

As próprias letras do Nirvana abordaram o tema de diversas formas durante a carreira do músico, sendo que definitivamente a mais polêmica de todas foi “Rape Me”. Na época, houve muita controvérsia acusando o cantor de fazer apologia ao estupro — a tradução literal do título da faixa, afinal, é “Me Estupre”.

Você pode entender melhor por que esse não era o caso nessa matéria que fizemos sobre a canção por aqui, mas outra faixa que levantou questões relacionadas a isso foi “Polly”. Como lembra a Far Out, Kurt explicou de onde veio sua inspiração para lutar por essa igualdade entre os sexos quando foi falar dessa música:

Eu não conseguia encontrar amigos [na escola], amigos homens com quem eu me sentia compatível. Eu acabei andando bastante com as garotas. Eu sempre sentia que elas não eram tratadas com respeito. Especialmente porque as mulheres são totalmente oprimidas.

Definitivamente, não era um posicionamento comum em 1993 — em especial para um rockstar. Curioso pensar que, infelizmente, muitos dos que se dizem fãs enormes do Nirvana atualmente ainda insistem em uma visão retrógrada que já era criticada pelo líder da banda há tanto tempo…

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