Zé Manoel
Foto: Máquina 3

Não é de hoje que Pernambuco é conhecido como celeiro efervescente de produção artística e musical no Brasil. Entre o final de 2020 e o início de 2021, o cancioneiro pernambucano vem movimentando as redes, tendo a negritude como forte protagonista. Zé Manoel é um desses artistas que trouxe frescor e inventividade à música brasileira.

Natural de Petrolina/PE, mas radicado em São Paulo já há alguns anos, o músico, um dos pianistas consagrados da música brasileira contemporânea, lançou no final de Outubro do ano passado o terceiro álbum de sua carreira: Do Meu Coração Nu, uma obra de acolhimento mas também de protesto, que pede o fim da violência contra a negritude.

Entre as 11 canções que compõem o trabalho, está “Adupé Obaluaê“, uma música de cura e ancestralidade. A faixa recebeu recentemente um videoclipe com a linda performance de Gil Alves, que também assina o roteiro e divide a direção com Wendel Assis. Fechando 2020 com chave de ouro, o filme rendeu a equipe o merecido prêmio de Best Dance Vídeo (“Melhor Vídeo de Dança”, em português), no festival francês Internacional Music Video Underground, além de terem figurado entre os 4 finalistas na categoria Best Music Vídeo (“Melhor Videoclipe”, em português).

Você pode contemplar a obra logo abaixo, após a playlist oficial do TMDQA! no Spotify com a canção.

Okado do Canal

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Foto: Divulgação / Making Off

O rapper pernambucano Okado do Canal denuncia a violência policial em seu novo videoclipe, “Medo do Medo“. Baseada em fatos reais, a produção retrata a violência racial e extermínio dos corpos negros e homenageia as vítimas que morrem nas mãos do estado.

A arte como instrumento de mudança e revolução foi o fio condutor desse projeto, que conta com a produção musical de DJ Phino e que encontrou nas batidas do boomtrap – uma variação do boombap dos anos 90 clássico do rap – os beats certeiros com flows diversificados e a pegada eletrônica para acompanhar um discurso de protesto.

Autobiográfica, a faixa é também uma homenagem póstuma a Jenifer Cilene, Kauã Rozário, Kauan Peixoto, Kauê Ribeiro, Ketellen Umbelino, Ágatha Vitória, Anna Carolina e João Pedro, crianças que foram vitimadas pela violência do Estado. Como também ao jovem Pedro Gonzaga, asfixiado pelo segurança em um supermercado no RJ, e Miguel, morto sob os cuidados da patroa em Recife. Okado denuncia que a faixa é, sobre tudo, sobre o estereotipo de bandido imposto à pele negra.

‘Medo do Medo’ tem inspirações em casos reais, acima de tudo. Principalmente nos que aconteceram comigo, de abordagens da polícia, de pessoas atravessando a rua com medo de mim porque eu tenho o estereótipo de bandido e eu também sentindo medo de que alguém gritar ‘pega ladrão’ e eu me f**** por nada.

As muitas mensagens de reflexão trazidas em “Medo do Medo” escancaram o abuso do poder policial, o racismo e a realidade vivida nas favelas e periferias e alertam sobre a pauta da Consciência Negra, que deve ser permanente. Em Pernambuco, terra do rapper, de acordo o estudo da Rede de Observatórios de Segurança Pública, levando em consideração os óbitos contabilizados em 2019, 09 em casa 10 mortos pela polícia são negros.

Assista abaixo ao clipe de “Medo do Medo”, dirigido pelo próprio Okado do Canal.

BORABAEZ

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Foto por André Medina

Encabeçado pela cantora e compositora Karola Balves e pelo músico e produtor Henrique Paoli, o duo BORABAEZ fez sua estreia recentemente com o single “Retuíta“. Num gingado que conecta corpo e cabeça, a faixa também marca o primeiro videoclipe do projeto.

Karola tem dendê no sangue, é natural de Teixeira de Freitas, na Bahia. É arquiteta de formação e artista por natureza. Canta e escreve. Henrique é capixaba da ilha de Vitória, no Espírito Santo. Músico e produtor, já imprimiu seu talento na produção musical de artistas como André Prando, Rodrigo Novo e Ana Müller. Toca, arranja e mixa. Calha deles serem um casal e, agora, darem um novo passo em suas trajetórias ao cruzá-las no duo. Sobre o surgimento e processo criativo do BORABAEZ, Karola revela:

Faz um tempo que a gente vem criando e ensaiando, uns aninhos de ideias que foram tomando formas de maneira muito orgânica. Eu atuo como produtora cultural, Henrique é produtor musical, e nesses atravessamentos todos a gente foi tendo umas pistas do som que a gente não apenas queria ouvir, como também fazer.

Da interseção de estados, sotaques e musicalidades, o BORABAEZ foi ganhando corpo, estética e sonoridades próprias. Henrique reflete sobre sua própria trajetória artística e aponta suas experiências como colaborador de diferentes projetos musicais como peça importante na construção do novo duo, que desabrocha na cena independente.

Entendo o BORABAEZ como um primeiro salto mais pessoal, um sonho criativo que venho construindo com Karola e que estávamos ansiosos demais pra compartilhar com todo mundo.

“Retuíta” está disponível nas principais plataformas digitais, e a dupla convida para ouvir sem vergonha de dançar na sala de casa. A música recebeu uma produção audiovisual com direção, roteiro e arte assinados pela própria Karola Balves. Você pode assistir ao filme logo abaixo.

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