Max Cavalera em entrevista

Já se passaram quase 25 anos desde a chegada de “Roots Bloody Roots”, mas a canção do Sepultura segue sendo uma das mais influentes dentro do Metal. E, tanto tempo depois, Max Cavalera ainda tem segredos e curiosidades para revelar sobre a faixa.

Em uma nova entrevista à Metal Hammer, o músico brasileiro entrou em detalhes sobre o processo de composição desse clássico. Ele inicia falando sobre como a banda já sabia que esse trabalho seria diferente do aclamado Chaos A.D. e de tudo que eles haviam feito até então:

Antes mesmo de começarmos a escrever o disco ‘Roots’, nós sabíamos que queríamos fazer algo diferente de antes. Começamos a olhar para quadrinhos e símbolos brasileiros para procurar inspiração; nós realmente queríamos nos distanciar do que fizemos em ‘Chaos A.D.’ porque teria sido muito fácil só fazer a mesma coisa de novo. Então mesmo quando fomos escrever e gravar a gente tinha essa ideia de que queríamos ter uma imagem muito forte que representasse de onde nós viemos, e isso era super importante para esse disco.

Sem dúvidas, um dos maiores choques para quem já acompanhava o Sepultura na época foi a mudança de velocidade da banda. Dos riffs extra rápidos de Chaos A.D.Arise e afins para o som arrastado, todo o disco Roots representou uma mudança radical; mas isso não era o plano desde o começo, pelo menos em relação a “Roots Bloody Roots”:

Há duas versões da música em que nós trabalhamos, e originalmente era o dobro do tempo da versão que você ouve agora. Eu gostava dela daquele jeito — eu achei que era realmente brutal — mas quando nós afinamos mais baixo você podia ouvir que ia soar mais legal um pouco mais devagar e com mais groove. Mas eu ainda curto tocar a versão thrash dela — a gente toca assim ao vivo às vezes e eu acho que é matadora.

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Max Cavalera e “Roots Bloody Roots”

Falando mais do aspecto técnico, Max deixou bem clara a importância da equipe que trabalhou com a banda — em especial o produtor Ross Robinson Andy Wallace, responsável pela mixagem. No entanto, revelou algumas situações engraçadas e até um certo embate com a gravadora Roadrunner:

Ross Robinson foi uma parte bem grande de acertar aquele som cru; ele queria que fosse tão sujo e ao vivo quanto pudesse ser e ele amava a ideia da gente ir para os terrenos baldios e trabalhar com as tribos. Ele é mais um animador de torcida do que um produtor, e nós tínhamos ouvido um monte de coisas sobre ele arremessar umas coisas no KoRn para eles ficarem bravos quando estavam gravando. A gente entrou lá no primeiro dia e falamos, ‘Não tente fazer essas merdas com a gente! A gente é do Brasil — nós vamos te matar, porra!’ [risos] Ele nunca fez… acho que ele pensou que era sério.

A gente amava o Ross; a gente amava a forma como ele não tinha medo, como nós não tínhamos, de fazer algo novo, mas quando nós pegamos a música de volta estava soando uma merda. O Ross praticamente não mexe em nada, então só soava como se tivesse sido gravada ao vivo. Nós mandamos para o Andy Wallace e ele melhorou aquilo e deu uma acolchoada em tudo e fez aquilo soar pesado pra caralho, e eu acho que essa é a coisa que faz ela ser realmente matadora, a mistura da gravação punk rock do Ross e o ouvido do Andy Wallace para fazer as coisas soarem enormes.

Nós falamos para a Roadrunner que iríamos tentar tomar de volta a palavra ‘roots’ para o Metal. Era considerado uma coisa do Reggae na época e eu realmente acreditei que nós poderíamos mudar isso e transformar em algo que as pessoas associavam ao Metal. A gravadora achou que éramos malucos quando contamos pra eles. ‘Vocês vão fazer o quê?’ [risos] Mas uma vez que eles ouviram a música eles apoiaram. Eles foram bem legais em relação a desenhar a embalagem e o visual do disco, e foi super influente para as pessoas quando elas nos viram com pinturas faciais e as roupas tribais. Você só tem que olhar para o Black Metal norueguês com eles voltando às suas raízes. Funcionou.

Por fim, é claro que fica sempre aquela curiosidade: depois de tanto tempo, será que Max Cavalera já cansou de “Roots Bloody Roots”? Felizmente, ele deixa bem claro que não:

Os riffs são tudo pra mim, e aquela música tem um riff tão legal, é realmente simples… muito mais simples do que qualquer coisa que fizemos antes, mas só parece bom. Quando você vê um campo inteiro ficando maluco ouvindo essa música você não pode não querer tocá-la. É meio que a nossa ‘Ace of Spades’. Eu vou ter que tocá-la pra sempre!

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