The Neighbourhood
Divulgação

Fenômeno no Brasil e no mundo, o The Neighbourhood está prestes a exibir uma live preparada especialmente para os fãs em território nacional — o show especial vai ao ar nesta sexta-feira, às 21h de Brasília.

A apresentação vem alguns meses após a chegada do novo disco Chip Chrome & The Mono-Tones, que mostrou um novo lado da banda (mais uma vez!) e trouxe uma revolução estética, com os integrantes adotando um visual cromado.

Para entender melhor a proposta do álbum e também da live desse dia 11, tivemos o prazer de conversar com o baterista Brandon Fried. O papo logo caminhou para falarmos também do passado e relembramos alguns outros momentos da banda como a icônica passagem pelo Lollapalooza Brasil de 2018, tratada com muito carinho por eles.

Leia na íntegra logo abaixo e saiba mais detalhes da live por aqui!

Entrevista com Brandon Fried (The Neighbourhood)

TMDQA!: Oi Brandon, como você está?

Brandon Fried: Estou bem, cara! E por aí, tudo certo?

TMDQA!: Tudo tranquilo também. Queria começar falando um pouco do novo disco, e de como ele soa absolutamente diferente de tudo que veio antes — o que não é uma novidade pra vocês, né, acaba sendo sempre assim. [risos]

Brandon: Sim! [risos]

TMDQA!: Então, o que levou vocês nessa… ah, que camiseta incrível, agora que reparei. Power Trip é muito bom!

Brandon: Ah, valeu! Eles são demais.

TMDQA!: Voltando. [risos] O que levou vocês nessa direção?

Brandon: Eu sinto que muitas das nossas músicas no passado vinham sendo, pelo menos no estúdio, muito baseada em coisas eletrônicas, sabe? Acho que a gente vinha sempre programando baterias, teclados e tal, e aí quando a gente vai tocar ao vivo é tudo feito ao vivo, com bateria, baixo, guitarra… Então eu acho que queríamos pegar essa influência das nossas performances ao vivo e capturá-la em um disco, sabe? Dar às pessoas uma sonoridade mais natural.

E muitas das músicas que o Jesse [Rutherford, vocalista] estava trazendo para esse disco foram escritas no violão, então meio que resolvemos tentar seguir nesse caminho bem cru, bem intimista das músicas. Canções como “Pretty Boy” e “Tobacco Sunburst”, em especial, são muito relaxadas, meio pra ficar de boa. E aí você ainda tem algumas músicas mais animadinhas, como “Devil’s Advocate” e “Lost in Translation”, mas são todas feitas com bateria ao vivo, baixo ao vivo, mais próximas do som que você teria com uma performance ao vivo nossa.

E eu pessoalmente acho que nós somos uma banda melhor ao vivo, às vezes, do que somos em estúdio. Então eu acho que nós queríamos capturar isso e dar uma chance a esse tipo de som.

TMDQA!: Tenho que concordar com você nessa, gosto muito das músicas em estúdio mas ao vivo vocês são fantásticos.

Brandon: Valeu! [risos]

TMDQA!: Queria falar um pouco também sobre o Chip, essa persona que o Jesse adotou para o novo disco. Li uma entrevista dele falando sobre isso e ele conta que quando apareceu vestido dessa forma vocês todos tiveram uma reação meio “Ah, não”. [risos] Foi por aí mesmo?

Brandon: [risos] Totalmente. Eu honestamente não fiquei tão surpreso assim porque eu conheço o Jesse há muito tempo. [risos] Ele sempre surge com as ideias mais estranhas e quando ele disse que queria fazer isso, eu falei só, tipo, “Beleza, mano, é isso que você quer fazer e você acha que vai funcionar, vamos fazer”. Ele é o líder então, se ele tem uma ideia pela qual ele é apaixonado, a gente meio que só confia nele. E acabou sendo ótimo, fico feliz que tenhamos todos concordado com isso.

Porque é aquilo, né, como uma banda de cinco pessoas a gente acaba tendo algumas discussões e discordâncias, então quando todos nós conseguimos nos preparar e aceitar ir nessa direção, foi muito bom. E o fato de que acabou funcionando e sendo algo novo foi bem legal, também. E também tenho certeza de que o Jesse se sentiu muito, muito bem com isso, então é legal. [risos]

TMDQA!: E como isso evoluiu de ser só o Jesse sendo o Chip pra vocês todos assumindo a identidade de Mono-Tones? Foi uma ideia conjunta, as coisas foram evoluindo naturalmente…?

Brandon: Não, na maior parte foi uma ideia do Jesse mesmo! Ele já tinha tido essa ideia do Chip para um de seus projetos solo, e essa ideia meio que estava flutuando por aí antes dele trazê-la pra banda. Eu meio que tinha ouvido ele falar de querer fazer esse personagem, e aí quando ele falou de fazer pra banda eu pensei, tipo, “Ah, a coisa do Chip? Claro, mano, lembro disso”.

E aí aconteceu bem no meio do processo de fazermos o álbum, então quando essa ideia chegou acabou meio que ditando o tom para o resto e nós fizemos o álbum depois disso; nós tínhamos, tipo, umas duas músicas antes da coisa do Chip e aí o resto das músicas veio muito influenciada por isso, e especialmente os clipes também, as coisas de mídia, streams, etc., tudo foi bem influenciado pelo Chip.

Mas, enfim, a coisa foi fluindo e a segunda metade do disco foi feita completamente com isso em mente.

TMDQA!: E eu preciso perguntar, não é ruim tocar desse jeito, não?

Brandon: Não! Super de boa! A gente ainda não fez nenhum show real desse jeito, onde estejamos todos vestidos assim e tal. A gente gravou uns clipes e coisas assim, e é na verdade bem tranquilo. A gente tem algumas roupas refletivas que usamos quando tocamos no vídeo de “Lost in Translation”, por exemplo, e você vai ver nessa live de sexta que nós meio que temos duas roupas pra vestir enquanto o Jesse está como Chip, mas os uniformes são super de boa, confortáveis. Não é ruim não.

Live exclusiva para o Brasil

TMDQA!: Que bom! [risos] Bom, queria justamente te perguntar sobre essa live, que vai rolar especialmente para o Brasil nessa sexta-feira. Como surgiu essa ideia, de fazer algo pra gente aqui, e como estão as preparações aí?

Brandon: Então, a ideia é que, obviamente com a COVID e tudo mais a gente não foi capaz de se apresentar, então sabíamos que queríamos dar aos fãs algum tipo de performance ao vivo interativa, então meio que essa é a única coisa que poderíamos fazer.

Então reservamos uns dias no estúdio aqui em Los Angeles, pegamos uns câmeras e o Jesse meio que já tinha as ideias de direção, como ele queria que ficasse, e nós só queremos dar a uma das nossas maiores bases de fãs algo para assistir e interagir conosco, porque sabemos que todo mundo está preso em casa então poder assistir à sua banda preferida fazendo uma performance ao vivo é algo que provavelmente ajuda.

É importante pra gente também, poder se apresentar e apresentar músicas do novo álbum que eles ainda não nos ouviram tocar, então foi uma decisão bem fácil. Tipo, assim que acabamos o álbum já pensamos, “Ok, a gente precisa gravar uns shows para os nossos fãs ao redor do mundo, especialmente no Brasil”, sabe.

TMDQA!: E você pode nos contar alguns detalhes sobre o que vem por aí?

Brandon: Sim! A live vai ser, tipo, eu acho que começa com a vibe do Chip/Mono-Tones, com o Jesse todo cromado e nós todos de uniforme e a vibe é mais anos 70, uma coisa psicodélica viajada, e aí a outra metade vai ser com a gente em roupas normais, de rua, tocando na vibe clássica do Neighbourhood mesmo, tocando clássicos dos últimos projetos e álbuns e tudo mais que a galera quer ouvir também.

Então é uma mistura dos dois mundos, vai ser um pacote completo do Neighbourhood do passado e do presente.

TMDQA!: Legal! Estou empolgado!

Brandon: Cara, está soando muito legal e a cinematografia está sensacional. É algo de que estamos muito orgulhosos.

TMDQA!: Foi estranho gravar sem uma plateia e tudo mais?

Brandon: Sim, totalmente! Foi meio estranho, tipo, estávamos todos usando fones enquanto fazíamos a gravação, e meio que enquanto gravávamos a única coisa que… tipo, os caras não usam amplificadores normais, eles usam uma coisa chamada Kemper que não é exatamente um amplificador, ele é ligado diretamente na placa de som, então quando estávamos gravando a única coisa que eles ouviam era bateria e vocal, porque todo o resto estava plugado direto na placa. [risos]

Então isso foi um pouco estranho para quem estava assistindo, porque parecia que era só uma bateria muito alta e é isso. [risos] Então foi um pouco estranho tocar em uma sala sem ninguém vendo com essa bateria alta e esses vocais, sabe, mas quando ouvimos — e tipo, nós ouvíamos um ao outro nos fones, mas se você tirasse os fones era realmente só uma bateria alta, o que era estranho — mas quando juntamos tudo estava soando ótimo, então foi bem legal.

TMDQA!: [risos] Bom, espero que essa seja a última vez e logo vocês possam voltar pros shows normais!

Brandon: Com certeza, a gente mal pode esperar pra voltar pra estrada quando tudo isso acabar, ver todo mundo pessoalmente. Vai ser demais.

Shows no Brasil

TMDQA!: Falando nesses shows presenciais, eu queria te perguntar sobre a passagem pelo Lollapalooza por aqui. Eu estava lá e olha, já vi muitos shows no Lolla, mas naquele horário no meio da tarde eu nunca tinha visto aquele lugar ficar tão doido.

Brandon: [risos] Sim! Foi uma loucura!

TMDQA!: [risos] Foi aí que vocês perceberam, tipo, “Nossa, o Brasil gosta muito da gente”?

Brandon: Totalmente! Bom, a gente sempre via na internet e tudo mais, a gente via que existia uma base de fãs crescendo. Mas aí a gente fez, antes do Lollapalooza, um show menor em São Paulo em um lugar bem pequeno…

TMDQA!: Com o HEALTH, né.

Brandon: Isso, exatamente! Eu acho que tinha tipo 700 pessoas ou menos, e a energia daquele show foi tipo, “Uau, isso foi doido, como será que vai ser no festival tocando pra mais gente?”. Porque, sabe, em festivais você tem tipo, porra, umas 100 vezes mais gente do que naquele lugar — então a gente não sabia se teríamos só um pequeno punhado de fãs ali e se iríamos tocar para um monte de gente que não nos conhecia, sabe?

Mas aí nós entramos no palco e vimos que tinha tipo 70 mil pessoas cantando junto e tal, a gente ficou tipo, “Uau, essa parada é real. Isso é muito doido”. Então é isso, o show do Lollapalooza em São Paulo foi realmente o momento que falamos, “Cacete, o Brasil gosta da gente pra caralho”. [risos]

TMDQA!: [risos] Você diria que é um dos seus show preferidos com a banda?

Brandon: Sim! O Lolla de São Paulo, sem dúvidas, definitivamente uma das performances mais memoráveis que já tivemos. E a gente sempre conversa sobre ela, sobre como foi foda. É uma que está no nosso livro dos recordes, um dos shows mais memoráveis que já fizemos, sem dúvida alguma.

TMDQA!: Sensacional! Bom, ainda sobre essa coisa de tocar ao vivo, fiquei curioso pra saber como vai ser isso com essa nova fase do Chip e tudo mais. Na live, vocês vão fazer dois “setlists” diferentes, mas e quando as coisas voltarem ao normal? A ideia é dividir o show em dois momentos também?

Brandon: [risos] Me perguntaram isso em outra entrevista agora há pouco! Só depende mesmo de quanto tempo a quarentena vai durar, sabe? Se quando acabar e a gente puder fazer uma turnê a gente já estiver trabalhando em outro disco ou, sei lá, se estivermos trabalhando em outro disco já — e Deus nos livre de durar tanto assim — eu fico curioso para saber também, se iremos incorporar tudo ou meio que só… é uma pergunta difícil!

Acho que só o tempo vai dizer, mesmo. Porque se outro álbum já tiver saído nessa época, esse meio que já vai estar no retrovisor, no passado, sabe? Mas nós teremos que nos lembrar que ninguém viu essa parte da banda ao vivo, então é definitivamente algo que temos que levar em consideração no futuro.

Mas, olha, eu não ficaria surpreso porque tipo, o Jesse ama se fantasiar e mudanças e quanto mais teatral melhor é, então eu não ficaria surpreso se, independente de como seja essa turnê, mesmo que seja em um futuro mais distante, não me surpreenderia se o Chip Chrome fizesse uma aparição, sem dúvidas.

The Neighbourhood

TMDQA!: Bom, aproveitando que já estamos por aqui, queria voltar um pouquinho no passado também. Sempre tive uma curiosidade porque, pra mim, o Wiped Out! é um dos melhore discos da última década…

Brandon: Aí sim, cara! Obrigado!

TMDQA!: É real! [risos] Mas ao mesmo tempo vocês ainda meio que são a banda de “Sweater Weather”…

Brandon: Eu sei… [risos]

TMDQA!: Isso é algo que incomoda vocês de alguma forma?

Brandon: Não, na verdade não! A gente tem visto o amor pelo Wiped Out! mais recentemente, eu acho que a gente celebrou, o que foi mesmo? Acho que o aniversário de 5 anos, ou 6 anos, algo assim, nesse último mês de Outubro e a gente percebeu que os nossos fãs, os nossos fãs verdadeiros realmente amaram esse disco também.

Meio que ele demorou um pouco para engatar, sabe? Acho que foi um daqueles discos que quando saiu foi meio de boa, mas agora é meio, “Uau, do nada esse álbum chegou à marca de platina” [um milhão de vendas equivalentes]. Mas, digo, eu sinto que a gente tem muita sorte de ainda ter tanto sucesso com essa música [“Sweater Weather”].

Até hoje ela ainda é ouvida pra caramba nos streamings, então se essa é uma música que ainda está bombando ao redor do mundo e ainda nos apresenta para novos fãs o tempo todo, eu sinto que você não pode não ficar feliz com isso, sabe? É uma parada que nos faz ter mais fãs, que ouvem os outros álbuns e tudo mais, eu acho que isso é a melhor coisa.

Especialmente porque eu acho que muitas bandas matariam para ter o sucesso que essa música teve, então é algo que eu sinto que nunca irá nos chatear; acho que, na real, é algo que a gente enxerga com muita humildade e é fantástico ver que essa música continua sendo tão popular e ela nunca parece estar fora de moda, tá ligado? É hilário, mas é algo pelo que somos sempre gratos.

TMDQA!: E ao mesmo tempo vocês também nunca fazem nada igual mesmo, então acho que já estão acostumados a revisitar o passado depois de mudanças de sonoridade, né. [risos]

Brandon: Totalmente! [risos]

TMDQA!: Falando um pouco sobre isso ainda, queria agora ir pro futuro. [risos] Essas experimentações são totalmente imprevisíveis, já que depois do Wiped Out! vocês fizeram uma parada meio anos 80, mas ao mesmo tempo meio Rap, com participação do Denzel Curry, enfim. Sei que é cedo mas o Chip Chrome and the Mono-Tones é outra mudança radical, e você já tem alguma ideia do que vem por aí no futuro?

Brandon: Não! Eu acho que o Jesse provavelmente deve ter alguma ideia no cantinho da cabeça já, mas ele ainda não contou nada pra gente. Mas, digo, eu sinto que só fazer boa música, independente de ser Country — tipo “Hell or High Water”, desse disco — ou qualquer outro gênero, porque tudo está sempre na mesa pra gente e escolhemos o que parece certo quando estamos no estúdio fazendo música e tocando.

Se for uma parada mais Hip Hop ou Country ou R&B ou Rock, eu acho que não importa, é o que estamos sentindo naquele dia. Pode mudar no dia seguinte, como você falou, uma música de Hip Hop aqui, uma música de Country ali. O que parecer certo quando estivermos no estúdio é o que acabamos escrevendo, surfando naquela onda ali.

Mas é isso, acho que está tudo em jogo pro futuro!

TMDQA!: Legal, Brandon! Fico ansioso para ouvir o que vocês vão aprontar daqui pra frente. Obrigado pelo seu tempo e espero que dê tudo certo com a live!

Brandon: Sem problemas, cara! Espero que vocês curtam a live! Obrigado pelo seu tempo, foi ótimo conversar contigo.

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