Música

Ratos de Porão irá celebrar 40 anos de carreira com live em grande estilo

Vans Apresenta Especial Ratos de Porão 40 Anos: live com show da banda será realizada no dia 28 de Novembro e João Gordo falou sobre história do RDP.

Ratos de Porão
Foto por Clayton Clemente

Uma das mais influentes bandas do Punk, Hardcore e Metal no Brasil e no mundo, o Ratos de Porão está chegando a quarenta anos de carreira.

Mesmo na pandemia, o quarteto formado por João Gordo (vocal), Jão (guitarra), Juninho (baixo) e Boka (bateria) não irá deixar a data passar em branco e brindará seus fãs com uma live de respeito a ser transmitida no próximo dia 28 de Novembro.

Vans Apresenta Especial Ratos de Porão 40 Anos é o nome da live que terá um show sendo transmitido direto do estúdio Family Mob, em São Paulo.

Live do Ratos de Porão

Além da apresentação ao vivo do RDP, formado em 1981, o evento produzido pela Powerline Music & Books ainda terá imagens raras, depoimentos e pílulas de convidados que têm suas vidas conectadas à banda de alguma forma.

Sendo assim, estarão na transmissão nomes como Andreas Kisser (Sepultura), Supla, Mano Brown, Rodrigo Lima (Dead Fish) e mais.

Tudo isso será apresentado por Marco Bezzi, um dos criadores e apresentadores do canal Galãs Feios no YouTube, que irá interagir com a banda e com a plateia virtual durante a transmissão.

Quem falou a respeito de um pouco da história da banda nesses anos todos foi o vocalista João Gordo, que disse:

Chegou uma hora, em 1984 e 1985, que o movimento Punk deu uma implodida por causa de violência, briga de gangue, etc. Não dava mais pra tocar e ficou esquisito. O que salvou o Ratos e levou o Ratos pra uma carreira internacional foi o Metal, sabe?

A partir do momento em que fomos pioneiros do ‘Metal Punk’, ou do Crossover… Porque primeiro a gente foi fazer o Metal Punk em inglês. Falei dessa história pro Jão e pro Jabá (baixista), e eles não queriam muito tocar isso não. Mas comecei a mostrar pra eles bandas como Exodus, Metallica, Slayer e as bandas do hardcore misturando tudo, aí fui fazendo a cabeça deles.

Quando a gente lançou o segundo disco, Descanse em Paz (1986), já tinha um pouco disso, né? E a gente tinha uma tentativa tosca de ser Metal, com influência de bandas inglesas, né? Tipo Concrete Sox, English Dogs. A gente era uma banda tosca ainda, né? A gente começou a ensaiar na Vila Piauí direto, no quarto do Jão e foi tomando jeito lá. Pegando essa onda mais Metal na Vila Piauí ensaiando quase todo Sábado e Domingo.

O Cada Dia Mais Sujo e Agressivo (1987) ainda é bem tosco, né? A união do thrash metal com o Punk. Mas a batida que o [baterista] Spaghetti fazia, que era aquela batida do Extreme Noise Terror, que hoje se chama D-Beat, ela não se encaixava com as palhetadas do Jão, então era meio desconjuntado o negócio.

A banda só pegou a disciplina do Metal mesmo quando a gente alugou uma casa do lado ali, um barraco, começamos a ensaiar todo dia e fizemos o Spaghetti mudar de som, né? O que ele mais tinha de bom era a batida D-Beat dele, e a gente falou ‘não, não é assim, cara. É tá-tum tá-tum tá-tum, thrash metal, igual o Igor toca.’

A partir dali a gente começou a compor o ‘Brasil’, né? Pode ver que o ‘Brasil’ é quase todo ‘tá-tum tá-tum tá-tum’, e ficou super preciso. Aquela precisão rápida que veio de ensaio todo dia.

A gente conseguiu lançar um disco que é um divisor de água em nossas vidas, que é o ‘Brasil’. Antes disso a gente era uma banda super tosca com as nossas ideologias também. Depois que a gente foi pra Europa e começou a ver como funcionava o movimento Punk dos squats, cara. Isso aí abriu muito a nossa cabeça.

Outra coisa que abriu muito a nossa cabeça foi ver o show do RKL, o Rich Kids on LSD. Quando a gente viu o show dos caras, aqueles americanos dando uns pulos…

E a gente era tão tosquinho, tão engessado, aí quando viu os caras muito loucos, dando pulo, isso aí mudou a nossa vida também, cara. A gente falou ‘meu, como a gente é tosco! A gente tem que ser igual esses caras.’

A partir daí, começamos a virar profissionais do Hardcore, Metal, Crossover. A partir desse contato com os gringos.

João Gordo também fala como esse disco e Anarkophobia (1991) se conectaram com plateias de língua latina no mundo inteiro, até mesmo pra surpresa deles:

O cara que fez os nossos shows na Espanha a primeira vez encheu o cu de grana. Ele pagou tipo 2.500 dólares por show pra gente e ganhou tipo 10 mil dólares por show. Ou muito mais que isso. Tudo lotado, sold out. Tudo com 3 mil ou 4 mil pessoas pra ver a gente, cara. Muito foda.

Gordo ressalta que isso tudo profissionalizou e fez com que eles passassem a ser mais respeitados, fazendo turnês com frequência pela Europa: “em cidades tipo Madri, Roma, o pessoal que é da cena me reconhece e me para na rua até hoje por causa dessa época”.

Como bem diz o vídeo da transmissão no canal do Panelaço (que você pode ver logo abaixo), anote a data: Sábado, dia 28 de Novembro, às 19 horas, tem live histórica do Ratos de Porão.