System Of A Down
Foto: Divulgação

Nos últimos meses, John Dolmayan — baterista do System of a Down — tem sido bastante vocal sobre suas opiniões políticas, como na vez em que acusou os movimentos antifa e Black Lives Matter de quererem “destruir os EUA”.

Em uma nova aparição no podcast Deviant Gentlemen (via Blabbermouth), ele respondeu às críticas de muitos que falam sobre como as falas dele são contrárias à própria mensagem do SOAD em suas músicas.

No papo, Dolmayan destacou que as letras não representam as opiniões da banda, apenas as de Serj Tankian, que é o responsável por escrevê-las e tem uma proximidade à esquerda política, constantemente defendendo e apoiando esses movimentos e outros do mesmo tipo e criticando o atual presidente dos EUADonald Trump.

Você pode ler a fala completa de John, na qual ele também explica as intenções por trás de suas publicações, logo abaixo.

John Dolmayan fala sobre as letras do System of a Down

Eu tenho uma mente muito aberta sobre as coisas. Eu não acho que parece ser assim sempre nos meus posts no Instagram, porque em geral quando estou postando isso, é no calor do momento — algo me deixou chateado. E no fim do dia, essas são as minhas opiniões.

Uma das razões pela qual eu coloco esses posts é porque o System of a Down tem um legado de ser mais de esquerda, o que não é sempre o caso. O Serj, claro, é responsável pelas letras, mas elas nem sempre representam a banda na forma que talvez queríamos. Há quatro indivíduos na banda. Eu não falo por nenhum dos indivíduos além de mim mesmo, e o Serj também não. Mas por ele ter essa plataforma da escrita de letras, a percepção estava ali de que é assim que a banda se sentia o tempo todo, quando eu não acho que nem o Serj necessariamente se sentia assim sempre. Você deve ter uma diversidade de opinião até dentro da sua própria mente, e você deve julgar as coisas com base na informação que é apresentada a você.

Muitas dessas letras eu concordei, de fato, na época — por exemplo, a reforma no sistema prisional. Algumas coisas o [Donald] Trump chegou a fazer. Eu só não creio que seja tão ‘preto no branco’ como somos levados a acreditar que é, que se você não tiver uma mente aberta sobre as coisas e se você não mergulhar nas razões pelas quais as coisas estão acontecendo e meio que descobrir as coisas por si mesmo, e você só dizer ‘Ok, eu sou Republicano’ ou ‘Eu sou Democrata, e isso é o que eu vou ser pro resto da minha vida’, você está fazendo um desserviço a si mesmo.

Uma das principais razões e razões primárias que eu me vejo em apuros e não faço nenhum favor a mim mesmo postando as coisas que eu posto, porque elas não são opiniões populares, mas uma das razões pelas quais eu o faço é porque se você é um fã do System, e você curte a música, você curte algumas das nossas letras… E por sinal, só cerca de 12 por cento ou menos das nossas músicas são originalmente políticas de toda forma… Há muitas letras que são sociais, elas são sobre interesses românticos, elas são sobre a sua vida, elas são sobre calamidades que acontecem, e algumas são só fantasia. E muitas dessas coisas são tiradas de contexto também. Mas se você é um fã do System e você se aproxima da música, você curte a música, mas você não necessariamente concorda com a mensagem transmitida, bom, para onde você vai? Se você acha que o Serj é o porta-voz da banda, o que ele é, ao menos vocalmente, mas não necessariamente ideologicamente, então você não tem para onde ir. Então eu queria apresentar uma visão diferente e dar aos jovens por aí que pensam de maneira diferente e que são pensadores críticos, não necessariamente seguindo a norma, que há uma opinião diferente, você pode pensar diferente, é ok ter uma diversidade de opiniões, desde que seja feito de forma pacífica.

Eu não tenho problemas com o Black Lives Matter e antifas se fizessem isso de maneira pacífica. É o componente violento [que me incomoda]. E também a agenda, eu acredito, é marxista.

Por mais que eu não goste da agenda marxista e do comunismo e do socialismo em geral, porque eles não funcionam, e eu amo os EUA e eu quero que os EUA sejam bem-sucedidos para todos, tenham a habilidade de suceder, eu nunca vou me opor ao direito deles de expressar a opinião deles, porque eu acredito na Constituição. O meu problema é quando você tem um McCarthyismo reverso, que é o que está acontecendo agora, com a cultura do cancelamento e a coisa de agir como superior às pessoas que pensam diferente ou têm uma mentalidade diferente desse terreno moralmente superior que várias das pessoas da esquerda habitam esses dias, eu tenho um problema com isso. E isso existe na nossa banda até um certo ponto.

Ainda que eu ache que o Serj é um cara com uma mente muito aberta, eu acho que essa loucura em relação ao Trump e esse ódio ao Trump — ele é esse personagem difamado por muita gente — tirou um pouco dessa decência comum, tirou a habilidade das pessoas de ouvir e só aceitar as coisas como elas são. O cara fez muita coisa boa para muita gente. Nem toda política dele é boa, mas ele fez muita coisa boa para o país, e ele deveria ser creditado por isso.

John Dolmayan finalizou citando que não foi procurado por ninguém da indústria em uma tentativa de censurar suas opiniões, e explicou que conversou diretamente com Serj sobre toda essa questão:

Meu empresário, ele só ficou, tipo, ‘Olha, talvez vocês estejam indo um pouco longe demais’ — tanto pra mim quanto pro Serj. E nós tivemos uma conversa privada por mensagem entre eu, [o empresário] e o Serj. E de novo, eu acho que o Serj se vê de uma forma na qual ele realmente está fazendo a coisa certa. E ele realmente se importa com as pessoas. E ele faz muito por indivíduos e pela nossa nação também. Ele realmente está tentando ajudar as pessoas, o Serj. Eu acredito que ele é, inerentemente, uma boa pessoa. Mas de novo, é esse terreno moral superior que eles acham que estão — eles se percebem em um terreno moral superior. Meio que os cega em relação a se abrir para ideias que eles podem estar errados.

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