É aparente que Jeff Buckley não sabia do impacto que Grace teria na música.

Na verdade, até a sua morte em 1997 aos 30 anos de idade, o cantor não fazia ideia do alcance total de seu primeiro e único disco de estúdio que, nos anos 2000, seria considerado um dos melhores discos da história.

O legado póstumo de Buckley, muito mais impactante que sua carreira em vida, o estabeleceu como um dos maiores e mais talentosos músicos dos Estados Unidos, e foi com sua versão de “Hallelujah”, clássico gospel de Leonard Cohen, que ele fez história.

E então, no fim do ano de 1993, em um estúdio de Nova York, Jeff Buckley começou a dar forma a uma das maiores obras dos anos 90 e da música.

Jeff Buckley

Por incrível que pareça, ser filho do aclamado músico de jazz e folk Tim Buckley não foi o motivo que o levou ao mundo musical, já que encontrou o pai uma única vez aos 8 anos de idade. Jeff Buckley foi apresentado ao piano por sua mãe, e seu padrasto foi o responsável por lhe mostrar bandas como Led Zeppelin, Queen, Jimi Hendrix e The Who, que mais tarde moldariam o estilo de suas canções.

Quando mais velho, se mudou para Nova York e ali começou a breve carreira. Não demorou muito tempo para que gravadoras e empresários do ramo musical descobrissem seu talento enquanto tocava covers em bares e casas de shows vazias e, em 1993, Buckley iniciou as gravações de seu primeiro e único álbum.

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A carreira do músico se encerrou tragicamente em 1997 após um afogamento acidental no Rio Mississippi, pouco tempo antes de finalizar seu segundo disco de estúdio, a ser intitulado My Sweetheart the Drunk.

Algumas músicas inéditas e diversas demos do cantor foram lançadas em coletâneas póstumas através dos anos, o que ajuda a deixar vivo o legado de Buckley, considerado uma das maiores vozes da história.

Grace

A chance de Jeff, que fez de Nova York e dos bares da cidade sua casa por muito tempo, veio em forma de um contrato com a gravadora Columbia Records, e o Bearsville Recording Studio foi o local escolhido para a gravação de Grace.

Acompanhado dos músicos Mick Grøndahl, Matt Johnson, Michael Tighe – que compôs “So Real” junto de Jeff – e do produtor Andy Wallace, o cantor finalizou as 10 faixas que misturam rock alternativo e folk rock em uma aura romântica e etérea, suportada sempre pela sua voz doce, principal característica de Buckley.

Segundo matéria da Rolling Stone Austrália sobre o álbum, o músico ainda fez um tour por diversos estúdios de Nova York para regravar vocais, instrumentos e acrescentar diferentes texturas às músicas.

Grace foi lançado no dia 23 de Agosto de 1994 com dez faixas, sendo três delas covers, e não fez tanto barulho.

Alcançando apenas o número 149 nas paradas americanas e com poucas vendas de início, o álbum foi escalando aos poucos seu pedestal, até ser alavancado pela morte repentina e precoce de seu criador. Isso não significa, claro, que a morte de Jeff Buckley tenha sido o único motivo para que Grace fosse tão aclamado.

O reconhecimento e destaque do álbum se deu anos após seu lançamento, principalmente pelo cover de “Hallelujah”, clássico de Leonard Cohen, e pelas críticas positivas de grandes nomes do mundo da música. Jimmy Page (Led Zeppelin), grande ídolo de Buckley, declarou que Grace foi seu álbum favorito da década, e David Bowie revelou que, se pudesse levar apenas um álbum à uma ilha deserta, seria este.

Em contagem de 2007, Grace havia vendido 2 milhões de cópias no mundo todo, e foi relançado em seu aniversário de 10 e 20 anos, contendo demos e músicas inéditas.

Hallelujah e o legado póstumo de Jeff Buckley

O maior hit da carreira de Jeff Buckley é “Hallelujah”, cover de Leonard Cohen, e se tornou uma das versões mais famosas da canção.

Em 2004, a revista Time descreveu a faixa como sendo “maravilhosamente cantada” e acrescentou: “Buckley tratou a música como uma pequena cápsula de humanidade, usando sua voz para alternar entre glória e tristeza, beleza e dor”. Além disso, a Rolling Stone classificou a versão como sendo uma das melhores músicas da história.

Em 2007, o cover foi lançado como single e, no ano seguinte, atingiu o número 1 das paradas britânicas.

É visível o marco que Jeff Buckley deixou na música em sua breve passagem, e sua popularidade se mantém em alta mesmo após 26 anos da lançamento de seu único álbum. Grace, com apenas dez faixas, se mantém em seu pedestal intocável, pleno, e ainda inspira e influencia artistas dos mais diversos gêneros e modalidades.

É difícil imaginar o quanto Buckley poderia oferecer caso ficasse mais um tempo por aqui, mas uma obra dessa magnitude não deixa espaço para questionamentos. O pouco, para Jeff, foi suficiente.

Tracklist – Grace (1994):

1. “Mojo Pin”
2. “Grace”
3. “Last Goodbye”
4. “Lilac Wine” (Hope Foye cover)
5. “So Real”
6. “Hallelujah” (Leonard Cohen cover)
7. “Lover, You Should’ve Come Over”
8. “Corpus Christi Carol” (Benjamin Britten cover)
9. “Eternal Life”
10. “Dream Brother”

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