Josh Homme em sessão do QOTSA na WDR
Foto: Reprodução / YouTube

Antes de fundar o Queens of the Stone Age, o vocalista e guitarrista Josh Homme foi parte fundamental de um dos pilares do Stoner Rock, o Kyuss.

Falando à Kyuss World Radio (via Blabbermouth), o músico relembrou os 25 anos do último álbum do grupo, …And the Circus Leaves Town. Ele revelou que não sente grande nostalgia pelo trabalho, pois fica “um pouco triste” ao pensar em tudo que aconteceu com a banda desde então.

No entanto, ele agradece por ainda estar vivo — para sua própria surpresa:

Eu não sou bom em guardar lembranças e não fico muito nostálgico porque eu acho que me deixa um pouco triste às vezes. E eu sinto como se houvesse uma pilha tão enorme de coisas a fazer. E às vezes eu sinto que quando eu olho para uma foto ou algo do tipo, eu penso, ‘Cara, nunca vai ser isso. Foi só ali que foi assim’. Então eu tenho uma tendência a focar no futuro.

[Mas] Ouvir que [o álbum] está completando 25 anos, isso sim me deixa feliz. Me deixa um pouco orgulhoso que eu fiz algo tanto tempo atrás e ainda não morri. [risos]

Reunião do Kyuss

O disco de 1995 saiu no mesmo ano em que o Kyuss se dissolveu, e nos últimos anos a banda se viu envolta em disputas judiciais e confusões desde que dois ex-integrantes, Brant Björk John Garcia, fundaram o Kyuss Lives!, uma espécie de versão reformada do grupo.

Na época, os caras pensaram em lançar um novo disco sob o nome e foi aí que Josh e o outro ex-membro original, Scott Reeder, entraram com processo (vencido por eles) para que eles não tivessem direito a divulgar o material usando a marca Kyuss.

Perguntado sobre uma possível reunião, Homme deu uma extensa resposta e desabafou sobre a confusão que ele e Scott acabaram tendo com Brant e John, lamentando os acontecimentos e explicando o porquê de tudo ter rolado dessa forma antes de dizer que voltar a tocar junto seria o “único jeito” de consertar o legado do grupo:

A minha filosofia sempre foi de nunca fazer uma reunião, nunca fazer uma sequência. Não é o que era; é o que é. E é meio que assim que eu tenho me sentido. Um legado que envolve ter estado no epicentro de uma cena que foi criado é tão frágil; é como uma escultura de gelo. E eu não quero ser um secador naquela coisa. Dito isso, eu estava totalmente de acordo com o Kyuss Lives! e eu iria aos shows e falei isso a eles, até o que o Brant e, infelizmente, o que o John tentaram fazer. E isso foi terrível.

Tudo que você precisa fazer é mostrar um respeito um para o outro e dizer, ‘Ei, a gente quer fazer isso, e queremos falar disso’. Quando o Scott Reeder me falou que eles queriam lançar um álbum, eu falei, ‘Vamos sentar e conversar’. Então o Scott e eu fomos e conversamos com o John e o Brant. Aliás, não era o Brant — era só o John, porque a banda como é, o Brant havia saído, então ele não era parte daquilo, do que era quando acabou, [que era] eu, o Scott e o John. Então eu disse, ‘Essa é uma discussão entre eu, você e o John’. Então eu fui e conversei. E eu disse, ‘Nós deveríamos encontrar uma forma de vocês continuarem que seja respeitosa’. Você não atropela um legado do jeito que é e que você meio que deixou todo mundo entender o que estava rolando dali pra frente. E o nome que eles escolheram foi um pouco infeliz, porque é na verdade literalmente dizer que o Kyuss está vivo de novo, o que não era minha coisa preferida, mas eu fiquei, tipo, ‘Quem liga?’. Só que sem o meu conhecimento e do Scott durante aquela reunião, eles já haviam entrado com um pedido para registrar a marca e roubar o nome. Então eu estou sentando ali conversando com aqueles caras de boa fé, e seus empresários, e eles já haviam feito o pedido, e você tem, tipo, 20 dias para dar uma objeção ao pedido. Então a noção de que eu estou ali sentado conversando de boa fé com eles sobre como poderiam continuar, e enquanto isso, naquele exato momento, em alguma sala em algum lugar, eles estão entrando como um pedido para pegar a marca registrada do nome Kyuss para que nós não fôssemos mais donos, apenas o John e o Brant seriam. E aí o John meio que sentiu que ele estava roubando a si mesmo, e isso não é certo — eu não funciono assim. E isso também significou que eles não poderiam ser confiáveis. Porque eu estou sentado em uma sala, e ao invés de me falarem isso, é como se eu tivesse sido apunhalado pelas costas, essencialmente. Não houve outra escolha a não ser tomar uma ação, porque você não pode sentar e falar, ‘Vamos falar sobre isso’, porque agora você me disse que eu posso dizer algo pra você com minha mão direita, mas a minha mão esquerda pode estar te apunhalando pelas costas. Ficou impossível confiar no que estava rolando. E o Scott e eu estávamos ambos, tipo, ‘Meu Deus’. E eram só três pessoas — eu, o John e o Scott. E foi, tipo, ‘John, o que você está fazendo? Você está permitindo que você e o Brant peguem o nome de mim, de você e do Scott’.

Eu suponho que, no fim das contas, eles não precisavam de uma bênção [para tocar as músicas do Kyuss], mas eu estava dando. Eu quero que esses caras fiquem bem. E eles estavam tocando as músicas do Kyuss para uma geração que só havia ouvido falar dela e nunca tinha ouvido. Eu não vi nenhum mal nisso. Mas tentar usurpá-la e tirá-la foi uma piscina de sujeira. O problema com todas essas coisas é que em um processo ou coisa do tipo, todo mundo perde; todo mundo sai mal. As pessoas que amam o Kyuss por muito tempo ficam, ‘Fodam-se esses caras’. E isso é terrível. É por isso que eu digo que é tão frágil. É por isso que eu sei que sempre me inclinei para o lado de não ficar batendo na escultura de gelo; vai quebrar. Se você não encostar, é só um clássico. Mas você não pontua o fim de uma banda com um processo. Essas coisas são trágicas, e são péssimas. E aí eles perderam, porque, claro, você perde quando você faz as coisas assim. Mas esse dano é péssimo.

Mas para ser honesto com você, e respondendo à pergunta [sobre a reunião], houve ocasiões em que eu pensei que não poderia terminar assim, e que a única forma real de terminar isso corretamente seria tocando. E por eles terem meio que pervertido a pontuação e terem arrancado a asa desse belo dragão que é uma escultura de gelo, e a única forma de colocar a porra da asa de volta seria [tocando].

Eu pensei nisso, especialmente nos últimos anos, em fazer algo especial, e até em corrigir o erro do Brant e, infelizmente, do John, corrigir tudo. [Pensei que deveríamos] Tocar e doar todo o dinheiro. Tipo, tocar para os fãs — cobrir os custos e fazer ser cinco dólares. Arrumar um jeito de ficar, tipo, essa é a pontuação que vai acabar com a frase dessa banda. Porque nunca foi sobre dinheiro — nunca foi sobre dinheiro. Nunca foi sobre a fama, e quando pareceu que esse era o movimento deles, eu fiquei muito triste.

Vale lembrar que nenhum dos outros membros do Kyuss teve o sucesso que Josh alcançou com o Queens of the Stone Age depois do fim do lendário grupo de Stoner, e em uma entrevista de 2012 à Rolling Stone (também lembrada pela Blabbermouth), Brant Bjork falou um pouco mais sobre essa confusão.

Ele revelou que o nome foi registrado depois de sua saída do grupo, citando ainda que Josh “descobriu” que ganharia muito mais dinheiro como compositor das músicas e que, como baterista, ele “não conseguia fazer Josh tocar” suas canções. Bjork acusou Homme de ter se tornado alguém que queria “controlar a banda para seu ganho pessoal”.

É, parece difícil imaginar uma reunião. Mas, quem sabe?

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