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Há exatos 44 anos um show do Sex Pistols mudava a história da música para sempre

04 de Junho de 1976 é uma marca lendária para a história da música e muita gente não faz nem ideia disso, muito menos, naturalmente, do motivo.

Pois foi nesse dia que a influente banda Sex Pistols se apresentou na casa de shows Lesser Free Trade Hall, em Manchester, e dali pra frente o Rock And Roll nunca mais foi o mesmo, em eventos que mexeriam com o Punk, o Indie, a New Wave e muito mais.

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Detalhe: tudo isso para uma plateia de cerca de 40 pessoas.

 

Sex Pistols em Manchester

Formada em Londres um ano antes, a banda liderada pelo excêntrico Johnny Rotten ainda não tinha nenhum material na rua, já que o primeiro e único disco só sairia em 1977, e na sua formação contava com Steve Jones (guitarra), Paul Cook (bateria) e Glen Matlock (baixo).

A performance dos então novatos aconteceu na cidade porque dois estudantes da Bolton Technical College se interessaram pela banda após um artigo da revista NME e viajaram para Londres em Fevereiro de 1976 com o objetivo de conversar com a banda e seu icônico empresário, Malcolm McLaren.

Após realizarem a viagem de 330 quilômetros e tendo assistido a dois shows da banda, eles convidaram o grupo a rumar para o Norte e apresentar seu Punk Rock que explodiria no mundo inteiro alguns meses depois.

Talvez seja importante notar aqui que os dois estudantes se chamavam Howard Trafford e Pete McNeish, e que eventualmente eles se tornariam conhecidos como Howard Devoto e Pete Shelley, fundadores de nada mais, nada menos do que a sensacional banda Buzzcocks, pioneira do Pop Punk.

A ideia era convidar o Sex Pistols para que o Buzzcocks fosse a banda de abertura, é claro, mas não deu tempo de que o grupo ficasse pronto para quando a oportunidade apareceu e o que acabou rolando no dia foi um primeiro show com o Solstice, grupo de rock pesado que nada tinha a ver com a cena toda que cercava os Pistols, o Buzzcocks e a ocasião.

Eventualmente eles cumpririam o papel quando o Sex Pistols voltou à cidade seis semanas depois, sendo que na sequência, em Janeiro de 1977, eles disponibilizariam o EP Spiral Scratch.

Esse lançamento é fundamental para a história do Rock porque foi o primeiro registro de Punk a sair por uma gravadora independente em todos os tempos. Não apenas mostrou que o gênero era acessível com o formato guitarra + baixo + bateria, como também abriu portas para que as amarras com gravadoras tradicionais fossem desfeitas.

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Plateia Qualificada

Acontece que esse está longe de ser o maior impacto da fatídica noite de 04 de Junho de 76 na história da música.

Você se lembra quando falei lá no começo que a plateia do show tinha apenas 40 pessoas? Acontece que entre essas pessoas estavam nomes como Morrissey, Ian Curtis, Mark E. Smith, Tony Wilson e Peter Hook, que no dia seguinte foi a uma loja para comprar um baixo.

O vocalista do que viria a ser o The Smiths, é claro, escreveu uma carta para a NME reclamando do barulho e de como “era quase impossível” entender as letras.

O grande lance é que o comportamento e o texto de Morrissey traduziram o que muita gente pensou ali naquela noite, e segundo uma matéria da BBC Radio 6 que relembrou a ocasião no passado, foi justamente o pensamento de “eu poderia fazer melhor” que acabou transformando a música para sempre.

Segundo o veículo britânico, muitas daquelas 40 pessoas saíram dali inspiradíssimas e formaram as sua bandas, mesmo que a inspiração não tivesse vindo diretamente por admiração:

Quando cerca de 40 pessoas viram o Sex Pistols no Lesser Free Trade Hall em Manchester no dia 04 de Junho de 1976, elas saíram de lá inspiradas. Mas elas foram inspiradas de uma forma típica de Manchester.

Muitas pessoas na plateia aquela noite não olharam para os Pistols e pensaram: ‘eu quero fazer isso…’ mas ao contrário, olharam para os jovens de Londres e pensaram ‘Oh, por favor… eu consigo fazer algo muito melhor que isso!’

Sendo assim, é seguro dizer que aquele dia serviu como berço para bandas lendárias como Joy Division, The Smiths, Buzzcocks, The Fall, Magazine, Happy Mondays e mais.

Pensando em etapas à frente, é possível dizer que essa intimista festa punk dos Anos 70 refletiu no surgimento de nomes como Oasis, Suede, Radiohead e outros.

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Na matéria, inclusive, a BBC vai mais longe e imagina que se não fosse essa linha do tempo iniciada ali, talvez não tivéssemos bandas que se inspiraram no Punk, no do it yourself e no rock alternativo como Nirvana, Green Day, Pavement, The Killers, Blur e The Prodigy.

Já pensou?

Pois hoje é dia de agradecer e ouvir Buzzcocks bem alto para celebrar a iniciativa dos caras que literalmente foram atrás de uma das suas bandas favoritas para fazer barulho em casa.

De quebra a gente ainda faz mais uma homenagem ao incrível Pete Shelley, que nos deixou em 2018!

Após o vídeo da sua banda, você pode assistir a um episódio do programa da BBC “I Swear I Was There”, ou “Eu Juro Que Estava Lá”, sobre o show.

Nele, é possível ver os relatos dos envolvidos na ocasião, em Inglês.

24 Hour Party People

Por fim, vale ressaltar que esse show é justamente o pontapé inicial para o filme 24 Hour Party People, lançado em 2002 sobre a cena musical de Manchester.

Published by
Tony Aiex