Sérgio Reis
Reprodução/Instagram

Nome histórico dentro do sertanejo brasileiro e ex-deputado, Sérgio Reis revelou em entrevista recente que nunca temeu tanto pela própria vida quanto durante esta pandemia e que, nesse momento, deixa de lado qualquer diferença política para que a saúde fique em primeiro lugar.

À Folha de S. Paulo, o músico contou que está isolado em sua casa (na serra da Cantareira, zona norte de São Paulo) desde a chegada do vírus ao Brasil e classificou como “muito triste” a situação do vírus que já afetou milhares de brasileiros:

Nós não pensamos que poderíamos passar por uma fatalidade dessas. É uma tristeza. Quantas pessoas já morreram, quantos pais não perderam os filhos, quantos filhos não perderam os pais? Avós, esposas. É muito triste.

Com quase 80 anos de vida, Sérgio disse que vai “soltar foguete” se estiver vivo até completar sua oitava década, o que ocorre já nesse próximo mês de Junho. Com diabetes e histórico de problemas cardíacos, o cantor é considerado parte do grupo de risco mas fez uma live para mais de 1,2 milhão de espectadores no último dia 26 de abril e que possibilitou a distribuição de R$3 mil a cada um de seus 15 músicos, que o acompanhariam em turnê se não fosse a pandemia.

Sérgio Reis, Coronavírus e Jair Bolsonaro

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Apoiador ferrenho de Jair Bolsonaro desde sua candidatura, Sérgio foi um dos que convocou o público para a manifestação que ocorreu em Março contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Apesar de acreditar que tanto velhos e jovens têm que ficar em casa, “se não precisar trabalhar”, ele afirmou à época:

Chegou a hora da gente mostrar o amor que nós temos pela nossa pátria, o respeito que nós temos pelo nosso presidente Bolsonaro e a vergonha que nós temos desse Supremo [Tribunal Federal], desses nossos políticos lá em cima. Temos que tirar essa raça de lá, é uma raça.

Na entrevista, ele reforçou seu posicionamento e pediu para a entrevistadora “esquecer a política” e se colocar no lugar do presidente, além de incentivar que o povo saia para pedir “Exército na rua”, já que sem isso “o Exército não vai fazer nada” contra a esquerda que “já está tomando conta”:

Esquece a política, se ponha no lugar do Bolsonaro. Esse homem não dorme mais, pelo amor de Deus. É um cargo muito pesado, tem que ser capitão do Exército para aguentar. E se o povo não sair na rua pedindo Exército na rua, o Exército não vai fazer nada. A esquerda já está tomando conta.

As críticas, aliás, chegam até a repórter que conduzia a entrevista. O ex-deputado pelo PRB, que votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016 (“Não podiam ficar mais lá, já acabaram com o país”), afirmou que o chefe da jornalista “deve ser PT, deve ser comunista para não gostar do Bolsonaro”:

Não sei quem são os diretores desse jornal, quem é seu chefe, ele deve ser esquerdinha, deve ser PT, deve ser comunista para não gostar do Bolsonaro. Ser contra um presidente que está consertando o país ou é burro, ou é petista.

Ditadura no Brasil, saúde em primeiro lugar e relação com álcool

Outro assunto abordado pela repórter foi a questão da ditadura, já que Sérgio tinha 24 anos em 1964, quando ocorreu o golpe militar no Brasil. Ele revelou que nunca teve problemas e chegou a cravar que “não tivemos ditador no Brasil”, afirmando que os artistas que tiveram problemas eram “todos da esquerda”:

Não tive problema nenhum. Eu era apolítico, eu não ficava fazendo guerra, guerrilha, nada. Eu trabalhava, ia fazer show e cantava. Não tivemos ditadura, não tivemos ditador no Brasil. Chico Buarque, Caetano [Veloso], [Gilberto] Gil, eram todos da esquerda. O governo, para não mexer com eles, que eram famosos na época, falou: ‘Sai do país, vai ficar lá fora, depois vocês voltam’. Depois voltaram. O Gil chegou a ser ministro da Cultura.

ATUALIZAÇÃO: Na publicação inicial desta matéria, apenas reproduzimos os trechos da entrevista por acreditar que não havia necessidade de reafirmar a existência de uma ditadura militar, fato conhecido não apenas pela população que viveu essa terrível era como também pelos inúmeros livros de história. No entanto, como parte dos leitores ressaltou, o período em que vivemos exige que todo assunto do tipo seja tratado com a devida sensibilidade e reconhecemos nossa falha.

Porém, há tempo de corrigi-la: a ditadura militar existiu no Brasil entre 1964 e 1985 e ficou eternizada como um período marcado por tortura, perseguição e ausência de liberdades. Esse triste capítulo, inclusive com seus atos mais asquerosos como o AI-5, não deve jamais ter espaço para ser repetido em nosso país.

Mesmo com sua ideologia bastante contrária à esquerda, Sérgio faz questão de parabenizar a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que “trabalha demais, é uma deputada excepcional, apesar de ser lá da esquerda, do PT e tudo mais”. Ele conta que ficou “impressionado” com ela, e que deixa qualquer preferência política de lado quando o assunto é saúde.

Aliás, ainda sobre saúde, ele deixa bem claro que não aprova o comportamento de alguns sertanejos em lives. Artistas como Bruno, da dupla com Marrone, e Gusttavo Lima foram envolvidos em polêmicas devido ao consumo de álcool em suas transmissões e o próprio Sérgio deixa bem claro que todos eles são “uma beleza de pessoa”, mas deixa um conselho:

A cachaça não combina com ninguém. Ela acaba. O Bruno foi cantar e ficou bêbado. O Gusttavo Lima falou um monte de bobagem. Ele está na casa dele e acha que pode tudo. Faltou um pouco de orientação pra ele, né? Que ele é um menino bom. Gusttavo Lima é uma beleza de pessoa, todos eles. É uma pena que o Bruno bebeu, não sei que diabo. Vou pegar na orelha deles qualquer hora e falar: ‘Precisa beber, ô, idiota?’

Enfim, Sérgio Reis encerra a entrevista com uma espécie de “retrospectiva” de sua vida, ressaltando que espera que o vírus não o atinja — “porque se pegar, é mortal”:

O tempo foi passando, eu fui vivendo, fui trabalhando. Trabalho até hoje. Tenho saúde, graças a Deus, me cuido, e eu tenho certeza que vou durar bem mais. Tomara que esse vírus não me pegue, porque se pegar, é mortal. Mas Deus tem que olhar por mim. Eu não faço mal a ninguém, sempre cuidei dos meus amigos, nunca abandonei ninguém. Nunca, nunca, nunca.

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