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Foto: Divulgação

Prever o fim do mundo é mais comum do que parece na comunidade artística. São incontáveis obras que discutem ou simplesmente trazem o tema à tona, desde poemas tristes até as centenas de filmes com cenário apocalíptico. Na música obviamente isso não é diferente.

Com a pandemia do novo coronavírus e o alerta global para cuidados com a saúde, o tema tem aparecido com frequência na internet (em conversas pessoais também, mas vale lembrar que o ideal é ficar em casa). Neste momento delicado, muitos relembraram de versos que tratam desse assunto, de artistas que vão desde CPM22 (“Um Minuto Para o Fim do Mundo”) até Linkin Park (“In The End”). No entanto, precisamos concordar que o clássico “It’s The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)“, do grupo R.E.M., se sobressai às demais.

A canção, lançada originalmente em 1987, voltou recentemente ao Top 100 do iTunes. O próprio ex-vocalista do grupo, Michael Stipe, divulgou recentemente um vídeo em que comenta o que devemos fazer para evitarmos o “fim do mundo como o conhecemos“.

Na forma de um #tbt (throw back thursday), resolvemos homenagear a faixa levantando algumas curiosidades sobre esse hit aparentemente atemporal. Confira abaixo:

 

Fluxo de consciência

A complexa letra da canção foi escrita por Stipe enquanto o resto da banda havia saído para jantar. Foi resultado de um processo de fluxo de consciência, técnica literária que procura transcrever o complexo processo de pensamento de um personagem.

De acordo com um depoimento dado por Stipe, o guitarrista Peter Buck não foi muito com a letra da música de primeira:

Já estava quase pronta quando eles voltaram. O Peter odiou. Depois, ele finalmente gostou e inserimos no disco. Graças a Deus, sempre tivemos um ao outro para nos convencer de como podemos estar errados e certos.

 

Os quatro “L.B.”

Por falar em fluxo de consciência, alguns elementos apareceram de forma muito natural na letra, apesar de não muito clara. Um dos elementos que mais chama atenção dentre os vários versos escritos por Stipe são as aparições de quatro personagens da vida real que compartilham das iniciais L.B.

São eles: o maestro estadunidense Leonard Bernstein, o político soviético Leonid Brezhnev, o comediante Lenny Bruce e o influente jornalista e crítico musical Lester Bangs. Na época da composição, apenas Bernstein estava vivo.

Em uma entrevista concedida em 1990, Stipe disse que a ideia surgiu de um sonho que teve, em que estava em uma festa cercado por pessoas famosas que continham essas iniciais. Seguindo essa linha de raciocínio, nomes como Ludwig Beethoven e Lou Bega também poderiam ter integrado a letra, certo?

 

Bob Dylan

Uma das principais influências para a canção (e, é claro, para o mundo musical como o vemos hoje) foi Bob Dylan. Stipe chamava atenção para a maneira pela qual o lendário compositor cantava a canção “Subterranean Homesick Blues“.

De fato, a maneira como a voz se desenha sobre os instrumentos é bem semelhante. Compare abaixo:

 

24 horas em looping

Muita gente reclama que determinadas músicas tocam incessantemente nas rádios, seja por insistência do público que solicita a reprodução ou da própria rádio. Mas agora já pensou se uma rádio tocasse a mesma música durante um dia inteiro? Pois bem, isso aconteceu com “ITEOTWAWKI (AIFF!)”.

Intermediada apenas por alguns intervalos comerciais, a canção foi tocada durante 24 horas seguidas na “The End”, uma estação de Clevelend, em 1982. O objetivo foi introduzir o novo formato da rádio, que havia assado por uma reformulação. Em 1996, quando a estação passou por novas mudanças, aconteceu de novo: o hit do R.E.M. foi tocado por mais um dia inteiro.

 

O garoto do clipe e sua banda punk

O icônico clipe da faixa foi dirigido por James Herbert, e nos apresenta a um garoto que desvenda uma casa abandonada enquanto interage com os itens que encontra. Aparentemente, nada foi muito roteirizado, como já deixou claro o ator em questão Noah Ray.

Noah, por sinal, ingressou na carreira musical após terminar a escola. O nome de seu projeto é Music Hates You, uma banda punk formada em Setembro de 2001, na qual ele toca guitarra e canta. Na página do grupo no Facebook, eles se autoclassificam como “Rurnt Rock/Dirt Metal”. Interessante?

 

Atentado às torres gêmeas

Enquanto Noah dava os primeiros passos com sua recém-formada banda, o atentado às Torres Gêmeas assolava o mundo. E, diante deste momento de grande fatalidade e tristeza, associações com o fim do mundo foram uma constante. Neste momento, é claro que a canção do R.E.M. seria lembrada.

Pouco tempo após o acontecimento, “It’s the End of the World…” entrou para uma lista de músicas com conteúdo “liricamente questionável”, que a princípio deveriam ter sua reprodução limitada. O objetivo, segundo a Clear Channel Communications (agora iHeartMedia), era não causar dualidade ou brincadeiras de mal gosto com qualquer música tocada pelas rádios.

Dentre as 165 músicas da lista, também estão “Lucy in the Sky with Diamonds” (Beatles), “Aeroplane” (Red Hot Chili Peppers) e “Jump” (Van Halen).

 

De “Family Guy” a “O Galinho Chicken Little”

Apesar de uma letra nem um pouco simples de se entender, a frase-título/refrão da música é facilmente intuitiva, servindo como um prato de mão cheia para a construção de cenas em séries e filmes. Desde representação do pensamento do personagem de Adam Sandler na comédia “Juntos e Misturados” até a premonição de um acidente de Peter Griffin em Family Guy, a canção do R.E.M. foi utilizada diversas vezes ao longo dos anos, ganhando muito mais atenção do que a banda provavelmente pensou que ganharia.

Outro exemplo marcante foi utilização da faixa na animação “O Galinho Chicken Little“. Usada como trilha de fundo para a grande baralha final do filme, “ITEOTWAWKI (AIFF)” resume bem a mensagem que o protagonista tenta passar desde o início da história.

 

O “fim do mundo” de 2012

Mais um “end of the world as we know it”! Desta vez, foi com a previsão dos maias para um aparente fim do mundo no dia 21 de Dezembro de 2012. A época mostrou uma nova curva ascendente da faixa do R.E.M., tanto em termos de venda quanto de reprodução.

Na época, a rádio canadense X92.9 brincou em seu Twitter, dizendo que contabilizou a reprodução da faixa 156 vezes seguidas.

 

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