Alice Marcone
Foto: Divulgação

Ao aproveitar a onda do feminejo e do queernejo, Alice Marcone é a primeira mulher trans a cantar sertanejo no Brasil. Fazendo-se pioneira do gênero travanejo, ela estreia com o clipe da canção “Noite Quente”.

A multiartista traz na canção a fatídica sofrência amorosa embalada num ritmo arrocha pop. Mantendo a sofrência por amor e o empoderamento feminino como temas principais de suas composições, a ideia é falar de suas vivências de um modo que possa atingir tanto o público LGBTQIA+ quanto o público do sertanejo tradicional.

A canção também é uma amostra do EP de estreia, onde explora arranjos típicos do sertanejo universitário dialogando com timbres e ritmos do pop nas 5 faixas. Quem assina a produção é Fabrício Almeida, que foi músico de Rio Negro & Solimões por 10 anos. Atualmente, ele também trabalha com a produção do álbum de Gabeu, artista expoente do sertanejo LGBTQIA+ e que terá participação no segundo single de Alice.

Clipe de “Noite Quente”

A canção ganhou um clipe à altura.

Com a presença de Thomás Aquino, ator de Bacurau, o vídeo narra a história de um amor impossível a partir de uma ideia de libertação. Também com direção assinada pela Filmes da Diaba, a dupla Camila Maluhy e Octávio Tavares, a perspectiva do vídeo é focada no protagonismo de uma mulher trans, onde enfatiza a repetição de um encontro amoroso fadado ao sigilo, onde o abandono e a rejeição são marcas dentro dessa relação.

Com isso, seu par é representado por um lobisomem. Em noites de lua cheia, Alice e um homem misterioso, caracterizado por Thomás Aquino, um jovem cantor de sertanejo que se transforma nas noites de lua cheia em um lobisomem. Ela busca nesse homem algo real, e se encontram na floresta para consumar um amor proibido.

O lobisomem é a figura construída socialmente de um homem violento que não consegue calcular a dimensão de seus instintos. O desejo sexual violento e impessoal do homem cis se torna perigoso a partir de suas frustrações.

A ideia da figura folclórica também representa o homem que não é capaz de exercer os seus desejos de forma livre e à luz do dia, submetendo suas paixões à lugares de marginalidade e impessoalidade. A única forma de afeto que essa besta conhece para se relacionar é o sexo casual e as relações ocultas ou escondidas, que não são trazidas à luz do dia.Se envolver não é uma possibilidade.

Assim o filme enfatiza o ciclo vicioso de uma relação que acaba sempre com o nascer do dia. Alice vive cotidianamente uma relação destinada à solidão. Ao acordar e voltar para sua casa, na fronteira entre os dois mundos que habita, a floresta e a cidade, Alice realiza
pequenas ações como forma de se libertar desse ciclo.

Assista o clipe no player abaixo:

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